segunda-feira, 23 de agosto de 2010


1.200.000.000,00€...parece muito dinheiro

Introduzi 1,2 mil milhões de euros, na minha máquina de calcular. Demasiados zeros, mas aceitou! Com papel e lápis confesso que há muito tempo não escrevo tais números.
Também tenho muita dificuldade em saber o que poderia adquirir com este valor. Comprar casas? Iates? Automóveis? Clubes de futebol -Sporting Clube de Portugal, Sporting Clube Farense-? Constituir Fundações com fins científicos, sociais ou culturais? Ajudar financeiramente Associações de apoio a carenciados? Será que também podia comprar a felicidade? E a saúde? E o respeito?
Enfim, vem este intróito a propósito da notícia que hoje vem publicada no Diário de Notícias, página 28, com o título "PORTUGUESES APLICAM 1,2 MIL MILHÕES EM OFFSHORES"
O texto, descreve em síntese, que saíram do nosso país para offshores ( Países sem carga fiscal - Paraísos Fiscais!), entre 01 de Janeiro e 30 de Junho do corrente ano (primeiro semestre) a quantia de 1,2 mil milhões de euros.
Ao lê-la, de imediato me veio ao pensamento, a tão falada crise e a pergunta dum leigo: Como é possível? Fiz um raciocínio primário e com os meus poucos conhecimentos destas questões económicas/financeiras , deduzi:
-Esta importância tão avultada, dos desempregados não deve ser. Dos aposentados também não! Será de quem trabalha?
Tenho dificuldade em crer que ao final de cada mês os trabalhadores em geral consigam poupar entre 5.000,00 e 5.500,00€, se a média salarial mensal está muitos degraus abaixo desse valor.
Então de onde será a sua proveniência? Economia paralela? Corrupção? Grandes fortunas?
Alguns costeletas participantes deste blogue, mais entendidos nestas questões, como o têm demonstrado nalguns textos relacionados com a crise, talvez possam explicar este "voar" de tantos milhões de euros, que nos colocam tantos pontos de interrogação.
Depois do que li, fiquei a pensar se não devo trocar a minha máquina de calcular, por outra com mais capacidade. Vou entrar em despesas...e a responsabilidade é da crise.

jorge tavares
costeleta 1950/56

nota final:
O jornal não tinha esta informação, mas seria interessante saber: a quantos individuos particulares ou colectivos pertencerá aquela importância?
701
ENCERRAMENTO DAS ESCOLAS PRIMÁRIAS EM TODO O PAÍS

Li com interesse e curiosidade o que sobre este assunto escreveu Alfredo Mingau e, naturalmente, achei que não podia calar em face da medida extemammente perniciosa como estão a tratar o futuro dos nossos jóvens.

As quatro perguntas que o Alfredo faz deviam ser respondidas por quem tem responsabilidades no Ensino em Portugal .

Lembro-me que há muitos anos, no tempo do Estado Novo , houve que incrementar o ensino nos meios rurais e onde houvesse uma criança a viver. Um ou vinte alunos pouco importava, o dinheiro para Professores Primários e Regentes Escolares, estes últimos de grande valor em zonas quási inacessíveis, a maioria recrutada entre os letrados residentes nas Freguesias, era preocupação do Governo de então !! Chegavam a ser tão bons , e por vezes melhores ,que certos professores que , por terem sido deslocados das suas terras de origem, onde viviam, se desmotivavam de trabalhar longe de casa.

Foi criado um grandioso Programa Escolar, que incluia a construção de Escolas nas mais recônditas Aldeias dp País para se acabar com o analfabetismo que existia . "O Programa dos Centenários" edificou escolas com um projecto e modelo único que ainda hoje estão a funcionar e se podem ver por aí . Distinguiam-se bem . A porta principal , em arco, encimava um escudo nacinal, em pedra, que as distinguia de todas as outras e também das edificadas pelo Benemérito Conde Redondo, homem que muito fez pelo ensino em Portugal, criando centenas de escolas em todo o território nacional a expensas suas !!

Mais tarde quando nos foi imposta pela ONU a irradicação do analfabetismo, condição para fazer parte da Organização, foi criado um novo esquema, à pressa, que instituiu o "Curso de Educação de Adultos " para proporcionarema e 3ª e 4ª classes a pessoas analfabetas que na sua juventude não foram à escola, nem sabiam ler e escrever .
Pessoas seleccionadas pelo Delegado Escolar, com conhecimentos , podiam em suas casas, normalmente à noite, ensinar essas pessoas e, na época dos exames, propo-los para serem examinados.
O Ministério da Educação pagava a estes professores 500$00 por cada aluno aprovado no exame.
Havia nesse tempo a preocupação de pôr todos os Portugueses a saber ler e escrever, coisa que parece não interessar agora à Ministra da Educação !
No Exército foram criadas as Escolas Regimentais, onde cheguei a leccionar, e tinham por missão apoiar os jóvens incorporados sem qualquer grau de instrução escolar. Muitos depois de terem a 4ª classe, entusiasmados ,continuavam a estudar. Alguns, mais tarde como vim a ter conhecimento, chegaram a tirar Cursos Superiores . Outros bem instalados na vida graças aos conhecimentos adquiridos progrediam nos negócios e profissões que escolhiam .

Parece, caro Alfredo Mingau, que tudo isto que está a acontecer no País tem origem em economizar "uns tostões" para tapar buracos no mal gerido "Orçamento". Já o fizeram com o Património Militar, caso da Garagem Militar, Terrenos e instalações do Antigo RAL-1 (Campolide) e outros que foram parar às mãos de camaradas amigos por menos de metade dos seus valores reais, e aplicados depois em escandalosas urbanizações imobiliárias. ! UMA VERGONHA !!

Estoril, 23 de Agosto de 2010

Maurício S. Domingues