quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O 701 DO ALFREDO

O texto que vai a seguir também deve entrar no debate.


SERÁ QUE OS CENTROS ESCOLARES GARANTEM MELHORES CONDIÇOES E PROCESSOS
CORRECTOS DE SOCIALIZAÇÃO?



Os Centros Escolares de Ribeira de Pena e Cerva foram os últimos a abrir no distrito de Vila Real. O presidente da Câmara Municipal deRibeira de Pena, Agostinho Pinto, realçou que foi um investimentosignificativo, nomeadamente para a autarquia, mesmo assim, considera "o dinheiro bem gasto". "Há oito anos comecei a fechar escolas que tinham menos de cinco alunos, fomos pioneiros nisso, e começámos a integrá-los noutras.

Agora, as crianças têm melhores condições e processos correctos de socialização, aprendizagem e acesso a meios tecnológicos que eram impossíveis nas antigas escolas primárias.

O director Regional de Educação do Norte, Direcção Regional de Educação do Norte, António Leite, está convicto que, em relação a construção dos centros escolares, "o programa ficará concluído, a nível nacional, nos próximos dois a três anos". "É um Programa de grande impacto que vai e está a revolucionar o panorama da rede escolar do 1º Ciclo em todo o país.

É um esforço bastante significativo que o país está a fazer, com verbas oriundas de Fundos Europeus e das próprias autarquias. Os últimos centros que inaugurei, Ribeira de Pena e Cerva, são excelentes exemplos como numa terra do Interior, que alguns consideram pouco desenvolvida e atrasada, se pode dar um passo em frente no desenvolvimento, colocando ao serviço da população um equipamento tão bom como este. No Norte do país serão cerca de duzentos os Centros Escolares que vão substituir um universo de mais de três mil escolas.

Estou convencido que o distrito de Vila Real poderá ser um exemplo de como se pode fazer mais e melhor educação em Portugal"

(retirado do EXPRESSO)
JBS.
701

Li o que escreveu o Brito de Sousa sobre o artigo de um jornalista a concordar com o processo.
Ontem, dia 24, li no Jornal Correio da Manhã um artigo do Jornalista Pedro Galego com o título »Protestos contra fecho no Alentejo«.
Deste artigo gostaria de transcrever algumas passagens:
..........
“Circula entre a população uma SMS para mobilizar os que são contra a medida”
………
“Os habitantes de Santana do Campo, no Concelho de Arraiolos, vão amanhã manifestar-se contra o encerramento da escola primária da pequena aldeia alentejana”.
……….
“O protesto tem origem na Comissão de Pais, Avós, Encarregados de Educação, e Comunidade de Santana do Campo. A Comissão considera que esta é uma escola com sucesso e que não se devem considerar as crianças apenas como números”.
……….
“Se a Câmara não concorda, não disponibiliza os transportes escolares. O encerramento foi uma decisão unilateral do ME, com a qual não concordamos, disse o autarca de Arraiolos, acrescentando que se os pais também não concordam, a abertura do ano lectivo terá de ser feita em Santana do Campo.”
……….
“Ainda não sabemos se a mudança é para São Pedro (a cerca de 5 quilómetros) ou para Arraiolos (a nove)”.
……….
“A aldeia vai perder vida. Eles fazem aqui as suas actividades, animam isto. Nunca houve problemas. Esta medida vai prejudicar não só os miúdos, como toda a população. Considera uma jovem de 20 anos”.
……….
Segundo o Jornalista o Concelho de Arraiolos fecha a escola de Santana do Campo com um total de 9 alunos.
Não li neste artigo uma única palavra de concordância com o processo de encerramento que o ME quer levar a efeito.

Alfredo Mingau


Professor primário: Anos 1939/40


O texto cujo título reproduzo, é merecedor de algo mais do que um comentário, na minha óptica de leitor e costeleta.
Eis as duas razões porque me propus escrever este pequeno texto alusivo ao mesmo:
1.ª) O conteúdo e a forma do referido texto enquadra-se na minha sensibilidade. Podemos escrever ou falar, recordando, criticando, enaltecendo qualidades ou apontando defeitos, sem agressividades, que em regra chocam leitores e ou ouvintes.
A nossa família costeleta deve divulgar a fraternidade sem perder a vitalidade, intrínsica ou extrínsicamente. Tento que essa seja a minha via!

