sexta-feira, 19 de março de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO

Dia do Pai

O ruído existente à volta dos media e dos jornalistas, tem ocupado parte da minha leitura dos periódicos e semanários, dada a importância real, ou virtual, deste tema que tem dominado a sociedade portuguesa, provocando discussões, animosidades, ataques e defesas, excelentes comentários e argumentos, mas também tem avivado a existência de muito ódio acumulado.
A liberdade da comunicação social é um factor indelével em qualquer sociedade democrática, embora sempre em plano de igualdade com a responsabilização dos seus intervenientes.
Perguntará o leitor que ligação terá esta introdução com o título do texto.
Recebi grandes ensinamentos do meu pai, apesar da sua mentalidade caracterizada pela forma como os pais do nosso tempo, entendiam a sua relação com os filhos.
Por volta dos meus oito anos de idade (frequentava a terceira classe), o meu pai, nas suas vindas a casa - era embarcado da Marinha Mercante - gostava de me levar ao café, quando se deslocava à baixa da cidade.
Frequentava ao tempo o Café Aliança, e como era hábito na altura, aí conviviam muitos homens, porque as senhoras não frequentavam tal sítio.
Chegava, comprava o jornal (se a memória não me atraiçoa "O Século") e depois de se sentar à mesa, dizia com orgulho para os seus companheiros de convívio: Querem saber as últimas notícias? O meu filho lê em voz alta, porque já o faz com bastante facilidade. Iniciava então a leitura para todos ouvirem, o que também dava muito jeito a alguns que teriam muita dificuldade em fazê-lo sozinhos.
Esta atitude do meu pai serviu de grande ensinamento, para o meu futuro como consumidor de jornais. Naquele mesmo café, durante muitos anos estiveram sempre reservados em meu nome, periódicos de referência - Diário de Lisboa e República - até à sua lamentável extinção.
Hoje que se comemora o Dia de S. José, vulgarmente conhecido como Dia do Pai, homenageio o meu pai pelo que me proporcionou, e aproveito para fazê-lo também a grandes nomes do jornalismo que passaram pelos referidos jornais, e que hoje lamentariam, por certo, o nível indecorável a que chegaram alguns elementos dessa tão bela profissão.
Não posso terminar sem lembrar que hoje foi agraciado pelo Governo Francês com a Insígnia de Oficial de Artes e Letras, CARLOS PINTO COELHO, o jornalista português tão esquecido e maltratado em Portugal e pelos seus pares.

jorge tavares
costeleta 1950/56