quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Encerra dia 12VINTE ANOS APÓS A SUA MORTE

«CHICO» ZAMBUJAL RECORDADO EM PECHÃO



Passadas duas décadas sobre a sua morte o Clube Oriental de Pechão, uma das mais ecléticas e dinâmicas colectividades algarvias, prestou uma significativa homenagem a esse sempre lembrado companheiro, costeleta acérrimo e um dos maiores caricaturistas portugueses de sempre, que foi Francisco Zambujal.
Assim promoveu uma exposição de grande número de trabalhos do nosso saudoso colega, propriedade de familiares do autor, focando figuras das mais diversas áreas, da nossa Escola ao desporto, da política ao Café «A Brasileira», do ensino às tertúlias, etc.
A exposição, que proporcionou o salutar ensejo de reapreciar-se a obra desse genial artista, foi inaugurada com uma sessão de homenagem, em que falaram o Presidente do Clube Oriental de Pechão, Wladimiro Carromba; o irmão do homenageado, o escritor, igualmente costeleta, Mário Zambujal e o autor deste apontamento, que destacaram quem foi e o que foi o saudoso «Chico Zambujal».
João Leal


NUNCA É TARDE PARA APRENDER: A "CAUSA GLORIOSA"

Robert Middlekauff, The Glorious Cause. The American Revolution, 1763-1789, Oxford History of the United States, 2005.

Este foi um dos melhores livros de história que li nos últimos tempos. Tive tanto gosto em lê-lo que continuo na Oxford History of the United States e estou a ler o livro de James McPherson sobre a guerra civil americana com idêntico prazer. O livro de Middlekauff é uma síntese notável de um momento igualmente notável da história, que encontrou um grupo de homens (e algumas mulheres) também notáveis, para fazer uma revolução que ainda hoje está longe de se extinguir nos seus efeitos. Os EUA são um dos casos de construção política que, depois de mais de dois séculos, continua a "funcionar" com base na "intenção" original. É um país com uma génese política voluntária, fruto de uma revolução cujos objectivos "patrióticos" colocavam o poder e a sua representação como o centro da revolta, e com um sistema político pensado a partir de uma reflexão séria sobre o que é "governar" em nome do "povo", sem correr o risco de despotismo. A Revolução Francesa conheceu muitas "ideias", mas o seu produto final, os Napoleões, o verdadeiro e o de imitação, eram, como "imperadores", uma cedência ao modelo político que a "canalha" tinha guilhotinado. A Revolução Americana começou "democrática" (claro que sem os indíos e os escravos) e acabou "democrática", e por isso o seu Cincinato acabou por ser Presidente e não Rei.

No livro de Middlekauff há três momentos: a revolta que culmina no Tea Party em Boston, a guerra entre os "patriotas" americanos e os ingleses e os "lealistas", e por fim os primeiros passos da construção dos EUA, assentes no frágil equilíbrio entre estados independentes de diferente dimensão e a necessidade de "consolidar um governo", que fosse o do conjunto do país. Destas três partes, a que me parece mais bem conseguida é a primeira, descrevendo como o conflito com o Parlamento inglês sobre os impostos, o "no taxation without representation", confrontou uma tradição de autogoverno local com um império britânico com que os americanos tinham um sentido de pertença cultural, mas ao qual perdem progressivamente o respeito político. A parte sobre a guerra da independência é igualmente bem conseguida, com Middlekauff a fazer uma excelente síntese quer dos momentos iniciais na frente norte, quer, depois, na frente sul das campanhas conduzidas por Nathanael Greene, em que quase nenhuma batalha foi ganha pelos americanos e a guerra foi perdida pelos ingleses. Por fim, já depois de seiscentas páginas, os capítulos sobre os debates constitucionais e o papel de homens como Madison, Adams, Jefferson, Hamilton, Franklin, mesmo Washington, sabem a menos do que os relatos anteriores, talvez porque a linha de história narrativa que Middlekauff segue para os eventos revolucionários se adapta menos aos debates teóricos dos "founding fathers".

Tirado da net,hoje ,no blogue "Abrupto" de José Pacheco Pereira.
No meu entender muito bem escrito e o primeiro passo para se comprêender a genese dos USA
Abraço
Diogo