sexta-feira, 10 de outubro de 2008

TEMA PARA DEBATE COSTELETA


UM MUNDO DE VIDAS ...
texto de Vergílio Ferreira


Nós vivemos da nossa vida um fragmento tão breve. Não é da vida geral - é da nossa. É em primeiro lugar a restrita porção do que em cada elemento haveria para viver. Porque em cada um desses elementos há a intensidade com o que poderíamos viver, a profundeza, as ramificações.

Nós vivemos à superfície de tudo na parte deslizante, a que é facilidade e fuga. O resto prende-se irremediavelmente ao escuro do esquecimento e distracção. Mas há sobretudo a zona incomensurável dos possíveis que não poderemos viver. Porque em cada instante, a cada opção que fazemos, a cada opção que faz o destino por nós, correspondem as inumeráveis opções que nada para nós poderá fazer.

Um golpe de sorte ou de azar, o acaso de um encontro, de um lance, de uma falência ou benefício fazem-nos eliminar toda uma rede de caminhos para se percorrer um só. Em cada momento há inúmeros possíveis, favoráveis ou desfavoráveis, diante de nós. Mas é um só o que se escolheu ou nos calhou.

Assim durante a vida vão-nos ficando para trás mil soluções que se abandonaram e não poderão jamais fazer parte da nossa vida. Regresso à minha infância e entonteço com as milhentas possibilidades que se me puseram de parte. Regresso à juventude, à idade adulta, ao simples dia de ontem e a infinidade de soluções que não adoptei dava para um mundo de vidas. Foi uma só.

Nela realizei, num único percurso, aquilo que constituiu o todo de uma vida humana. E todavia, nessa estreiteza de ser está o infinito de mim. Deus é a simplicidade absoluta e tem o máximo de ser. Nós conhecemos em nós esse máximo e é por isso que ao Deus o soubemos inventar.

COMENTÁRIO

“Ao que parece a vida, a nossa vida, a vida de todos nós, isso que eu defino como o espaço temporal que nos coube desfrutar desde que chegámos, não se sabe de onde, até que nos vamos embora , não se sabe para onde, tem sido vivida por nós, muito à superfície, muito ao de leve e é um assunto nada aprofundado. O mundo em que vivemos ou que nós, indirectamente ajudámos a construir é o mundo dos poderosos, esses que estabelecem os modelos de vivência em comum e nos castigam com palavras ou actos, só porque houve um desvio de rota em determinada altura das nossas vidas.

A vida, é um conjunto de comportamentos praticados por cada um de nós , cujo somatório final vem desembocar naquilo a que chamamos de Sociedade. A sociedade manda nas nossas vidas... , não nos deixa viver e impõe-nos a conduta que defende os interesses superiores. Se isto é assim, por um lado, por outro, não tivemos possibilidades de experimentar tudo, ficámos sempre na dúvida, tantas oportunidades para uma vida só, como diz Virgílio Ferreira. Tantas hipóteses, tantos caminhos, tantas possibilidades... no fundo, tantas vidas para uma só vida em cada em de nós.”

Complicado...

publicação de
JBS

NO ALMOÇO DOS BIFES ESTEVE LÁ UM COSTELETA

(Fernando Dourado, Luís Gama Silva, Zezinho, Ilídio... )

UM COSTELETA NO ALMOÇO DOS BIFES
(continuação)

FADO DO REENCONTRO

Pus no portal da saudade,
Asas, que o tempo levou,
Pus no portal da saudade.
Asas que o tempo levou,
O tempo perdeu as asas
e a saudade amortalhou.
Pus no portal da saudade,
Asas, que o tempo levou

Sorvamos da Taça em Vida,
O Vinho da Eternidade.
5 – O CAMINHO de, Vieira Calado
para a Graciete, não presente


Descobre-se o caminho pelo verde das árvores
Pela toca onde hiberna o réptil,
Uma aldeia nua num deserto
De árvores do deserto

Sobe-se pelas suas vertigens,
O lugar onde colocamos o impulso do sangue,
As aranhas que temos no sítio da alma

Por fim assentamos a flor dos pés na terra
Para lermos, na obscuridade, sobre o chão,
O ruído de todas as cosas.

O CAMINHO por João Brito Sousa

És tu meu amor....


E O FERNANDO DOURADO disse,

“É GRATIFICANTE UM ENCONTRO DESTES. VÊ-SE QUE AINDA HÁ MUITA JUVENTUDE NESTA GENTE”..

