segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

BIFES E COSTELETAS TROCAM IDEIAS

(a nossa equipa de entendedores de amendoais; DCS, o 1º a esquerda)






“O NOSSO ALGARVE PERDIDO.... JAMAIS RECUPERADO”

Ao muito bem conseguido texto no

http://apcgorjeios.blogspot.com/

do bife ADOLFO PINTO CONTREIRAS, eu respondo com a palavra da realidade.


Os tempos modernos não se compadecem com a nostalgia do passado. Os amendoais floridos de janeiro e fevereiro escondiam um drama indémico das populações do barrocal.

Por detrás do manto rosa e branco haviam homens e mulheres vivendo miseravelmente, famílias inteiras roçando o espectro da fome. O fruto do seu trabalho, árduo, penoso ate' ao extremo não era compensado .E, não o era por uma razão simples, o produto neste caso a amêndoa não tinha valor comercial que justificasse uma maior compensação. Os amendoais era em 95% dos casos pequenas explorações familiares, muito repartidos e, muitas vezes distantes umas das outras.

As arvores em si requeriam muito pequena manutenção...um galho aqui outro ali a ter de ser podado.....a amendoeira subsistia com o alimento natural da terra e muito pouca ou nenhuma água. As chuvas de inverno chegavam-lhe.....Família alguma ou muito poucas podiam sobreviver dos frutos das amendoeiras e alfarrobeiras, estas as irmãs um pouco mais ricas mas sem a beleza dos mantos rosa e branco de que fala e enaltece o nosso amigo Adolfo na sua prosa fina e por mim inigualável.

Passado o tempo do 'varejo' e recolha e, os filhos dos donos dos amendoais, partiam do barrocal, muitas vezes de saco às costas para servir nas hortas mais a sul, também elas desaparecidas na sua maior parte ou, na construção civil ou, tinham mesmo acabado de chegar da 'ceifa' no alentejo para colaborar na apanha da amêndoa...

Tudo trabalho árduo de homens, mulheres e crianças, e' preciso dizê-lo. tisnados do sol brasador que não se comove ou abranda naqueles meses de junho a agosto que era quando tudo se desenrolava.

O aparecimento e desenvolvimento do turismo com todos os defeitos que tem, que os tem, principalmente por ter sido mal ou não planeado veio dar o golpe de misericórdia numa economia de subsistência se assim se pode dizer.

O cultivo da amendoeira transferiu-se para Traz-os-Montes, em boa hora, noutros moldes que, não poderiam ser aplicados no algarve com a mesma rentabilidade.

Parte do barrocal viu crescer laranjeiras. A laranjeira, requerendo uma maior manutenção, ocupa mais mão de obra, mais bem paga porque o produto ele mesmo tem mais valor acrescentado para quem a ele se dedicou.

A nostalgia não paga dividas, e de amor e agua fresca como diz o sábio povo não se vive.

Mas qual moira encantada...tenho saudades das amendoeiras em florUm abraço

DCS