terça-feira, 4 de dezembro de 2018

ASSIM VAI O ENSINO


A escola, as crianças, e os professores
 
Encontrava-me casualmente numa rua perpendicular à Escola Joaquim Magalhães em Faro, e assisti a uma cena confrangedora.
Um pequeno grupo se crianças – quatro ou cinco – aproximava-se no sentido onde me encontrava.
Todas portadoras de mochila às costas.
Uma delas, com altura pela minha cintura, vinha a andar numa posição, quase de ângulo recto, para suportar o peso da sua mochila.
Abordei a criança para sentir o peso que trazia às costas. De imediato o grupo se manifestou, dizendo que à segunda-feira são obrigados a levar todos os livros, e o peso ( naturalmente já calculados pelos seus familiares ), chegava a atingir  14 (catorze) quilos.
Seguiram o seu caminho, a pequenita, em sentido figurado, parecia as aldeães do interior das serras, todas dobradas, transportando às costas os feixes de lenha para se aquecerem de inverno.
Fiquei pasmado e questionando-me, que professores e pais são estes que permitem esta autêntica barbaridade.
Que o ensino não está bem, sabemos.
Que os professores reivindicam condições de trabalho de excepção, sabemos.
Que os pais não têm tempo disponível para acompanhar a educação dos filhos, especialmente nas reuniões escolares, sabemos.
Que as crianças transportam em cima do dorso ( quais burros de carga ) uma arroba de livros à segunda-feira, fiquei sabendo.
Jorge Tavares
costeleta 1950/56