quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O IMPORTANTE É VIVER... VIVER...










LA VIE EST BELLE! ....
Este texto é dedicado ao meu primeiro professor de francês, o Dr. Proença, esposo da imensa Professora que foi a Drª Celeste.

Há uma canção francesa que fala da rosa e da sua importância, cujo título é, l´important cést la rose....cantada por Gilbert Bécaud. Esta canção correu o mundo inteiro, certamente por causa da voz poderosa do cantor mas também, penso eu, porque havia uma coisa importante na vida desse homem, a rosa.
Têm que haver coisas importantes na vida das pessoas, para as levar até ao fim com vontade de viver, para as incentivar e lhes dizer que a vida vale a pena, para que surja um sorriso nos corações, para que haja esperança num olhar, para que haja alegria, porque o importante é viver.. viver...
Há cinquenta anos a vida não era assim..
Eu tenho sessenta e cinco anos e nasci naquela zona das hortas um pouco antes da chegada a Faro e, apesar de os meus pais, mãe e padrasto, neste caso, viverem com algum desafogo, havia dificuldades na higiene pessoal de cada um de nós. Havia uma celha onde tomávamos banho aos bocados e sabe-se lá quando. Não havia água canalizada, tínhamos que ir buscar água num carinho de mão à nora da horta do meu avô, os cântaros ás vezes partiam-se, aquilo era o diabo.
Água quente.. nem pensar.
Casas de banho muito poucas e sair de casa para fazer có-có ou urinar era uma chatice, porque coabitavam connosco os bovinos, os muares, cabras e ovelhas, porcos, galinhas, coelhos e mais não sei quê e os detritos dos animais, que eram utilizados como adubo na terra, ficavam por ali á mão e dificultavam-nos a vida
Mas aquilo era malta forte.Não morreu ninguém por causa disso e os que nasceram na década de quarenta, a maior parte deles, ainda foi trabalhar para o estrangeiro, viveram no biddon ville, levantaram a França e a Alemanha dos escombros da Guerra, já voltaram e fizeram a sua vivenda com algum luxo na aldeia.
Foram tempos difíceis, esses, de tal maneira, que, no meu sítio, quando eu tinha dez anos, havia trezentas bicicletas e o automóvel do senhor Joaquim Madeira. Hoje já ninguém anda de bicicleta mas de automóvel.
Estou feliz ó caros amigos porque os tempos mudaram , para melhor, claro e o importante é viver.. viver..
JOÃO BRITO SOUSA

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