2.ª) Todo o texto me trouxe recordações. Conheci muito bem a professora Pessanha Viegas, que no meu tempo, foi directora da Escola Primária de São Luís, inaugurada quando fiz a quarta classe. O perfil da senhora está muito bem caracterizado.
O marido Arcanjo P. Viegas, proprietário de uma das primeiras Agências de Viagens no Algarve, situada na Rua Conselheiro Bivar (vulgo Rua do Chiado), escritório no qual trabalhou durante alguns anos o costeleta e meu particular amigo, Victor Manuel Sabino Ramos, e que infelizmente nos deixou muito precocemente.
Na rua das traseiras do edifício da Alfândega, funcionava um departamento governamental, do qual era director o Engenheiro Pessanha Viegas ( tambem lembrado no referido texto ), enquanto exerceu a sua actividade profissional em Faro.
Foi uma figura reconhecidamente de grande prestígio local. Particularizo a sua ligação ao Sporting Clube Farense como seu Presidente da Direcção e a quem prestou excelentes serviços, directos e indirectos.
De facto a residência do casal era no primeiro andar - hoje sede do PSD - do edifício onde, no rés-do-chão ainda está instalado o Distrito de Reserva.



jorge tavares
costeleta 1950/56
QUANDO ALGUÉM PARTE

Porque foi uma pessoa muito refereciada no Blogue, estimado e respeitado por todos os "Costeletas". Quase diáriamente junto ao portão norte da Escola, lá estava o Coelhinho com seu negócio de pinhões e amendoins no inverno e sorvetes quando o verão despontava. Quem não se lembra dele?
Últimamente ainda o vi algumas vezes. Morava na zona da Penha onde sempre lhe conheci habitação.
Soube no Sábado que o Coelhinho já não está entre nós há cerca de duas semanas.


Que descanse em paz


Nota: Se o Sr. Rogério achar conveniente dê a conhecer aos colegas "Costeletas".

Cumprimentos

AGabadinho

701 – Alfredo

Observando a Evolução da Educação em Portugal , pode afirmar-se que é quase uma Novela .
as Escolas do Estado Novo deram na altura um impulso numa época em que o analfabetismo se fixava talvez em mais de 80 % da população Portuguesa , no entanto os professores tinham um Estatuto conceituado nas localidades .

O ensino Secundário na maior parte do Algarve se limitava ao Liceu João de Deus e á nossa Escola Comercial e Industrial de Faro , nas Turmas que frequentei passaram alunos que vinham de Tavira a Albufeira , e a qualquer professor com que nos cruzávamos na Rua o cumprimentávamos com o Titulo de Doutor/a , excepção dos mestres das oficinas .

Passado algumas décadas se desenvolveram novas Escolas que passaram a ser denominadas do 2 e 3 ciclo e a nível mais alto as Secundárias .
Mas em compensação os Professores perderam aquele Estatuto de respeitabilidade oriundo do antigo regime , passando em percentual que desconheço a trabalhar nos denominados Recibos Verdes , alguns por vários Períodos que ultrapassavam a dezena de anos , o que equivale a uma precariedade de Emprego e como conseqüência dificuldades económicas . Enquanto para os pequenos empresários os Contratos de trabalho a termo se fixava nos 3 anos como máximo !

Naturalmente que com a desertificação das zonas Rurais , deixaram de existir os antigos Postos de Ensino ( ouvia falar do localizado na Alcaria Cova freguesia de Estoi ) em que a educação era prestada por uma regente Agrícola .

Nos limites da cidade a primeira Escola Primária que conheci a fechar foi a da Senhora da Saúde , que na realidade funcionou poucos anos .

