quarta-feira, 29 de junho de 2016

FARO - BAIXA STREET FEST


Comércio farense ensaia horário alargado a pensar no futuro
Lojas abertas até à meia-noite, música, animação de rua e descontos: é assim que vão ser as sextas-feiras na Baixa de Faro, entre 8 de Julho e 26 de Agosto, na primeira edição do Baixa Street Fest. O evento, que vai ter cerca de 80 estabelecimentos aderentes, entre lojas e restauração, quer dar uma nova dinâmica ao comércio farense e vai funcionar também como uma experiência de alargamento de horário, uma das soluções identificadas para combater as grandes superfícies, com o IKEA “à cabeça”.
A iniciativa promovida pela Câmara de Faro, Ambifaro, Associação do Comércio da Baixa, ACRAL e AHISA foi lançada «para atrairmos mais pessoas e dar mais dinâmica ao comércio. São oito sextas-feiras, onde o que se pretende é dar um horário mais alargado ao comércio, havendo música, animação de rua e um passaporte, que guia os clientes pelas lojas aderentes, e que dá um conjunto de benefícios a quem consumir na Baixa», explicou Paulo Santos, vice-presidente da Câmara de Faro, na apresentação do evento.
Para além de um desconto de 10%, há «uma série de incentivos para quem fizer compras, como entradas gratuitas para vários equipamentos municipais, como os museus, as piscinas, ou atividades no Centro Náutico. Há ainda a possibilidade de garantir descontos para o Festival F, ou para espetáculos no Teatro das Figuras», acrescenta Paulo Santos.
Não é só a Câmara que vai dar incentivos a quem compra no Baixa Street Fest, também os comerciantes podem dar as suas ofertas aos consumidores, porque «o passaporte também permitirá, por parte dos comerciantes que entenderem, a atribuição de vouchers com valores a ser descontados no mês de Novembro».
Este passaporte, que vai estar à venda no Centro Interpretativo do Arco da Vila e em alguns dos estabelecimentos aderentes, custa um euro, que reverte para uma IPSS do concelho.
Apesar de o Baixa Street Fest não ser uma resposta do comércio local ao centro comercial IKEA, que está a nascer “às portas” de Faro, Paulo Santos diz que «esta ideia é um ensaio para o alargamento de horário» do comércio farense porque «há a necessidade de afirmar mais a baixa da cidade», tendo em conta a chegada da multinacional sueca e das outras 200 lojas que estarão em funcionamento no próximo ano.
Esta estratégia é vista com bons olhos por Álvaro Viegas, presidente da ACRAL, que diz que os restantes municípios algarvios deviam replicar o exemplo farense. «A ACRAL lançou desafio à AMAL e a primeira Câmara Municipal que “agarrou” este alerta que lançámos foi a de Faro. Não se pretende que esta seja uma iniciativa para 2016, tem que continuar em 2017, 2018, 2019. Esta é a única forma [de “lutar” com o IKEA]. Temos de conviver com a estrutura que aí vem, que é enorme. A decisão está tomada e não vale a pena chorar sobre o leite derramado. Agora cabe-nos a nós empresários, comerciantes, autarquias e associações, perceber qual a melhor forma transformar aquilo que pode ser uma ameaça para o comércio local numa oportunidade».
O aproveitamento da oportunidade passa, segundo Álvaro Viegas, «pela alteração de várias coisas. Os empresários têm que ir ao encontro daquilo que o consumidor quer e o consumidor quer ter a oportunidade de comprar num horário diferente. Às vezes não é de livre vontade, mas sim à força, que se tem de mudar aquilo que está estático há muitas dezenas de anos. Não é possível continuarmos com um horário das 9h00 às 13h00 e das 15h00 às 19h00. É um horário de há 30 anos».
Álvaro Viegas faz «um alerta para que restantes câmaras do Algarve olhem para o que está a ser feito aqui e o repliquem, porque todo o Algarve vai sentir o efeito do IKEA» e diz que «temos que conseguir que os muitos milhares de visitantes que irão ao IKEA, venham às cidades de Faro, Olhão, São Brás, Albufeira… Que não venham ao IKEA e saiam do Algarve».

Esta posição é secundada pelo presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau, para quem «o IKEA é um espaço que não vai sobreviver só com os residentes. Se tiver só 400 mil visitantes por ano, que são os residentes no Algarve, não vai sobreviver. Portanto virá muita gente de fora. O desafio é aproveitar isso». E, para o autarca, as cidades têm algo que os centros comerciais não podem oferecer «temos património, temos gastronomia, cultura, eventos…», conclui.

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