domingo, 7 de março de 2010


A FEIRA DO CARMO

Em meados do século XX o calendário tinha 5 meses com denominação especial no concelho de Faro , eram os meses de S. João , Natal , Carmo , Feira de Faro , e S. Martinho .
O mês de S. João conhecido também em outros locais pelo mês dos Santos populares é o mês de Junho , até que o Feriado da cidade era precisamente a 24 de Junho .

Já os meses de Carmo e Feira de Faro ( Julho e Outubro , por exemplo eu nasci no mès do Carmo ) marcavam o calendário Agrícola , porque sendo o Primeiro no Final das Culturas agricolas de Inverno com destaque da Batata e trigo este , destinado ao pão do consumo familiar, era o mês em que no dia 16 os Rendeiros das hortas tinha de Pagar a Primeira Prestação das rendas dos terrenos aos Proprietários dos mesmos .
A segunda prestação era paga no dia 20 de Outubro , geralmente já no fim das colheitas de regadío em destaque a maior produção era o Milho e outras consideradas de sobrevivência como feijão , batata doce e batata de Outono em que falavam ser para a matança do Porco .

A importância do São Martinho o dia da Prova do Vinho novo , estava ligado ao Início do Inverno e á época em que os rebuscadores podiam livremente apanhar as amêndoas e alfarrobas que tinham ficado no solo junto ás árvores ( prática já desaparecida ).
Na cidade também as crianças faziam pequenos andores onde metiam outra de poucos anos e iam de porta em porta cantando S. Martinho do Lapa venha o larapa ??? São Martinho do Vinho venha um copinho , em troca de algumas moedas ou guloseimas

Localizava-se a Feira do Carmo em frente á Escola primária com o mesmo Nome e ia até quase ao Largo de São Pedro , junto á Rua Aboim Ascensção ficava um carrocel no lado contrário ao da escola , não existiam ainda os prédios da Metal farense e o outro ao lado . ( deduzo que foi criada por influência religiosa )
As frutas na generalidades vendidas na traseira da Igreja, enquanto existiam as barracas de produtos diversificados dentro dos limites da Feira .

Assim como a feira de Faro também tinha a denominada " corredora "ou seja feira Pecuária . que se localizava junto ao cemitério dos judeus ,
Na época em que a maioria dos transportes e serviços agrícolas era por tração animal estes , tinham de ser substituídos assim como actualmente acontece com os transportes auto .

A malta da Escola estava já em férias e aqueles que temporariamente residiam em quartos na cidade tinham voltado as suas terras , mas os que moravam na cidade e arredores faziam seus encontros na Feira onde não deixavam de tomar o Capilé vendido nas barraquinhas ao lado direito da Feira , assim como provocar as meninas .
Isto aos fins da tarde até que no resto do dia a praia de Faro era um dos destinos mais procurados .

Desconheço a época em que terminou a feira , mas para a maioria dos Costeletas é uma recordação da cidade que ainda perdura .

Saudações Costeletas
António Encarnação

2 comentários:

  1. OLÁ A. ENCARNAÇÃO
    UM ABRAÇO.
    RECORDO-ME PERFEITAMENTE DA
    FEIRA DO CARMO, REALIZADA NO
    LARGO AINDA EM TERRA BATIDA E
    QUE SE ESTENDIA POR TODO O
    ESPAÇO E RUAS ENVOLVENTES.
    ERA TAMBÉM CONHECIDA PELA
    POPULAÇÃO COMO "A FEIRA DAS CEBO-
    LAS",POR NELA SE VENDEREM GRANDES
    QUANTIDADES DESTE PRODUTO.
    FUI LÁ MUITAS VEZES FAZER COM-
    PRAS COM O MEU PAI, APROVEITANDO
    TAMBÉM PARA COMPRAR UM OU DOIS
    GARRAFÕES DE VINHO NA ADEGA DO
    JOÃO PIRES.
    O VINHO ERA COMPRADO NA REGIÃO
    DO PINHAL NOVO E VINHA DE COM-
    BOIO ATÉ FARO, ONDE CARROÇAS
    DE TRACÇÃO ANIMAL, COM CORRENTES
    DE FERRO NA PARTE INFERIOR
    CINGIAM O TONEIS.
    NESSA ÉPOCA AINDA O BOM VINHO
    DE LAGOA E FUZETA NÃO ERA CONHE-
    CIDO.
    A CORREDOURA ERA TAMBÉM UMA
    ATRACÇÃO DA RAPAZIADA, ONDE OS
    CIGANOS CONSEGUIAM DAR VIDA E
    VENDER BURROS QUÁSI A MORRER DE
    PÉ !!
    PARA CONVENCER OS COMPRA-
    DORES DAVAM UMA PALMADA NO
    ANIMAL COM UM ALFINETE
    OCULTO ENTRE OS DEDOS E O BURRO
    ATIRAVA LOGO COM OS TRAZEIROS AO
    AR. A MALTA DELIRAVA COM ISTO.
    VIVI ESTES MOMENTOS NO FINAL
    DOS ANOS TRINTA, PRINCÍPIOS DA
    DÉCADA DE QUARENTA E TENHO AINDA
    NA MEMÓRIA BONS EPISÓDIOS DESSE
    TEMPO.
    ENCARNAÇÃO. TRAGA-NOS MAIS
    COISAS.
    É RECONFORTANTE RECORDAR A
    NOSSA JUVENTUDE.

    UM ABRAÇO DO MAURICIO DOMINGUES

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  2. Há por todo o lado muitas tradições e costumes que se vão perdendo e que não constam na net. Vejamos esta, antes da decada de 1970, as amêndoas,alfarrobas,figos,uvas e azeitonas eram as principais fotes economicas do Algarve e havia um habito no qual se os proprietarios não apanhassem as amêndoas, alfarrabas, figos e uvas até 29 de setembro dia de São Miguel, as pessoas particulares podiam ir às quintas e propriedades apanhar osfrutos que ficavam, a essa atividade chamava-se ir ao rebusco ou rebusca. Porém esta atividade parece que tinha outro nome que eu não lembro, mas lembro-me bem que os fazendeiros tinham um cuidado especial de apanhar tudo até ao dia de São Miguel pq depois vinham os rebuscadores.

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