quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

SE POR MIM PASSARES
Manuel Inocêncio da Costa


Se por mim passares,
Não me deites olhares,
Para me seduzir:
Tu sabes que me encanta,
O teu sorrir.

Passa-me ao lado,
E não pares,
Para não me enlevares,
E, eu, não soçobrar;

Eu, não te posso amar!
Então, assim deve ser;
Se tal seria asneira,
Para quê sofrer?

IN VENTOS DO SUL - Inocêncio da Costa
HOJE, QUINTA

A TERTULIA TODOS BEM

Por João Brito Sousa


Durante a semana esperei que o "Portalegre" telefonasse e nada. Voltamos à leitaria e não tocamos mais no assunto. O Artur chegou e pediu o seu drink com gelo e água tónica, que ia bebendo aos golinhos. E diz a ele, quando estiveres doente, não vai são médico; é um Old Parr às quatro da tarde e já está. Artur vinha de pessoal da elite, o avô tinha sido um velho republicano seguidor de Afonso Costa e era um apaixonado pelos ideias da Revolução Francesa .que se batera pelo liberalismo e esteve ao lado das causas que julgava justas..

Entretanto chegaram o Tomás Marques e o Pedro. O Artur que embirrava com atrasos. Disse-lhes.

- Éhi, rapaziada, como é? atrasos não.

- Sabes, encontrámos o Chico Costa da nossa turma no terceiro ano, o que era guarda redes da nossa equipa de andebol, lembram-se.

- O Chico, aquele que dizia a toda a gente que namorava com a Lita, mas era mentira, perguntou o Artur.

- Sim, esse. Falou-me com saudade da Escola, daquele jogo com os serralheiros, quando o Vicente, que jogava pela equipa da Escola, saltou na área embalado, rematou coma bola a bater um pouco antes do risco e eu fui buscá-la, diz ele. E recordou o António José de S. Braz que gostava de olhar as pernas das moças. Diz que qualquer dia vem cá.

- Ou a gente vai a S. Braz ver o Toino Zé, disse o Artur.

- Ok, está explicado o atraso, disse eu. Temas para hoje, quem preparou?

- Eu o cábula, disse o Pedro.

- Sobre quê, perguntou o Artur

- Acerca dos franceses, disse Pedro

- A França, a minha segunda Pátria, disse o Artur. Aquela cena do Maurice Chevalier, em frente à Torre Eifel, dizendo-lhe - tu est ma frere, comoveu-me, sabem. Vive la France, disse ainda.

- Pedro, queremos ouvir falar dos franceses em Portugal nos fins do século XVIII, disse eu. Tens a palavra.

E numa improvisação brilhante Pedro disse.

- Os franceses em Portugal, num certo sentido, foram protegidos e graças a isso, alguns comerciantes franceses ligaram-se a empresas mais importantes estabelecidas em Portugal, entre as quais se contam os mercadores de livros, actividade essa que muito contribuiu, para a difusão em Portugal, das correntes do pensamento europeu.

- Mas esses livros entravam aqui facilmente, perguntou o Artur.

- Para a semana Artur, falas tu disso, ok. Hoje o tempo acabou

- Sim senhor, disse Artur.

 
jbirtosousa@sapo.pt