quinta-feira, 23 de julho de 2015

UMA MORENA ESPECIAL

À mesa do café dois amigos na conversa.
- Conheces a Miquelina, Alfredo? Perguntou Anselmo.
- Se conheço, aquela morenaça da receção? Aquilo é um monumento!
- Soube que ela só tem o pensamento por ti.
- Tás a gozar Anselmo?
- Acredita no que te digo; eu ouvi ela falando com a Natália, aquela da contabilidade, que na festa de aniversário da empresa, vai-se atirar a ti, que não te escapas!.
Daqui em diante Alfredo não teve mais sossego. Aquela morenaça não lhe saia do pensamento. Nem dormia com o pensamento naquele monumento de mulher. Se ela gostava dele era meio caminho andado.
- Tás com insónias Alfredo? Perguntava a esposa.
-Eu?! É cansaço... Muto serviço e pressão do chefe!
- Acho que andas é sonhando com a festa na empresa.
Alfredo tremeu. "Será que ela desconfia?"
- E tu, não queres ir? Perguntou Alfredo sabendo que ela não ia.
- Já sabes que eu não gosto dessa festa. Mas estou estranhando as tuas insónias...
Alfredo respondeu com um sorriso sem graça.
Mas no dia tão esperado, já com um sorriso de graça todo aberto, foi o primeiro a chegar. Tresandava a perfume, bem barbeado, chamava a atenção.
- Puxa! A Miquelina vai ficar louquinha quando te ver Alfredo, segredou Anselmo ao seu ouvido - E por falar em louquinha, meu amigo, preciso dum favor; emprestas-me o teu carro?
- Agora?
- Já!
- E o teu carro?
- Avariou no parque...
- Mas, e a Miquelina? Já tenho um quarto reservado na pensão!
- Calma! Eu volto logo!
- Não ficas na festa?
- Não, conquistei uma mulherzinha carente que está à minha espera esta noite. Por favor Alfredo, só por três horas. É o tempo que precisas para pôr a Miquelina em "ponto de rebuçado".
- Está bem! Mas não me deixes pendurado que a pensão fica afastada!
- Confia em mim!
O convívio bem regado na confraternização de bebidas e dos comes de graça, tomava conta e alegrava os funcionários. E no meio da festa resplandecia a morenaça Miquelina. Linda!
Alfredo tomou a iniciativa. Avançou, e com voz trémula:
- Oi Miquelina!
A moça mediu Alfredo dos pés à cabeça.
- Sou eu, o Alfredo!
- E?
- Não queria conhecer-me?
- Eu? Desculpe tio, errou na sobrinha.
-Tio?
Sem responder, a morena virou-lhe as costas e afastou-se rebolando.
Alfredo pifou. Saiu disparado da festa. Furioso, "eu mato aquele desgraçado, gozou-me o filho da..." Pegou um táxi e deu a morada de casa. "O sacana fez-me passar por idiota. Por parvo e de táxi".
- Pode parar naquela casa com janelas verdes, indicou ao taxista.
- Ali onde está aquele carro vermelho?
- Carro vermelho!?, mas... Que faz o meu carro à porta da minha casa?

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