terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

CRÕNICA DE FARO


 Nem, nem... 








    
  
Julgamos tratar-se de caso único a capital de um do clássicos distritos de Portugal, neste caso concreto, sede da região do Algarve, não dispor de um semanário ou de uma rádio local. Da abundância caiu-se na nulidade, na total inexistência destes meios que são expressões vivas da terra que servem, já que para servi-las foram criadas.

Acontece até que, por razões históricas, já lá vão cinco séculos, que o mesmo é dizer quinhentos até que a impressão do primeiro livro em Portugal, pelo judeu Samuel Gacon, o Pentateuco, nela aconteceu.


As dezenas de jornais, inclusive de periodicidade diária, foram morrendo ao longo das décadas e chegámos à triste realidade da existência de um único quinzenário, honra lhe seja feita com mais de um século de publicação. Alguns dos semanários que, em Faro se publicaram, figuram na história da literatura portuguesa contemporânea, como acontece com “O Correio do Sul”, dirigido pelo sempre saudoso jornalista algarvio Dr. Mário Lyster Franco.


No que às rádios concerne e, na história vivida desde 1948 com a criação do Emissor Regional do Sul da ex-emissora Nacional, com instalações próprias na Senhora da Saúde, em terreno que foi campo de futebol, o panorama é decalcado a papel químico. Com a Revolução do 25 de Abril surgiram as chamadas “rádios piratas”, que de pirataria só tinham nome e ainda hoje, devidamente legalizadas são porta-voz de muitas localidades Algarve em fora. Na sua capital foram várias as rádios existentes e de boa qualidade, quer pela programação emitida, como pelas colaborações com que contavam e o valor que, na parte técnica ofereciam. Rádio Clube do Sul, Rádio Santa Maria… saudades de um passado próximo, cujo desparecimento justifica o título desta crónica: Nem (jornais semanários), Nem (rádios locais). A solução para suprir as lacunas apontadas reside em reunir os muitos e bons jornalistas que continuam a existir na cidade de Santa Maria constituindo-se em regime cooperativo para a sociedade que edite o futuro título ou idêntico percurso para as várias associações existentes no burgo (1540, Civis, Artistas, etc), num dar de mãos em prol da cidade que teve a honra primeira da impressão em terras portuguesas e da região de que é capital!


João Leal