quarta-feira, 21 de abril de 2010


SONETO

Em memória de Aurélio Cunha Bengala

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.


JOSÉ RÉGIO


Soneto (quase inédito) escrito em 1969, no dia de uma reunião de antigos alunos.
Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição não é o que era!!!
Enviado pelo Costeleta Maurício Domingues