“A nova
agricultura do Algarve” palestra no rotary de Faro
Opinião
de João Leal
Promover uma interligação efetiva
do Mundo Rural e do Mar Algarvio com outros sectores regionais, nomeadamente o
Turismo, foi um dos caminhos apontados pelo Dr. Fernando Severino (Diretor
Regional da Agricultura e Pescas do Algarve – DRAPALG), na palestra “A nova
agricultura do Algarve”, promovida pelo Rotary Clube de Faro e que decorreu no
Auditório do Museu Municipal na capital regional.
Apresentado pelo Dr. Ilídio
Mestre, presidente dos rotários farenses, que referiu a importância do tema no
contexto regional e traçou a biografia do palestrante, licenciado em Economia
Agrária e Sociologia Rural, assistente convidado de várias universidades e que
desempenhou as funções de subdiretor da DRAPALG, de que é ora o primeiro
responsável.
O Dr. Fernando Severino, que
ilustrou a sua completa e elucidativa exposição com a projeção de diapositivos
referentes, afirmou que “a realidade da vida agrária algarvia é, hoje,
completamente diferente da de há alguns anos, apontando como objetivos da Direção
Regional que tutela: no regresso ao mundo rural, no rejuvenescimento e
fortalecimento do tecido agrícola e na reconquista do mar, modernizando e
inovando o sector das pescas”.
Tendo como fonte o INE
(Instituto nacional de Estatística) citou que no espaço de uma década
(1999-2019) a população agrícola algarvia conhecera uma quebra de 47 972
elementos para 29 207, analisando depois dois programas comunitários, citando
que o PRODER conhecera, a partir de 2010, uma nova gestão com um investimento
de 260 milhões de euros para um quinquénio em explorações agrícolas, com
destaque para 50% deste valor se destinar aos jovens agricultores e o PROMAR com
100 milhões de euros, evidenciando-se a aquacultura offshore e
que o aparecimento de 500 jovens agricultores fez com que o “Algarve fosse a
região onde este crescimento se fez sentir”. Citou depois os investimentos
realizados nos citrinos, frutos vermelhos, horticultura tradicional,
floricultura e plantas ornamentais, fruticultura, pomar tradicional –
alfarrobeira, figueira, olival, fruticultura de regadio, apicultura (nas
vertentes produtivas de mel, pólen e geleia, com 325 postos de trabalho, 15
milhões de investimento e a falta de associativismo), agro-indústria (adegas de
quinta, transformação de alfarroba, centrais citrícolas e hortícolas, etc).
Noticiou que o maior número de projetos cinegéticos apresentados ao PRODER no
país aconteceu no Algarve e referiu o dinamismo evidenciado por este programa
da União Europeia no interior da região, citando o facto de, no concelho de
Alcoutim, 42 jovens haverem tutelados 107 projectos com o valor de 7 milhões de
euros e que o mesmo, ao atingir 100% das verbas afectas expressa bem “um novo
empresário agrícola com elevado grau de formação académica”. Também no sector
do associativismo apontou igualmente a falta de uma organização de produtores
de tomate e da necessidade anual de mão de obra na agricultura que se expressa
em mais de 6 mil e novecentos postos de trabalho. “Portugal pode atingir a
auto-suficiência alimentar e reduzir as importações”, afirmou citando o
contributo do Algarve, no que às produções toca: citrinos- 62,4 milhões de
euros; frutos vermelhos – 30 milhões; meloa – 928 mil; tomates – 4,5 milhões;
alfarroba – 15 milhões; apicultura – 15 milhões; dióspiros – 3,8 milhões e
abacates – 3,2 milhões.
João Leal