sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010



GRANDES FIGURAS ALGARVIAS


De Alfredo Mingau

FILIPE FERRER

Muitas vezes o encontrei cumprimentei e conversámos na Rua de Santo António, em Faro, principalmente á noite, passeando com o seu grande amigo Rafael Correia autor do programa “Um lugar ao Sul”, programa património, de boa memória.

Luís Filipe Martins Lopes do Rosário (Nasceu em Faro, 25 de Agosto de 1936 – Faleceu em Lisboa, 26 de Junho de 2007), conhecido pelo pseudônimo Filipe Ferrer, foi um actor, cantor e encenador português.

Filipe Ferrer nasceu em Faro, tendo estudado no liceu da capital algarvia. Iniciou a sua carreira artística aos 13 anos no Colégio de Santo Tirso, onde estudou declamação e teatro, e mais tarde viajou para o Brasil, Paris e Londres.

De regresso a Portugal, a partir da década de 1980, participou em mais de 60 filmes para cinema, nomeadamente "Camarate" e "A Bomba" (ambos de 2001), entrou em 15 telenovelas e séries de televisão, como por exemplo "Casino Royal", "Médico de Família", "Repórter X" (1987), "Querido Lilás" (1987) ou "Bocage" (2006).

Realizou filmes publicitários e reportagens para a RTP, fez pelo menos 14 peças de teatro para palco e para televisão, como por exemplo "As Pestanas de Greta Garbo", um "one-man-show" original do artista "sobre a história secreta de alguns rapazes e raparigas" da sua geração, "nascidos em Portugal, em meados dos anos 30".

Foi director de vários grupos amadores de teatro e trabalhou como actor em companhias tão distintas como a Companhia Nacional de Teatro, Teatro do Nosso Tempo ou Casa da Comédia.

Faleceu no Hospital Curry Cabral, aos 70 anos de idade, vítima de doença prolongada.
IN Wikipédia
Recebido e colocado por RC

OS POETAS

Um poema, é uma forma de comunicar que contem algo de belo e sai da alma de quem os produz – os poetas. O poema tem que nos encantar, tem que nos dizer coisas que mexam connosco, que nos façam sorrir ou, inclusivamente, nos faça surgir uma lágrima na face.

A poesia, pode ser triste como uma noite fria de inverno, mas é sempre digna, apesar de, às vezes, ser mentirosa. Porque faz sonhar. Mas, apesar disso, é uma boa companheira. Foi António Nobre que disse a propósito do seu livro, o “Só”, tenham cuidado não vos faça mal que é o livro mais triste que há em Portugal.

Um poeta é tido como um escritor e tem uma missão a cumprir; tornar os seus leitores melhores pessoas. A poesia ajuda-nos a ver a vida por outra forma e se não nos faz feliz, pelo menos evita que sejamos infelizes, como disse Vargas Losa.

É uma forma de comunicação fortemente relacionado com a música; tem as suas raízes históricas nas letras de acompanhamento de peças musicais. Tal como na música, o ritmo, tem uma importância fulcral na poesia.

A poetisa Sophia de Mello Breyner fazia os seus poemas e declamava-os em simultâneo.

Os poetas cantam a vida. Como o poeta popular António Aleixo, que sendo mais ou menos analfabeto, cantou a vida em quadras lindas. Como esta: quem trabalha mata a fome/ não rouba o pão de ninguém/quem não ganha o pão que come/rouba sempre o pão de alguém.

A Maria José Fraqueza, o Casimiro de Brito, o Mário Zambujal, o Orlando Bica, o Augusto Silva, a Maria Romana e se calhar outros, são referências da poesia costeleta.

Espero que continuem.

Ab.

