quarta-feira, 27 de abril de 2011


GÉNIO, TALENTO e CELEBRIDADE

Por João Brito Sousa

Shakespeare caberá dentro deste título porque conseguiu tudo isso. Aconteceu a mais alguns, mas poucos. Génio e talento podem colocar pessoas que possuam tais atributos no caminho da celebridade. Para se chegar aqui, é preciso muito trabalho e, como dizia Leonardo da Vinci, tal mérito deverá ser reconhecido por individualidades que disponham de capacidades intelectuais suficientes e credíveis para tal.
A existência num ser humano, de vários elementos intelectuais (mais do que um) seria um bom ponto de partida para chegar à celebridade. Em minha opinião, génio e talento, quase se confundem, ou seja, não há génio sem talento e o talento poderá contribuir para o aparecimento do génio.
Génio será, digamos assim, uma especialidade da inteligência aplicada num determinado campo específico, onde as qualidades excepcionais de um indivíduo se colocam à disposição de resolução, com êxito, de determinada matéria.
Todavia, a maior parte das conquistas científicas que têm contribuído para a evolução da humanidade, têm por base a inteligência humana e situam-se no campo da investigação, podendo os resultados obtidos conduzir à celebridade È o caso de Christian Barnard, que foi o primeiro cirurgião a realizar um transplante de coração. Barnard foi um estudante extremamente dedicado na Escola de Medicina da Universidade do Cabo na África do Sul, no início da década de 1940. Esteve nos Estados Unidos, onde assistiu a um dos melhores cardiologistas da América, Walton Lilliehei tendo realizado na década de 1960 várias experiências com cães, até que outro cirurgião americano, Walter Shumway anunciou sua intenção de fazer um transplante do coração humano. Barnard adiantou-se e, em 3 de Dezembro de 1967, realizou a primeira operação do género. O paciente morreu em poucos dias, mas o do segundo transplante viveu 594 dias após a operação.
Com estes trabalhos, ganhou celebridade, não só pela novidade dos mesmos, mas também pelo grau de dificuldade que teve de enfrentar. E pela ousadia, pelo treino, pelo empenho, pelo rigor e disciplina colocados ao serviço duma causa nobre.
Um homem que pudesse ter em si próprio, em certo grau, génio, talento e inteligência, estaria preparado para produzir impacto no seu tempo pela sua inteligência, na sua época pelo seu talento e na generalidade dos futuros tempos e épocas pelo seu génio, diz Fernando Pessoa, ele próprio um génio.
Já agora, genial foi também a acordeonista Eugénia Lima, que tocava duas músicas diferentes ao mesmo tempo. Genial é o completo domínio das coisas. Mas é preciso ter talento. E grande.
A celebridade vem depois.

jbritosousa@sapo.pt