quarta-feira, 23 de março de 2011


AS PESSOAS

Andam por aí. E fazem coisas que não entendo. Qual é o objectivo de viver ? Será que as pessoas em geral já pensou nisso? Valerá a pena ser incorrecto, indesejável, ambicioso, desonesto, incoerente, incumpridor, desumano e por aí fora… Acho que deveríamos pensar nisto, a sério. Porque entendo que estas situações que as pessoas criam não são compatíveis com o dia a dia.
Onde as pessoas se cruzam e se ignoram.
Apesar de não ser um modelo de comportamento, deu-me para aqui. De fazer um apelo ao bom senso. Mas quem sou eu ? Terá cabimento esta crónica ?
Não sei.
Quando ia para a Escola de bicicleta pedaleira, anos cinquenta, cruzava-me com um velhote ali para os lados das Pontes de Marchil, para aí de quarenta e tal anos, que cumprimentava toda a gente que ia em sentido contrário e sorria.
Era uma atitude simpática. Que trazia qualquer coisa de esperança naquele sorriso amigo, afável, seguro, sereno
Já deu para ver que, se formos humildes e praticantes da verdade temos mais possibilidades de trazermos um sorriso na face.
Como o do velhote.
Já agora,
Que é feito do Alfredo, sim, o Mingau ? E do Montinho ? Às vezes é importante dizer não e estes colegas diziam. Com charme e com autenticidade. Se falo deles é porque tenho saudades de comentar as suas crónicas.
Punha-me a ler os textos e os meus comentários teriam que ser sentidos e verdadeiros. Aquele era um trabalho que eu gostava de fazer porque me educava o carácter. Hum, estarei a ir bem. Optava pelo sentir. E lá ia.
Aquelas histórias que o Montinho contava. É a última, dizia ele. E depois lá vinha mais uma. Porque é que já não vêem.
E o Norberto ? E o Moreno ? E o Diogo from USA.
Mas temos o Jorge Tavares. Que assina costeleta 1950 / 56.
É o único que o faz. Porque será ? Acho um gesto coerente. Não será para dizer que não chumbou nenhum ano. Ou é, Jorge ?
Eu repeti dois. Mas vou pôr.
Deixo-vos um abraço.

João Brito Sousa
Costeleta 1952 / 61


A PRIMEIRA MULHER CANGACEIRA


Maria Gomes de Oliveira , companheira do Lampião “ Maria Bonita “ formaram o lendário par de Cangaceiros do Nordeste Brasileiro, Morreram em 28 de julho de 1938, & nbsp; Ocorrendo o centenário do seu nascimento no dia 08 de Março de 1911, dia internacional da mulher (e sua memória foi evocada em alguns meios de comunicação do País) .
O termo cangaceiro era dado aos fora da lei que viveram de forma organizada nos finais do Século XIX e início do Século XX , sendo o Lampião considerado o maior de todos os tempos ! Causou grandes transtornos à economia do interior e sua história é um misto de verdades e mentiras.

No início da década de 30, mais de 4 000 soldados estavam em seu encalço, em vários estados.
Seu grupo contava então com 50 elementos entre homens e mulheres. Tornou-se amigo de coronéis e grandes fazendeiros que lhe forneciam abrigo e apoio material.
Lampião é odiado e idolatrado com igual intensidade, estando sua imagem viva no imaginário popular mesmo após 73 anos de sua morte.

No dia 27 de julho de 1938, o bando acampou na fazenda Angicos, situada no sertão de Sergipe, esconderijo tido por Lampião como o de maior segurança. Era noite, chovia muito e todos dormiam em suas barracas. A volante chegou tão de mansinho que nem os cães pressentiram. Por volta das 5:15 do dia 28, os cangaceiros levantaram para rezar o oficio e se preparavam para tomar café; quando um cangaceiro deu o alarme, já era tarde demais.
(Volante = Grupos de soldados ou contratados que percorriam as caatingas em busca de grupos cangaceiros. Também denominados por Jagunços . Alguns ficaram famosos por sua perversidade contra civis.)
Não se sabe ao certo quem os traiu. Entretanto, naquele lugar mais seguro, abriram fogo com metralhadoras portáteis, os cangaceiros não puderam empreender qualquer tentativa viável de defesa.
O ataque durou uns vinte minutos e poucos conseguiram escapar ao cerco e à morte. Dos trinta e quatro cangaceiros presentes, onze morreram ali mesmo. Lampião foi um dos primeiros a morrer. Logo em seguida, Maria Bonita foi gravemente ferida..
A força volante, de maneira bastante desumana para os dias de hoje, mas seguindo o costume da época, decepou as cabeças de Lampião. Maria Bonita ainda estava viva, apesar de bastante ferida, quando foi degolada, e dos outros integrantes .
Feito isso, salgaram as cabeças e as colocaram em latas de querosene, contendo aguardente e cal. Os corpos mutilados e ensangüentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus. Para evitar a disseminação de doenças, dias depois foi colocada creolina sobre os corpos. Como alguns urubus morreram intoxicados por creolina, este fato ajudou a difundir a crença de que eles haviam sido envenenados antes do ataque, com alimentos entregues pelo coiteiro traidor.
Percorrendo os estados nordestinos, o coronel João Bezerra exibia as cabeças - já em adiantado estado de decomposição - por onde passava, atraindo uma multidão de pessoas. Primeiro, os troféus estiveram em Piranhas, onde foram arrumadas cuidadosamente na escadaria da igreja, junto com armas e apetrechos dos cangaceiros, e fotografadas. Depois, foram levadas a Maceió e ao sul do Brasil.
As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969. Os demais integrantes do bando tiveram seu enterro uma semana depois.


Saudações Costeletas
António Encarnação