terça-feira, 6 de abril de 2010

TEMA: - POEMAS DE AMIGOS COSTELETAS

QUEM SOU EU

Eu sou caminho
Sem ter abrigo
Sem um carinho
Não faz sentido.

Eu sou janela
Sem cortinado
Passa por ela
O sol dourado.

Eu sou escada
Sem corrimão
Não tenho nada
Na minha mão.

Eu sou a flor
Sem ter jardim
Porque o amor
Não é para mim.

Eu sou carinho
Sem ter esperança
Coraçãozinho
Feito criança.

Eu sou objecto
Já esquecido
Sonho discreto
Não colorido.

Eu sou candeia
Não tenho luz
A noite é feia
Não me seduz.

Eu sou Outono
Folha caída
Coisa sem dono
Tara perdida.

Eu sou cansaço
Sem agonia
Descanso o braço
No fim do dia.

Eu sou a água
Que vai correndo
Levando a mágoa
Sem um lamento.

Eu sou menina
Sem ter idade
O que domina
É a saudade.

Sou passarinho
De asa quebrada
Caio do ninho
Não resta nada.

Não sei quem sou
Pobre mortal
Deus me dotou
Sou sempre igual.

IN !ALCABIDECHE No Sabor dos Versos Meus”
De Isolina Alves dos Santos
(Uma amiga Costeleta – enviado por Maurício Domingues)

TEMA: - CRÓNICA


O QUADRO DA SALA DE ESTAR

Sentei-me numa cadeira da sala de estar, debrucei-me sobre a mesa e apoiei a ca Beça entre as duas mãos; depois fixei atentamente, uma folha de papel e uma esferográfica que se encontrava junto dela.
Mas nada vinha à minha mente! De repente, olhei a parede branca, que estava em frente e, dependurada nela, uma enorme tela, que apresentava um magnífico cenário, alusivo à natureza.
Embora fosse uma pintura, por isso, estática, dava a impressão de ter vida; as cores eram tão reais!...
Pelos montes e vales corria a água, com alguma força, para os riachos que, espumando, dava a impressão de cascata e onde se misturava uma grande variedade de pequenas pedras.
A paisagem era exuberante, entre os espaços abertos das árvores, o sol teimava em brilhar, dando uma tonalidade muito especial, ao ambiente; o terreno húmido, de cor castanho mais claro, mais escuro; o firmamento de um azul, levemente esbatido; densas nuvens estavam a anunciar a chuva, que se aproximava; ainda carreiros bastante estreitos, que mal davam para caminhar lado a lado; lá, muito ao longe, a perder de vista, um rebanho, que pastava calmamente,
O cenário transmitia, através de uma imagem, uma Estação intermédia; o dia declinava…
Este quadro que, há tantos anos se mantinha nesta sala e sempre no mesmo lugar, foi visto, duma forma diferente, por mim, naquele momento!... Inspirada, transpus para a folha de papel, em branco, toda aquela maravilha!...
Uma pintura repleta de beleza!... Que, só um pintor, muito sensível, à criação Divina, podia representar em pleno, numa tela, a autenticidade da bucólica paisagem…
1º Lugar internacional
De Maria Romana da Costa Lopes Rosa

TEMA: - PROSA



NUM PASSEIO À BEIRA MAR

Um indivíduo de Monte Gordo ao passear junta praia, vem uma onda que lhe molha os sapatos. Este indignado com o sucedido, mas aina sem perder a calma, volta-se para o mar e diz:
- Brinca, brinca que vais ver o que te “assucede!”
E continua o seu passeio à beira mar e após ter andado mais uns metros ao longo da praia, uma nova onda ainda mais forte, molha ainda mais os sapatos.
- Ai, ai, ai… tem cautela com a brincadeira, já molhaste os sapatos, os cordões e os peúgos!.
E continuou o seu percurso matinal… e novamente uma terceira onda acaba por lhe molhar os sapatos de tal maneira que até as calças não escaparam!
Então o homem, abre os braços ao céu, olhando o mar e as ondas fortes que beijavam a orla costeira, praqueja:
. Ah! Deus! Ó mar marafado! Ó onda rebelde!
- Rogava-te já uma praga, se não fosse por amor à navegação, te bebia só de um trago!

IN “PRAGAS ALGARVIAS”
De Maria José Fraqueza

TEMA: - POESIA

CAIS DE SONHOS

Junto ao real abraça-nos a quimera
Para se chegar ao porto mais seguro;
No mar da vida o sonho é o futuro…
Onde aves azuis estão â nossa espera.

Que venham sonhos de Primavera!
De esperança, de ar mais puro…
Vindos do vento. quiçá, num murmuro
Dum cais onde não se desespera.

E eis que ao longe vem surgindo…
Entre as brumas que se vão abrindo,
Velas enfumadas nos mastros dum convés;

Que cheguem em bem ao mar da vida,
Cortando brumas e vagas de vencida
- Uma após uma, de cada vez.

IN”FLORES E FOLHAS DE MIM”
De Orlando Augusto da Silva

TEMA: - POESIA

ILUSÃO

Pondo-se em bicos de pé,
Com um ar todo impante,
Está convencido até,
De como é importante!

Lá vai o Sr. Vaidade,
Todo empertigado e pimpão,
Entre muitos não é raridade,
Perdida entre a multidão!

Mas ouve em tom petulante,
Dizer-lhe em ar de chalaça,
Como vai Sr. pedante?
Com o tempo isso passa!

Com o tempo isso vai passar,
Passa mesmo – grita a multidão,
A vida o vai ensinar,
Tudo passa – tudo é ilusão!

IN “POESIAS DESTE TEMPO”
De Manuel Inocêncio da Costa