Acuda-se à doca
A doca, à beira cidade plantada, é, ou deveria sê-lo uma das grandes
referências urbanísticas e atractivas da capital sulina. Nascida da implantação
dos caminhos de ferro, nos finais do século XIX, por via da construção do
aterro condicionante das águas da Ria Formosa que vinham até à Ribeira, surgiu
como um novo elemento urbano – decorativo, um verdadeiro espelho de água
convidativo a admirar não só a sua beleza própria mas esse espectáculo quotidiano do maravilhoso “Pôr do Sol” e desde 1965 a aterragem e descolagem
dos aviões que demandam ou despedem-se do vizinho aeroporto internacional.
Nem sempre apresenta o seu melhor aspeto e merecia e devia ter um outro
tratamento e limpeza, eliminando indesejáveis e sujos detritos que, não raro
apresenta e são uma marca negativa nesta menina linda dos farenses.
As autoridades envolvidas no processo, julgamos nós, pois ainda não
conseguimos ter uma ideia definida de quem é responsável ou quem manda no local
– município, ex-junta Autónoma dos Portos do Sotavento do Algarve (já
desaparecida pelo querer de alguns homens que para isso têm “vara e mando”, Doca
pesca ou Administração dos Portos de Sines, Portimão e Faro?, pouco cuidado lhe
têm prestado.
Veja-se, razão fundamental e princípio objectivo do que acontece neste tempo
em que as paredes amuralhadas da doca estão progressiva e aceleradamente a
descascar-se, apresentando já extensas superfícies, de modo próprio na zona
mais perto do histórico edifício da Alfândega.
E a seguir às pedras que cobrem as terras limites do lado, como se fora uma
das muitas pétalas da sempre bela Ria Formosa, o maior acidente hidrográfico do
seu género existente na Europa, vem a derrocada, como já há anos aconteceu, dos
terrenos que a delimitam, com todas as nefastas, indesejáveis e imprevistas
consequências daí advindas.
Quando em momentos de lazer, deste o excelente “Eme”, uma magnificiente
iniciativa do jovem empresário Miguel Luís, nos deliciamos com esta cidade
querida, postada ante nós e onde tivemos a dita de nascer, como o povo do qual
somos honrosamente partícula diz, “dói-nos o coração e alma”, ante este quadro
de derrocada.
Quem acode à doca de Faro?
João
Leal