João Brito Sousa

Do romance

ONDE SOPRA O ARACATI


Aqueles homens partiam para os interiores selvagens sem olhar para os lados e para trás, ora em busca de pedras e metais preciosos, ora do gentio para escravizá-lo. Um, três, cinco, oito anos! Às vezes, esperava-se para nunca mais! Alguns se transformaram em lendas. Com o passar dos anos, rareavam. Ainda assim, pergunta-se: eram homens ideais? A quem interessava, se a coragem não valorizava a mulher além de sua condição servil?
Chapadões, serras, vales, florestas, litoral... onde estivesse o homem, anunciava-se a miscigenação miraculosa entre europeus, índios e negros, originando caldear consistente, caracterizado pela cultura antepassada multifária.
Primeiro, foi o encontro entre portugueses desasseados e índias. Eles não tomavam banho, lavavam as intimidades e ficavam por aí. Elas se banhavam de duas a três vezes por dia. Constituiu-se em raridade a cruza entre o índio e a mulher branca.
O português pioneiro, desqualificado e egresso da pior delinqüência, era rude, insensível, desumano, egoísta e cobiçoso. Outros tantos adjetivos se amontoariam, melhor definindo a espécie de gente que veio para as terras do Novo Mundo.
As índias eram livres para o amor. Esse relacionamento modificou as carcterísticas físicas e culturais da descendência. Surgia o filho das terras recém descobertas, virgens e expectadoras das ritualísticas tribais. Era uma geração nova traduzindo a mestiçagem indômita do Brasil embrionário, onde o macho decidia o destino dos grupamentos, como ação imperiosa da natureza mais determinadora.
A mulher paria e trabalhava. O índio pescava, caçava e guerreava. O português desbravava, colonizava, explorava e farejava riquezas; sua prole mameluca emergia do mundo aventureiro. Do futuro dessa gente, quantos sabiam? Ah, se advinhassem!
Bifurque-se o entendimento sobre a causa e natureza da opressão sofrida pela mulher. Muitas são desconhecidas; outras, óbvias. Não havia pior que o indígena no vezo de tratá-la com superna indiferença. Pouquíssimo como companheira, mãe de seus filhos, parceira na dor e na alegria. Se o homem branco rendia homenagens ao seu falo, subindo-lhe à cabeça os comemorativos afins, subjugando a mulher à intensidade de sua lascívia para, ao depois do prazer, mantê-la ainda disponível ao seu lado como companheira, mãe e mantenedora do lar e da educação dos filhos, o indígena, a seu turno, fazia a mesma operação, só que rendendo tributo ao tacape, com desprezo à fêmea após o êxtase. Contraditoriamente, as rudes experiências do gentio foram de enorme validade, pois nada mesquinhas à liberação da fêmea, transformando a história numa aventura de libertação feminil.
Se a protagonização e o patrocínio dos portugueses fossem algo exclusivo na encenação dos fatos e acontecimentos, a História mostraria resultados muito diversos. Com o português, o sentimento de posse sobre a mulher obrigava-a ao conviver monogâmico. É verdade que nunca se traiu tanto; quem pensar o contrário, recorra à história e encontrará lares tomados de choramingos e reclamos. Os homens lançavam-se nas mais variadas empreitadas, tantas vezes sucumbindo em favor das grandes descobertas. Deixavam suas jovens esposas sob esperas indefinidas. O homem branco não se liberava da tradição egocêntrica no que tangia à posse irresoluta da mulher. Quando à índia, mantinha-se ela ao alcance da lascívia do aventureiro português. O índio não mastigava mesquinharias como as cunhadas pela civilização européia. Entregava-se ao sentido procriador das relações.
Em algum lugar da alma sertaneja remanescem singularidades dos preadores de bugres, coabitando com a doçura, a ingenuidade e a selvageria do gentio.
Na comunidade indígena, primeiro o homem. A mulher encarnava a submissão; aquele cultivava o hábito da liberdade. A mãe era babá e ama de leite. Nutria o filho, que atendia aos predicativos e circunstâncias ditadas pelo pai. Ela não influenciava na criação.
O índio era apático em relação à mulher, no momento da divisão do pão. A exceção revelava-se quando o objeto da doação se referisse à libido.
Nos rituais antropofágicos, outorgava-se à mulher o pesado da lida. No descambar da subsistência canibalesca, aos homens, como aos leões, privilegiavam-se as primeiras porções, com o desfrute dos melhores nacos da carne moqueada. Também eram homens, esses inconfundíveis da raça!
Morto o marido, a índia casava com o cunhado, que a escravizava e desconsiderava sua honradez. Nessa trilha, amamentava o filho até após completar quatro anos. Depois, o menino deixava-a e seguia o pai no aprendizado das artes do arco, dos escudos de couro de anta, do tacape, da esgaravatana, do fojo, do mundéu ou arapuca, das bolas e tantas quantas existissem no grupamento tribal a que pertencesse, visando a guerra, a caça e a pesca.
As mulheres idosas preparavam farinhas, venenos e bebidas fermentadas, como o aypy-y, licor de aipim; o auaty-y, , licor de milho; o caju-y,, licor de caju; o janipa-y, licor de jenipapo; o pacova-y, , licor de banana. As bebidas recebiam o nome genérico de caju-y. Os europeus alteraram tal referência para cauim. As velhas índias facilitavam a fermentação das raízes e frutas, mastigando-as.
O pai dava nome à criança, que podia ser de uma árvore, um animal ou uma ave. Crescida, ela escolheria o nome de guerra definitivo conquistado nos combates. Essa troca encerrava a simbologia do merecimento, sem o qual o índio permaneceria com o nome original até a morte.
Eram muitos os encargos da mulher. Os homens caçavam, pescavam, construíam as malocas, protegiam a tribo e guerreavam. Elas teciam redes e cordas de embira ou algodão; moqueavam a caça e o peixe; limpavam cadáveres humanos nos festins antropofágicos; reduziam peixes a pó para melhor conservá-los; fabricavam utensílios domésticos, como talhas, vasos de barro, cuias, cestas e balaios de palha, peneiros, igaçabas, tipitis, canastras de junco, patiguás, jamaxis; produziam farinha de mandioca. Na agricultura, os homens limitavam-se a roçar o mato, enquanto a mulher plantava, cuidava e colhia os principais alimentos da subsistência, como mandioca, milho, cará e feijão. Nas matas, elas transportavam provisões e outros objetos.
Executado o inimigo, competia às índias idosas limpar o cadáver e prepará-lo para o banquete. Dele participavam aliados e membros da tribo. Fosse pouca a carne para atender os partícipes da comilança, destinavam parte dela à preparação de caldos e sopas, onde colocavam os ossos, de modo que todos comessem. Outra vez, convocava-se a mulher para o preparo da iguaria.
A antropofagia era solenidade concorrida. Nela se destacava a coragem do prisioneiro diante de sua breve execução. Amarrado, afrontava os executores, dizendo-lhes que seus companheiros o vingariam e que também já comera muitos inimigos. A bravura dos sentenciados à morte transmitia força aos vitoriosos para enfrentar futuras eventuais derrotas, não recuando nos confrontos. Os índios não gostavam de medrosos e covardes. Acreditavam que lhes eram transmitidas essas qualidades, ao se banquetearem com sua carne.
Quando não submetiam o prisioneiro ao ritual do sacrifício de imediato, levavam-no a aguardar a ocasião em local próprio. Ali, o inimigo recebia bom tratamento. Destinavam-lhe uma mulher para acompanhá-lo. Advertiam-na, porém, para não se apegar ao prisioneiro.
A vantagem de ser mulher era escapar da culinária inimiga. Mantinham-na escrava. Durante o tráfico de escravos indígenas, vendiam-nas por ninharia. Valiam insignificância, embora representassem mão-de-obra importante.
São apontamentos de fatos e acontecimentos apurados pelos idos de mil, quinhentos e poucos, quando os conquistadores espanhóis, para as bandas do pacífico e dos andes, alimentavam seus cachorros com carne de índio, segundo afirmava o Frei Bartholomeu de Las Casas. Matavam-nos e faziam postas, como se se tratassem de bichos do mato.
Os costumes transmudaram-se, plantando-se a semente da civilização nas serras, vales, campos, areias e oceano. Forjava-se um povo mais-que-perfeito, lavrador de liberdades, repugnando os anos de subserviência, dor e desrespeito, sentenciando que no Ceará não tem disso não!
Mudanças profundas. Deu-se caldeamento gerador de mulheres fortes, decididas, tuxauas! A "Capitania do Siará" de 1535 ficara para trás.