As 701 Escolas que está previsto encerrar segue o ciclo de transformação, o receio que muitos pais têm é o de faltar estruturas alternativas e continuar a pagar acima das posses as despesas de deslocação o que acumulando com as despesas em material que neste início de ano lectivo complica muito os Orçamentos , até que em época de Crise sempre se constituíram grandes Fortunas como exemplo os 1.200 milhões de transferências para os paraísos fiscais como referiu o colega Jorge Tavares , e os Portugueses que sofrem as conseqüência são sim a maioria dos cidadãos.

Daí a razão da diminuição das Taxas de nascimento em Portugal em que educar filhos não é fácil , ao abrigo das leis em que os jovens só podem entrar no mercado de trabalho depois da maioridade , e em que o ensino de Nível Superior suplantou a formação profissional e ter uma licenciatura depois dos 20 anos se transforma em longas listas de Portugueses em procura do Primeiro emprego .

Uma referencia conheci muito bem a Professora Dona M. Emilia Pessanha Viegas , e os filhos o mais Novo Eng. Fernando Pessanha Viegas que muitos anos esteve á frente dos técnicos da Câmara Municipal de Faro .

Muito podia falar sobre a forma como em Portugal se desenvolve a Educação e outros factos como Saúde justiça etc. no entanto acho que a fase é mais de desaprender e me refugiar na frase Homérica de “ Só sei que nada sei “


Saudações Costeletas .
António Encarnação

701- ALFREDO-

O PROFESSOR PRIMÁRIO- ANOS 1939/40

Com muita saudade recordo sempre a minha Professora Primária, D. Maria Emília Pessanha, que dedicadamente leccionava na Rua Ataíde de Oliveira, no Bom João, numa vivenda adaptada a Escola e me preparou para os exames da 3ª e 4ª classes e Admisão aos Liceus, prova esta que era condição para ser "Bife".
Muitos dos nossos amigos Costeletas foram também seus alunos e dela terão também as melhores recordações do seu ensino.
A sua figura austera, grave, e rigorosa na disciplina e duma dedicção extraordinária ao ensino impressionava todos os seus alunos e Encarregados de Educação.
Os seus alunos, a maioria, conseguia sempre uma classificação invejável - a distinção- o que a enchia de satisfação e orgulho.
A dedicação era tanta que nas vésperas dos exames, aos sábados de manhã, levava sempre para sua casa o grupo de alunos queestavam propostos para as provas. As dúvidas eram tiradas numa das salas do 1º andar que habitava, no edifício do Distrito de Recrutamento e Mobilização (DRM), para que conseguissemos os melhores resultados.
Os Professores Primários foram sempre os melhores formadores de cidadãos. Eram eles que depois ds pais continuavam a modelar o seu carácter, lhes forneciam os ensinamentos e saber que os marcavam por toda a vida !! O Ensino Superior pouco ou nada mais fazia que dar-lhes uma formação universitária e profissional. As bases para se tornar um bom cidadão já lá estavam enraizadas desde os sete anitos !!
Conheci numa dessas idas a casa da D. Maria Emília Pessanha os seus dois filhos. O mais novo, ainda estudante do Liceu João de Deus, e o outro já estudante universitário de engenharia, em Lisboa.
Passaram-se anos, muitos, talvez quarenta ou cinquenta e uma bela tarde numa viagem de comboio de Lisboa para Cascais, sentado no banco da frente, lendo o seu jornal, vejo um cavalheiro já idoso e de cabelos brancos que me chamou à atenção. Os seus traços fisionómicos não me enganaram. Na minha frente estava o Engenheiro Pessanha que regressava a casa depois de mais um dia de trabalho na Câmara Municipal de Lisboa onde trabalhava. Não resisti. Recordei-lhe as minhas idas a sua casa como aluno da sua extremosa mãi, minha Professora do Ensino Primário.
Gostei do encontro e das recordações vividas, e ele também, e não escondemos um certo humedecimento que nos embaciava os olhos. Não tornei a vê-lo, nem sei se já nos deixou .

Estoril, 25 de Agosto de 2010

Maurício Severo Domingues