quarta-feira, 3 de abril de 2019

CRÓNICA DE JOÃO LEAL



CRÓNICA DE FARO
 “Quem és tu Algarve?”

   Foi esta a pertinente questão colocada pelo deputado algarvio Dr. Cristóvão Norte na conferência que proferiu em reunião do Rotary Clube de Faro, acrescentando-lhe o oportuno complemento de “Reflexões Contemporâneas”. Trata-se de um tema de premente atualidade, que todos nos temos colocado, ou em reuniões ou em diálogos com nós mesmos, ao analisarmos a realidade da Terra Mãe – aquilo que ela foi, o que é em nossos dias e quais as perspectivas que se lhe deparam.
   Presidida pela Arqª Teresa Vieira, presidente dos rotários farenses, que afirmou “viemos discutir o Algarve como Região que tem sido governado de forma descomprometida”, envolveu a presença de entidades oficiais e convidados, bem como de elementos dos clubes de Loulé, Estoi Internacional e Lagos do movimento iniciado em 1904 por Harry Chandler, em Chicago. Esta reunião que contou com 85 participantes revestiu-se também de um cunho solidário já que a receita apurada se destinou a apoiar as vítimas dos incêndios florestais, no último verão, em Monchique.
   Licenciado em Direito (Universidade Católica Portuguesa) e Economia (Universidade do Algarve), com uma pós-graduação pela Universidade do Porto, o orador apontou que o tema – “Quem és tu, Algarve? – Reflexões Contemporâneas” suscita muitas dúvidas e interrogações.
  Começando por dissertar sobre a evolução do PIB em Portugal e no Algarve, desde 2011 (a crise financeira de 2009, a bolha do imobiliário com elevados transtornos na vida social e na economia regional, o desemprego, etc.) destacou a circunstância das crises no quinquénio 2013/18, afirmando que: “o Algarve cresceu sempre mais que o resto do país e foi a única região em convergência com a União Europeia”.
   Falou sobre o turismo e o fator “low cost”, referindo que “o Algarve tem uma estrutura económica fortemente especializada e uma débil integração do setor dominante com os demais setores conexos, a par de uma baixa produtividade e precariedade laboral, com insuficiente aposta na investigação e sofrendo, por tal, choques exógenes”. Apontou a necessidade de se apostar no mar, nas energias renováveis, na saúde, na demografia, no complexo agro-alimentar e na floresta, o que evitaria as crises cíclicas do turismo, que é preciso continuar a crescer. Lamentou a sempre adiada questão hospitalar (“fico triste por não termos o novo hospital, o que constitui uma profunda machadada na lógica legítima dos interesses da região”). Duas afirmações com elevada atualidade: “a regionalização é da maior importância para Portugal” e “o que peço ao Governo é que considere a saúde no Algarve como questão nacional”.

   João Leal

IN JA

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