sexta-feira, 25 de março de 2011

Nota de introdução
Tinha acabado a minha colaboração no blog. Como alguns já o fizeram. Aceito o pedido pessoal no meu e-mail do João Brito de Sousa para escrever esta pequena crónica

A LÍNGUA

A língua do homem (ou de qualquer Costela |não falando em peça de carne|) é um órgão relativamente curto que não consegue as prócidências a grandes distâncias (?) como a dos mamí­feros formigueiros. Não existe uma verdadeira língua nos vertebrados primitivos, mas certos peixes possuem barras denti­feras no pavimento bucal que mordem contra os dentes palatinos.
A Vida na terra significa que a água não pode ajudar a manipular a alimentação e facilitar a sua passagem através da boca. As glândulas salivares são muito importantes para os animais que têm de comer muitas vezes alimentos secos e a língua torna-se um manipulador essencial para a comida agora humedecida pela saliva.
A língua também guia os alimentos entre os dentes e toma parte nos movimentos de deglutição após a mastigação. Em todos os mamíferos a língua actua como um orgão essencial descobrindo nos alimentos objectos perigosos à deglutição (espinhas) ou que possam prejudicar os dentes; também pode apreciar a temperatura dos alimentos. Possui “corpúsculos” gustativos especiais que reagem à presença nos alimentos de substâncias doces, salgadas, ácidas e amargas, relacionando a sua presença com o sistema nervoso. Muitos venenos naturais são amargos ou ácidos ao paladar, e foi uma admirável mutação aquela que permitiu aos vertebrados terrestres sobreviver por selecção e retenção do seu atributo gustativo..
Os homens, neste caso os Costeletas, também usam a língua para a articulação da palavra, neste caso escrita (também eu); os seus músculos tornam-na móvel e moldável e pode ajudar a produzir muitas e diferentes espécies de sons ou de escrita. Desempenha também a linguagem do gesto deitando-a fora em sinal de grosseria. Ela é longa e pontiaguda nos indivíduos altos e delgados.
Escrevi um pequeno resumo do órgão que todos nós possuímos com um pequeno propósito.

Vejamos o reverso em relação a este último capítulo desta minha crónica.
Uma pequena história, que de muitos já é conhecida, mas aqui vai a minha forma de a apresentar:

Existia um latifundiário que tinha ao seu serviço um cozinheiro muito competente na sua função.
Um dia chamou o cozinheiro e disse-lhe:
- Quero para o almoço de amanhã a melhor comida do mundo.
No dia seguinte o cozinheiro serviu-lhe, muito bem preparada, língua estufada.
- Língua, esta é a refeição melhor do mundo?
- Sim patrão, quando a língua não é má é do melhor que há!
- Então, para amanhã quero a pior refeição do mundo.
No dia seguinte o cozinheiro serviu-lhe, mal preparada, língua estufada.
- Língua novamente, então não é a melhor do mundo?
- Não patrão, quando a língua é má é do pior que há!

Porque não utilizamos, e só, neste nosso Blog, a “melhor comida do mundo”, caros  Costeletas”cozinheiros”?

Nota:
Os meus cumprimentos ao Diogo pelo seu belo texto de História de Portugal, insere-se na "melhor comida do mundo" neste Blog. Bom cozinheiro!


Montinho

O QUE FOMOS

Caro João

Vou ter que recuar uns dias no tempo, aquando escreveste e bem o primeiro textosobre o titulo “ não esquecer Portugal” que em boa hora o fizeste para,
recordar que as onças de ouro ainda hoje estão em divida à Santa Sé mas que Portugal compensou bem vários pápas no futuro tomando ou resgatando território aos mouros ,descobrindo outros e depositando-os no seio da Santa Madre Igreja com o que de bom e de mau daí adveio.Para mim,penso eu, foram mais os proventos que as perdas.Mas vamos aos nossos avós,os que partiram em busca de fortuna e pão que a pátria lhes negava ou não podia proporcionar. Eram guiados pormareantes de conhecimento empírico do que eram os ventos aliseos e correntes marinhas....e quantos pereceram antes que esses conhecimentos fossem passados degeração em geração? Na História ficaram os nomes dos maiores, os que reconhecemos hoje. Para mim, o maior acabou em desgraça perante El-Rei, por muitos anos não se falou nele, foi o nosso conterraneo de Lagos, Bartolomeu Dias, depois de dobrar o Cabo que chamou Das Tormentas ao fazer aguáda no que é hoje Mossel Baye deixou que a tripulação se amotinasse e....voltou sem atingir a mirifica India deixando com esse gesto D.João Segundo furioso....digamos que deixou imperar a bordo a democracia...a maíoria decidiu voltar. O rei escolheu para o substituir na tarefa um escudeiro seu que de mar nada sabia mas....era duro, Vasco da Gama, ao atingir Melinde contratou três pilotos árabes que o guiassem a Bombain,algures no meio do Indico os nossos capitães aperceberam-se pelas medições que faziam via astrolabio que andavam aos circulos e que pouco ou nada progrediam,reuniram as naus,Vasco da Gama mandou enforcar um dos capitães no mastro mais alto e apontando os outros intimou- os :-a seguir sois vós!....O resto todos conhecemos. Foi uma epopeia sem igual. A politica imperava nesses tempos como hoje. Nem sempre limpa mas necessária. O campião dela em todas as dinastias foi D.joão Segundo, um matreiro como são todos os estadistas, não o repugnou sacrificar o seu meio irmão que ficou conhecido como Cristóvão Colombo impingindo-lhe origem genovesa para com isso desviar a atenção de Castela das suas empresas....muito menos atribuir a Alvares Cabral a descoberta do Brasil porque isso o favorecia em Tordesilhas quando o verdadeiro “descobridor” tinha sido Diogo Pacheco Pereira uns anos antes.