6 - É ESTA SUBSTÂNCIA de Vieira Calado
para a Liliana Elias

É esta a substância que trago
Nos olhos nas veias do caminho
Porque sou feito de astros
Pó de estrelas vácuo
E vazio me perpetuo
porque tenho em mim o fogo
que inunda a alma
ou a vida
ou havida memória
dos que foram.
E por isso resisto
pelo silêncio
que arde
e se multiplica
no espelho dum coração que bate
habitado pela luz.

È ESTA SUBSTÂNCIA por João Brito Sousa

É esta substância de mim
Um homem
Assim
Como não sei o quê..
É esta substância
Que me traz a ânsia
De ser alguém
Eu e outra ou outra
Quem?....

E o ZEZINHO PARAÍSO disse. “ RECORDAR É VIVER...”

7 – A NOSSA CASA É UM LUGAR AO VENTO por Vieira Calado
para a Maria Álvaro não presente.

A nossa casa é m lugar ao vento, mas buscamos
O absoluto, a bárbara verdade duma onda sobre a raia.

Tudo nos pertence porque guardamos na memória
Os restos do apego às coisas que tivemos, os gestos
De gratidão que vimos no coração dos dias violentos,

Esta época não é nossa. Subverte os conceitos
Do ânimo, os desígnios legítimos da plenitude.

Mas por isso ainda somos a centelha que arde devagar
Na paisagem estreita das árvores estóicas, em momentos
De tempestade, na consciência das opções sublevadas

A NOSSA CASA É UM LUGAR AO VENTO


A nossa casa é a minha casa
É onde resides
E vives
E onde dizes que vais morrer
E onde apanhas as tuas bebedeiras
De luar
Noites inteiras.

E O EULER disse “QUEBOM...”

8 – FLORES DO OUTONO de Vieira Calado
para a Liliana do Vidal não presente.

A gora vou reclinando o corpo
Entre a terra e as estrelas.

O espaço é breve
Para a brisa do mar
que ainda soa.

E no entanto,
Adormeço
no meu sonho,
sereno de harmonias.

Incendiando o fino pó
Da terra
Com estas flores violentas,
Exíguas, do outono

FLORES DO OUTONO por Brito Sousa

Flores outonais,
Belas, belas, belas ... cada vez
Mais...

E o TABETA disse:

“GRANDES AMIGOS.ÀS VEZES, NAS COMPETIÇÕES DA ”BUFA” A COISA AZEDAVA, MAS ERA SÓ NAQUELES MOMENTOS. GRANDES RECORDAÕES E MAIORES SAUDADES” ...

9 – VENTO VIAJANTE por Vieira Calado
para a Aidé não presente


Vento viajante, ó velho vento circundante
Unindo este a oeste com a sua lira redonda
Sempre a sucumbir nestes horizontes
Em timbres de loucura e mansidão

Vento que sopras o perfume das flores,
Inconsciente, diurno, em céus de estrelas
Perdidas sobre a praia azul tranquila.

VENTO VIAJANTE por João brito Sousa

Vento que vais viajar ... para onde? Não sabes,
Nem eu...
saí hoje... do LICEU.
Qual é a tua o meu..

O vento sempre a cirandar
E avela sempre a levar
Com aquele ar em movimento
Como eu.....


E o ADOLFO PINTO CONTREIRAS dos Gorjões, disse:

“È UMA ALEGRIA VOLTAR A CONVIVER E RECORDAR OS TEMPOS DA JUVENTUDE COM OS MOÇOS COMPANHEIROS DESSA MESMA JUVENTUDE. ESTAR VIVOS E VÊ-LOS AO FIM DE TANTO TEMPO É VERDADEIRAMENTE UMA ALEGRIA.


10 – AGORA ESCUTO A VIBRAÇÃO DO AR, por Vieira Calado
para a Quitéria Elias, não presente


Agora escuto a vibração do ar
Este muro de cores frias, de frio


Que anima o pólen dos olhos
o meu próprio respirar,
Um arco de sombras
De águas velozes, vivas.

Como um sinal preclaro
Que enche o ar
E o incendeia

Com um murmúrio matinal
Dum líquen
Perpétuo e ausente


AGORA ESCUTO A VIBRAÇÃO DO AR
por João Brito Sousa

Escuto quem vibra no horizonte da noite ..
Apenas isso... nada mais incomoda
Tudo isto vibra no mar
E também no ar ...

E A ISILDA DELFINO (costeleta) disse:

“MAIS UM ENCONTRO DE MUITA AMIZADE.
. É BOM ABRAÇAR AMIGOS QUE VIVERAM CONOSCO OS MELHORES MOMENTOS DA NOSSA VIDA. VALE A PENA! .....

publicação de
JOÃO BRITO SOUSA