sábado, 18 de julho de 2015

Este atraso, de Quinta Feira, deveu-se a que só ontem me entregaram o computador reparado.
E, que ontem comprei uma impressora porque a outra pifou...
DIVAGANDO


Q
uando eu era criança, acumulava desenhos, com os dedos, nos espelhos e nos vidros embaciados. No banheiro, depois do banho, e dentro do carro, quando chovia. Eu sempre percebia que os desenhos nunca sumiam. A marca leve de cada um voltava com o novo embaciado, e eu, temperamental, oscilava sempre entre reforçar os traços muitíssimo bem-criados ou dedicar-me a novas expressões. E isto englobando quase todos.
Hoje meu espelho do quarto de banho guardaria em relicário um mosaico. Traços que se justapunham, às vezes se sobrepunham, algumas vezes uma emenda fazia surgir um novo desenho que eu só reparava muito tempo depois. Me orgulhava do meu mosaico; se há desbotamentos, sobreposições, desrespeitos estéticos e repetições, sei que tudo aparentemente opaco e embaraçado tem seu lugar, e são esses lugares os mais nobres. Todos, cada um. Há quem diga que seria impressionismo demais, esse meu mosaico, que só a mim me diz respeito e pouco comunica ao mundo.
Pode ser. Me delicio em saber da minha história, e só eu, e só dela.
Mas, o percurso pode ser árduo para recuperação do vigor, do viço, da forma. Exaurido em disciplina, o coração se orgulha quando de novo se movimenta! E não é “divagando” sobre o passado, filmes de António Silva, canções de Amália, e outras lembranças que tais, libertamos o nosso sentimento, porque, somos aquilo que somos…!


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