da autoria de
Antonio Kleber Mathias Netto


Saudações Costeletas
António Encarnação


UM PEQUENO TEXTO

OS ESCRITORES


Escrever é um acto solitário, E de sofrimento também Frente a frente, o autor e o papel, as ideias, o plano da obra e o livro acaba por sair. Nesse dia há um misto de contentamento e dor. Contentamento porque a obra foi concluída; dor, porque a mesma vai começar a enfrentar as dificuldades da caminhada, que, por vezes é muito difícil.

Para se escrever um livro, precisamos de possuir bons conhecimentos sobre muita coisa, sobretudo acerca da matéria que queremos abordar. Mas além desse saber, há que seleccionar os objectivos da obra, saber onde queremos chegar e outras coisas mais.

Um dia perguntei a um escritor como é que se chegava a escritor. A resposta foi, treinando muito. E eu acrescentaria, lendo muito, também

Quando se escreve, há uma motivação para o fazer e a pessoa que escreve sente-se realizada nesse campo. Ser escritor é uma profissão que enobrece quem tem esse desempenho. Porque o escritor ensina e tem no horizonte tornar o mundo melhor. É esse o seu contributo, como disse Vergílio Ferreira.

Escritor, é aquele que escrevendo prosa ou poesia, faz do leitor um homem melhor.

Os poetas ou os homens da expressão dos sentimentos, escrevem aquilo que sentem. Um poema é uma maneira bonita e agradável de transmitir uma ideia tornando o texto belo.

Escrever um poema é simultaneamente compensador e divertido. Um poema deve conter musicalidade, sonoridade e sobretudo mensagem. Escrever é uma forma artística de estar e exige uma aprendizagem constante. E desenvolve o lado espiritual de quem o faz.

Um escritor vê o mundo de forma diferente, observa melhor as injustiças que proliferam à sua volta e denuncia-las. Os poetas cantam o amor à vida, são mais sensíveis e dizem mais com menos palavras.

A escrita, como arte que é, tem evoluído muito nos últimos anos. Há mais gente a escrever o que não significa mais qualidade. Mas as pessoas pensam mais. Poderá ser um bom indicador para se conseguir uma sociedade melhor.

O escritor é uma pessoa polémica, que procura entrar no coração dos outros, com as suas histórias, levando-as a discutir consigo próprias os contornos da vida. O amor e os desgostos de amor também. Os conflitos que surgem no dia a dia, a razão … tudo isso.

Obviamente.
João Brito Sousa