quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

MEU TIPO INESQUECÍVEL

Paixão Pudim


…Há quase um ano!... No final de uma tarde de início de Verão!... Surge um telefonema de um amigo e eis a cruel e brutal notícia – o Franklin partiu!... Fiquei estarrecido, desolado e invadido por uma profunda tristeza.
Reagi com recordações saudosas e contemplativas. Tantas e tão boas!... as mesmas que me sensibilizaram no cemitério, em Tavira, durante o funeral. Foi comovente ouvir o João Leal evocar elogiosamente, através de palavras sentidas, o que foi a vivência e a amizade com o nosso grande amigo Franklin.
A grande aproximação de convivências que tive com o saudoso Franklin foi através da Mocidade Portuguesa. Fomos graduados em Comandantes de Castelo dessa escola de virtudes que nos ensinou a conviver, respeitar e competir desportivamente… melhor dizendo; - ensinou-nos bastante para o futuro da nossa formação de homens.
Sei que, com estas afirmações estou a contrariar uma jovem deputada farense que, em tempos, se referiu à Mocidade Portuguesa em termos depreciativos… o que lamento pela inverdade.
Mas, dizia-me o Franklin numa das últimas conversas que tive com ele: - Ela ainda não tinha nascido quando a Mocidade Portuguesa estava no auge!... Por isso, não conheceu minimamente nem pode avaliar o que foi essa instituição… e, muito menos, os valores que nos transmitiu.
O Franklin foi sempre um acérrimo defensor da M. P. e do desporto escolar. A propósito, um dia, fartou-se de rir quando fiz referência ao meu caso familiar.
- Dizia-lhe eu:
(1) – No nosso tempo praticávamos desporto a belo prazer. Com o andebol, basquetebol, futebol, ténis de mesa e atletismo ocupávamos os dias Sábado, manhãs de Domingo e, às vezes, tardes de 4ªs Feiras.
(2) – O meu filho que frequentava o Liceu em Lisboa nos anos de 1977/84, simplesmente, não teve nenhuma actividade desportiva.
(3) – O meu neto – 2007/2008… (e continua) para ter desporto, tem de pagar: - natação 40 €, futebol 30 € mensais.
Resumindo: eu tinha desporto à disposição, meu filho não teve nada e o meu neto para ter tem de pagar… Outros Tempos!... Exclamou o saudoso Franklin com aquela humildade que sempre o caracterizou, … deixando escapar um sorriso de contemplação e saudosismo bem revelador das boas recordações desportivas e confraternizadoras. O Franklin foi sempre um “Moço” puro, amigo do seu amigo… um companheiro formidável. Ele, eu e o Franco, formávamos o trio vencedor da prova de aptidão de graduados da M.P. do Sul do país. A vitória para a nossa escola, principalmente, sobre os “bifes” deixou-nos muito felizes e orgulhosos. Registámos diversas pontuações máximas com destaque para o Franklin, sempre muito empenhado inteligente e calmo. Tivemos acampamentos inesquecíveis. Lembro-me, certa vez, em Lagos – Praia da Luz… uma das tendas rasgou-se e foi necessário distribuir os elementos da outra equipa pelas restantes tendas. Ficou connosco o José Amâncio.
Acontece que as tendas previam só três elementos e, para quatro, teríamos que ficar deitados na largura (atravessados) … o que motivava ficarmos, os mais altos, com os pés de fora.
De madrugada acordei, sobressaltado, com os pés molhados e exclamei: - Franklin, acorda moço! – Está a chover!... Quando ele retorquiu: - Zé Paixão, deixa-te estar calado, “pá”!... Não está nada a chover. – Foram os cães da madame que andam por aí a brincar na praia, cheiraram a tenda e mijaram-te os pés… foi rir e mais rir até de manhã.
Sempre tivemos um salutar convívio, uma grande camaradagem e amizade que perdurou sempre. Ele agora está a descansar no acampamento final… o eterno!... a aguardar a chegada dos amigos… e, até lá resta sugerir aos que estão cá, que se faça uma prova de gratidão.
Por tudo o que ele fez no ensino e no desporto, tantas gerações, merece que a edilidade farense lhe faça uma homenagem atribuindo o nome de Franklin Marques, professor e amigo exemplar a uma rua da cidade.
Faço um apelo a todos os Costeletas, nas diversas áreas em que estão inseridos, para se manifestarem a favor desta causa.
O Franklin merece pela sua personalidade, por tudo de bom que nos deixou; … representa bem o expoente máximo de uma geração que contribuiu para o engrandecimento da cidade de Faro e das suas gentes.
Serás sempre “O MeuTipo Inesquecível”

Paixão Pudim
Recebido e colocado por Rogério Coelho
A lembrança aqui fica
A edilidade será sensível à sugestão do Paixão?