sábado, 15 de janeiro de 2011

E Afinal o quê?...

Era uma vez (porque as histórias deveriam começar sempre por era uma vez), então, como eu dizia, era uma vez, porque o tempo não interessa, passado, presente, futuro, se foi, é ou será não é o que interessa, o que interessa é que era já que era não fecha o tempo a um momento mas deixa-o aberto, e uma vez porque essa vez em que o tempo é irrelevante é única e pontual, porque há acção e cada uma acontece uma vez em dado tempo e nunca se repete. Mas como eu dizia...

Era uma vez um homem (até podia ser uma mulher, o género não interessa, ou uma criança ou um velho, mas a idade, também essa pouco importa). Ou seja, era uma vez um homem que nesse momento não estava feliz nem infeliz, não tinha grandes problemas nem grandes alegrias, já as tivera, mas não nesse momento, e seguramente iria ter mais no futuro, quer tristezas, quer alegrias conforme a “crise”. Não era rico nem mendigava. Tinha amigos, família, pessoas de quem gostava menos e mais, pessoas a quem amava ou a quem não dava grande importância. Tinha o necessário para viver, por enquanto, sem grandes luxos ou grandes apertos.

Diríamos então era uma vez um homem sem muito para contar e uma vida mediocre (no sentido de nada relevante se passar).

Então porque perco tempo a contar a história de alguém que não tem nada para contar e sobre um dia como a maioria dos dias?

Isto é o que o homem se perguntava. Então entra a acção e a história passa a ser história porque há verbo. Já não é uma descrição. O homem perguntava-se porque é que a sua história é uma história e ao fazê-lo transforma-a. Poder-se-ia perguntar mais vezes e então deixaria de ser uma vez e passaria a ser duas, ou três, ou mais, a monotonia tiraria o interessa à história já que nesse momento da sua vida não há nada de relevante para contar.

E deu-se conta que afinal havia algo de importante para contar. Deu-se conta de que pela primeira vez se perguntou porque é que aquele ponto da sua vida merecia umas palavras num blogue, quando passava uma fase monótona e aparentemente igual a tantas outras, descobrindo que essa história se faz unindo esses pequenos pontos uns atrás dos outros até aparecer uma história onde os golpes da sorte (ou do azar) nada mais são do que os condimentos que dão sabor ao prato principal.

Dera-se conta nesse momento e nessa vez e não haveria outra igual, ou haveria?, por isso e para que fosse publicado no blogue, começara com “Era uma vez…”.
E afinal o quê?
Tal como nos contos das “Mil e Uma Noites”… - Fica para o próximo.
Inté

Alfredo Mingau