Comércio
farense ensaia horário alargado a pensar no futuro
Lojas
abertas até à meia-noite, música, animação de rua e descontos: é assim que vão ser
as sextas-feiras na Baixa de
Faro, entre 8 de Julho e 26 de Agosto, na primeira edição do Baixa Street Fest.
O evento, que vai ter cerca de 80 estabelecimentos aderentes, entre lojas e
restauração, quer dar uma nova dinâmica ao comércio farense e vai funcionar
também como uma experiência de alargamento de horário, uma das soluções
identificadas para combater as grandes superfícies, com o IKEA “à cabeça”.
A iniciativa promovida pela
Câmara de Faro, Ambifaro, Associação do Comércio da Baixa, ACRAL e AHISA foi
lançada «para atrairmos mais pessoas e dar mais dinâmica ao comércio. São oito
sextas-feiras, onde o que se pretende é dar um horário mais alargado ao
comércio, havendo música, animação de rua e um passaporte, que guia os clientes
pelas lojas aderentes, e que dá um conjunto de benefícios a quem consumir na
Baixa», explicou Paulo Santos, vice-presidente da Câmara de Faro, na
apresentação do evento.
Para além de um desconto de
10%, há «uma série de incentivos para quem fizer compras, como entradas
gratuitas para vários equipamentos municipais, como os museus, as piscinas, ou
atividades no Centro Náutico. Há ainda a possibilidade de garantir descontos
para o Festival F, ou para espetáculos no Teatro das Figuras», acrescenta Paulo
Santos.
Não é só a Câmara que vai dar
incentivos a quem compra no Baixa Street Fest, também os comerciantes podem dar
as suas ofertas aos consumidores, porque «o passaporte também permitirá, por
parte dos comerciantes que entenderem, a atribuição de vouchers
com valores a ser descontados no mês de Novembro».
Este passaporte, que vai estar
à venda no Centro Interpretativo do Arco da Vila e em alguns dos
estabelecimentos aderentes, custa um euro, que reverte para uma IPSS do
concelho.
Apesar de o Baixa Street Fest
não ser uma resposta do comércio local ao centro comercial IKEA, que está a
nascer “às portas” de Faro, Paulo Santos diz que «esta ideia é um ensaio para o
alargamento de horário» do comércio farense porque «há a necessidade de afirmar
mais a baixa da cidade», tendo em conta a chegada da multinacional sueca e das
outras 200 lojas que estarão em funcionamento no próximo ano.
Esta estratégia é vista com
bons olhos por Álvaro Viegas, presidente da ACRAL, que diz que os restantes
municípios algarvios deviam replicar o exemplo farense. «A ACRAL lançou desafio
à AMAL e a primeira Câmara Municipal que “agarrou” este alerta que lançámos foi
a de Faro. Não se pretende que esta seja uma iniciativa para 2016, tem que
continuar em 2017, 2018, 2019. Esta é a única forma [de “lutar” com o IKEA].
Temos de conviver com a estrutura que aí vem, que é enorme. A decisão está
tomada e não vale a pena chorar sobre o leite derramado. Agora cabe-nos a nós
empresários, comerciantes, autarquias e associações, perceber qual a melhor
forma transformar aquilo que pode ser uma ameaça para o comércio local numa
oportunidade».
O aproveitamento da
oportunidade passa, segundo Álvaro Viegas, «pela alteração de várias coisas. Os
empresários têm que ir ao encontro daquilo que o consumidor quer e o consumidor
quer ter a oportunidade de comprar num horário diferente. Às vezes não é
de livre vontade, mas sim à força, que se tem de mudar aquilo que está estático
há muitas dezenas de anos. Não é possível continuarmos com um horário das 9h00
às 13h00 e das 15h00 às 19h00. É um horário de há 30 anos».
Álvaro Viegas faz
«um alerta para que restantes câmaras do Algarve olhem para o que está a
ser feito aqui e o repliquem, porque todo o Algarve vai sentir o efeito do
IKEA» e diz que «temos que conseguir que os muitos milhares de visitantes que
irão ao IKEA, venham às cidades de Faro, Olhão, São Brás, Albufeira…
Que não venham ao IKEA e saiam do Algarve».
Esta posição é secundada pelo presidente da Câmara de
Faro Rogério Bacalhau, para quem «o IKEA é um espaço que não vai
sobreviver só com os residentes. Se tiver só 400 mil visitantes por ano, que
são os residentes no Algarve, não vai sobreviver. Portanto virá muita
gente de fora. O desafio é aproveitar isso». E, para o autarca, as cidades têm
algo que os centros comerciais não podem oferecer «temos património, temos
gastronomia, cultura, eventos…», conclui.
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