Absolvição pois claro!
Andava um juiz,
A estudar um processo,
Que tinha de julgar,
E pegava-lhe do avesso,
Que é como quem diz,
Era só o apalpar,
Pois era contrário a estudar,
Um tão grande calhamaço!
Para quê tanto trabalho,
Para fazer esta justiça,
Não bastará bater o malho,
Com um pouco de preguiça?
Trabalhar faz tanta dor,
Para quê tais aflições?
Se o arguido é um senhor,
Que só roubou 50 milhões!
Vou ver tudo com cautela,
Não faço juízos de valor,
O arguido é de ilustre parentela,
Filho dum rico comendador!
Que é dum ministro irmão,
Homem poderoso e influente,
Que farei? Condeno-o não?
Ou não me meto com tal gente?
Vou julgá-lo à minha maneira,
É melhor ondas não fazer,
Podem tramar-me na carreira,
E tal nunca poderá acontecer!
O mesmo outros fazem – adiante,
Sem nunca serem acusados,
Gente fina, respeitável, importante,
Que nem sequer são incomodados!
Assim, toda a prova valorada,
Nada, mesmo nada se tendo provado,
Não se tendo provado mesmo nada,
Mando-o em paz, absolvendo o acusado!
IN VENTOS DO SUL
Do Poeta Costeleta Dr. Manuel Inocêncio da Costa
DR.MANUEL INOCÊNCIO DA COSTA
ResponderEliminarFELICITO-O MUITO SINCERAMENTE PELA
EXPRESSIVA IMAGEM QUE NOS DÁ NO
SEU POEMA, E QUE REFLETE BEM A
REALIDADE E O ESTADO ACTUAL DA
NOSSA SOCIEDADE, PARTICULARMENTE
NO CAMPO DA JUSTIÇA .
BEM HAJA.
SAUDAÇÕES COSTELETAS DO MAURÍCIO
DOMINGUES.