sexta-feira, 2 de maio de 2014

POSTAL ILUSTRADO


FARO - ANOS 30
Avenida da República 


Pesquisa e colocação de
Rogério Coelho


POESIA

Da Costeleta Lutilia Gonçalves Rocha recebemos o poema que transcrevemos:


PORTIMÃO


Ó cidade menina
Amar-te, quem não há-de?
Tão fresca e ladina
À beira do Arade.

Conta a lenda que esta água
Que o rio leva a Portimão
Tem um sabor a mágoa
Que perturba o coração.

São lágrimas de princesa
Mantida em cativeiro
Aguarela de tristeza
Sob véus de nevoeiro.

Há gaivotas pelos ares
No velho cais de Portimão
As traineiras saem aos pares
Nos sonhos que já lá vão.

Turistas, são o sorriso
Neste novo ganha pão
Tudo isto é preciso
P’ra viver em Portimão.

As casas velhinhas estão
Bem no centro da cidade
Têm beleza e os tempos hão
Deixado marcas de saudade.

Hoje o sonho é construção
De hotéis e similares
P’ra trás fica a tradição
Multiplicam-se os andares.

Mas o sol inda espreita
Tais casas com vaidade
Beija a rua estreita
Já vencida p’la idade.

Mas as largas avenidas
Desta tão bela cidade
Têm as margens coloridas
De cheirinho a mocidade.

Ó cidade cachopa
Meu poema de brincar
Cantinho da Europa
Dormindo à beira-mar.



Lutília

Colocado por
Rogério Coelho

UM BOM COLABORADOR À CASA TORNA


Do amigo, Costeleta e colaborador António Viegas Palmeiro recebemos, agradecemos, e passamos a transcrever na íntegra:

Caro amigo Rogério


Foi com surpresa que recebi a notícia da reabertura do blog.  Surpresa, que, como não podia deixar de ser, deu lugar à alegria.
Concluí depois que a minha reacção se deveu acima de tudo, à constatação da prevalência do bom senso, mas principalmente  da amizade.
Sem nada  preparado  para  publicação,  quero  aqui  deixar  bem  expresso o meu desejo de que  esta  nova  fase  tenha  todo  o sucesso que o blog e os seus mentores merecem.
Embora,  como  disse  anteriormente  sem  nada  preparado,  não quero  deixar de enviar um texto (que mais parece um poema) do meu poeta preferido,  Vinícius de Moraes,


António V. R. Palmeiro



Se eu morrer antes de você, faça-me um favor

Se eu morrer  antes  de  você, faça-me  um  favor.  Chore  o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver-me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria.

Se alguns amigos  contarem  algum  facto  a  meu respeito,  ouça e acrescente a sua versão.     Se  me  elogiarem  demais,  corrija  o  exagero.  Se me criticarem demais,  defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um  pouco  de  santo,  mas  estava  longe  de  ser   o  santo  que  me  pintam.  Se me quiserem fazer um demónio,  mostre  que  eu  talvez tivesse um pouco  de demónio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo.  Se  falarem  mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles.

Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus  e  eu ouvirei.  Espero  estar com Ele o suficiente para continuar  sendo  útil   a você,  lá onde estiver.  E  se tiver vontade  de escrever alguma coisa sobre mim, diga  apenas  uma  frase:  “ Foi  meu amigo, acreditou em mim  e quis-me mais perto de Deus !”  Aí então derrame  uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la ,  mas não faz mal. Outros  amigos farão isso no meu lugar . E,  vendo-me  bem substituído,  irei cuidar de minha nova tarefa no  céu.  Mas de  vez  em quando,  dê uma  espiadinha  na direcção  de Deus. Você n ão me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai,  aí,  sem  nenhum véu  a  separar  a  gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele.

Você acredita  nessas  coisas?  Sim?  Então  ore  para  que  nós  dois  vivamos como quem   sabe  que  vai  morrer  um  dia, e  que  morramos  como  quem  soube  viver direito.   Amizade  só  faz  sentido  se  traz  o  céu  para  mais  perto  da  gente,  e se inaugura aqui  mesmo  o  seu  começo.  Eu  não  vou estranhar o céu. Sabe porquê? Porque ser seu amigo já é um pedaço dele!

Observação importante:
Conheço este texto há  muitos anos e  sempre  me  lembro  de  ter  atribuído a sua autoria a Vinícius.  Agora  depois  de  o  passar fui confirmar e fiquei com muitas dúvidas.
- Há quem o considere de autor desconhecido.
- Há  quem  ache  que  o  texto  foi  psicografado   por  Chico  Xavier  (ou seja que envolve a espiritualidade).
- Há ainda quem lhe atribua outras origens
Seja quem for o autor não é importante. O fundamental é a mensagem e essa está aí.


António V. R. Palmeiro

Colocado por
Rogério Coelho