sexta-feira, 4 de setembro de 2015


NOTÍCIAS DO JOÃO LEAL

Faro, cidade há 461 anos

Assinala-se na próxima 2ª feira, 7 de setembro, “O “Dia do Município” recordando a histórica e significativa efeméride para as gentes farenses, o 461º aniversário da data, em que em 1554, El-Rei D. João III, cognominado de “O Piedoso”, elevou a então “Vila da Rainha” à sua actual categoria de cidade.
Era o corolário de um acentuado desenvolvimento que, a hoje capital algarvia, vinha a conhecer, o qual viria a prosseguir com a transferência da sede episcopal de Silves e as consequências religiosas, políticas, sociais e cívicas que tal determinava.
Há décadas o “Feriado Municipal” era celebrado a 24 de Junho, “Dia de São João”, como hoje ainda acontece em vários concelhos algarvios (Tavira, Castro Marim e Monchique), face às festividades populares que então aconteciam.
Foi contudo na década de oitenta do século XX e quando era Presidente do Município o assumido “filho de Faro”, professor João Negrão Belo, cuja justiça à meritória acção desenvolvida enquanto autarca ainda está para ser feita, que esta discutível e discutida mudança aconteceu.
Certo é que, com mais de quatrocentos e sessenta anos de ser cidade, a capital sulina necessita, como sôi dizer-se “de pão para a boca”, de retomar a sua marcha de progresso e desenvolvimento, como então aconteceu, com plena dinamização da sua economia e da sua vivência comunitária, debeleando a crise que a assola desde há alguns anos e que se assume como das mais graves que ao cabo de quase oitenta anos aqui vividos, hemos conhecido. A tal propósito e sob o título de “O futuro mora ao lado”, lemos, recentemente, um estudo da autoria de Helena C. Peralta, inserta na revista “Lusíadas” (n.º 2 pags 12/18) que aponta linhas orientadoras que bem desejávamos fossem aplicadas e aplicáveis, na nossa cidade-mãe e onde se refere que: “As cidades do futuro constroem-se hoje. Não sabemos o que amanhã nos reserva, mas sabemos que as cidades, que albergarão mais de 70% da população mundial em 2050, precisam de ser mais sustentáveis, ecológicas, inteligentes e criativas. Neste trabalho que em “Dia da Cidade” sonhamos se concretizasse em Faro refere a abalizada opinião do professor doutor Gonçalo Furtado (docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e doutorado pela University College of London) – “as cidades futuro serão aquelas onde os indivíduos se sintam acolhidos e participantes; onde a crescente individualização e abalo da dimensão pública e social seja superada; onde a democraticidade e qualidade de vida que as cidades por excelência devem assegurar aos cidadãos sejam assumidas como valores principais”.
 EXPOSIÇÃO DA COSTELETA MARIA DA CONCEIÇÃO PINTO PIRES EM FARO
Durante todo o mês de Setembro estará presente na Biblioteca Municipal António Ramos Rosa, em Faro, uma exposição com trabalhos da autoria da veterana «costeleta» Maria da Conceição Pinto Pires intitulada «Cantos e Recantos da Cidade de Faro», constituída com dezenas de trabalhos focando diversos aspectos da capital sulina, grande parte dos quais ilustraram a monumental obra de sua autoria «Estudo Toponímico do Concelho de Faro», editado em 2004 e com prefácio da autoria do antigo professor da nossa Escola, Dr. Teodomiro Neto.
A sessão inaugural teve a intervenção de dois nossos colegas, o declamador Joaquim Teixeira, que foi dedicado Presidente da nossa Associação e é o Presidente da União de Freguesias Sé / São Pedro e do jornalista João Leal.Com 82 anos de idade a «costeleta» Maria da Conceição Pinto Pires nasceu em Lagos e Relvas («Alface»)
- Estoi, é uma figura marcante da vida algarvia e de Olhão, onde reside há mais de seis décadas e onde desempenhou funções autárquicas ao longo de 25 anos. Esta exposição constituiu o acto primeiro das comemorações do «Dia de Faro», no recordar da elevação a cidade pelo Rei D. João III em 7 de Setembro de 1554.



A sereia e a búzia

Num dos mais aprazíveis recantos da capital sulina, junto à doca, na sua vertente próxima do Jardim Manuel Bívar, onde nos tempos idos o poeta Alberto Marques da Silva, se deliciava, de cravo ao peito e bengala encastoada a admirar, ao cair do dia, o “pôr do sol”, nessa “bebedeira inebriante de cores e formas”, situam-se duas referências escultóricas de assinalado mérito e grande significado.
Trata-se de um reprodução, em tamanho quase natural de uma sereia, postada nas escadarias – auditório que ali foram erguidas, fazendo-nos lembrar, a sua homóloga universalmente famosa erigida à entrada do porto de Copenhague, a capital dinamarquesa e na lembrança do conto desse génio da literatura infantil que foi Hans Cristian Andersen, bem como de uma búzia, em grandes dimensões, numa referência ao apreciado marisco da Ria Formosa.
No primeiro caso desconhecemos de quem partiu a iniciativa desta peça de arte, cm uma rara postura e atractabilidade, na simbiose existente de sedução, encanto e poesia. Mas quanto à búzia, que foi colocada na parte do passeio marginal, uma placa refere-a como da decisão havida, em boa hora, da Associação dos Comerciantes da Baixa de Faro.
Talvez que uma grande parte da população farense ou mesmo visitantes desconheçam estas obras de arte, que tal se tratam e bem merecedoras de uma visita atenta, mas merecedoras de uma visita local.
São coisas que valorizam a cidade, que lhe dão identidade, beleza, património em estilo maior.
Anotamos porém que se de dias as suas singelezas as tornam um pouco conhecidas, à noite menos notadas se tornam, mesmo nestas noites estivais em que o passeio convida para ir até à beira-doca. Por isso e daqui o apelamos ao município a necessária colocação de focos luminosos que, sem quebrar as singelas e artísticas belezas das duas peças, a sereia e a búzia, lhe deêm a relativização de uma presença assinalada e instigadora de uma visita.
João Leal