O fim de D. João conhecemos,não conhecemos foi quem encomendou mas há duas ou três causas que nos podem ilucidar. Não vamos falar nisso por agora. Vamos antes lembrar que foi D. Manuel que começou a tirar proveito dessa epopeia que começava em grande,nos fez grandes no comercio do oriente....das sêdas, das especiarias e...das armas. Criaram-se tratados de estadia ou permanencia na India, na China, na Malasia e no Japão....ora isto só poderia trazer poderio para a Corôa e bem estar acrescentado para o povo que arriscava e....que poucas vezes voltava. Estabelecia-se com pequenos ou médios negócios, miscejenava-se, criou países que englobavam dentro nações como foi o caso do Brasil, de Angola e Moçambique.
Uma Pátria que tal filhos pariu merecia melhores governantes era a questão?
Claro que sim. Hoje, vêm-se enormes porta contentores com milhões de toneladas de bens de consumo atravessar os oceanos que nós à custa de muitas vidas desvendámos, dúvido que algum tenha pavilhão Português. A nossa marinha mercante foi desmantelada, os nossos estaleiros navais destruídos ainda não percebi ou finjo não perceber a bem de quem....Em tempos foquei aqui o caso do paquete Funchal que foi vendido nos anos oitenta por vinte mil contos e....dizia eu:- mais do que isso valia o veio da helice!
Termino. Se calhar merecemos mesmo o que nos cai na rifa em que não tirámos
bilhete.
Se fôr publicado deixo um abraço para todos
DIOGO




HOMENAGEM

AO ALFREDO MINGAU

Por João Brito Sousa

PELO SEU TEXTO “Pombas Enamoradas”
COMENTÁRIO CRÍTICO

O texto do Alfredo Mingau cujo título está acima e que está no blogue também, é, talvez dos textos mais bem escritos que alguma vez passou por aqui. É um texto difícil como são os de William Faukner ou no mercado interno, como são os textos da Lídia Jorge.
A cena da taberna está muito bem construída, com imagens únicas, exigindo saber e talento para as criar. E sensibilidade artística como consta neste excerto “Lá dentro um fumo frio rodopia…”
É um texto que nos exige reflexão alongada e que resulta de um excepcional momento de inspiração. Talvez iniciado às seis da manhã, como fazia Hemingway. Que ia até ao meio dia.

A mulher vestida de luto quem será? Alguém conhecido do autor. Uma criação ? Porque a Gervásia de Zola não entrava na taberna; esperava pelo marido até altas horas. E Lantier andava na borga e quando chegava dizia ter andado à procura de trabalho.

O silêncio é o rei desta crónica. O parente mais próximo da morte é o silêncio, diz-se. Parece-me haver aqui alguém que morreu, porque a mulher que se chega ao balcão está de luto, um véu que lhe chega aos joelhos, chapéu preto, luvas pretas …acenam sem dizer coisa alguma. A mulher baixa o véu.

Será Kakfa ? será Hitchcock ? será Vergílio Ferreira ? será Lobo Antunes, será William Faukner ?

Uma mulher de luto no centro da simpatia. Estranho, mas é por isso que as pombas enamoradas arrulham. Por simpatia recíproca. A simpatia, diz-se no texto, sobrepôs-se ao silêncio e ao negro do véu. Isto quer dizer que a vida continua. Com amor. Que é o primado da vida.

Dá que pensar este texto.
Pela abordagem ao silêncio.
Porque; “há ocasiões em que o silêncio de uma pessoa torna-se mais sábio do que qualquer palavra que poderia ser pronunciada. Quando há pessoas com quem podemos aprender (de todos, sempre podemos aprender) o instante é de calar e ouvir, absorvendo cada palavra para que penetre em nossa mente e não nos faça esquecer. "Mesmo um tolo, quando segura a língua, é considerado sábio."
Em meu entender, este texto aconselha a não falar de mais, mas a ouvir mais. E assenta-me como um a luva.

Por minha parte agradeço.

Deixo um abraço ao autor.

João Brito Sousa

NEM TUDO É TRISTE...



CARTA DE UMA ALUNA DA
3ª IDADE UNIVERSITÁRIA DE FARO

Faro, 21 de Março de 2011

Minha crida Mãezinha do mê curação :

Muito istimo cáo arreceber esta minha carta amecê se incontre numa prefêta e feliz saúde na companha da nossa vezinha Amela , que nã desfazendo é uma boa criatura. É cá mais o mê Manel a gente anda um pôco à rasca , mas também não ademira porque a gente tá quase todos no mesmo…Dês quêra camecê já teja melhor daquele marafado quibranto que le deu o vezinho Zé dos Porcos
Pôs Mãezinha , è cá hoje arresolvi iscrever-le qué pra le dar metissas do que por cá se vai passando na minha oniversidade e não só…
Como amessê sabe o mê Manel marticulou-me numa oniverssidade à donde só anda a fina flor da ssidade , quer dizer as mais enteligentes e os mais enteligentes também (não é pra me gabar) mas paresse-me que não istou inganada.
E nós a gente gustamos muito desta oniverssidade e quer dizer … dos senhores pressores também…Eles insinam muito bem e não dão porrada nagente nim nada… E sabe Mãezinha a gente hoje viemos à nossa oniverssidade da prepósito para omagear um senhor quer dizer um senhor que já foi nosso senhor Pressor e qué cá e mais as outras meninas gustavamos muito e aprindi uma purssão de coisas quer dizer aprindi porcu senhor nos insinou muito bem e é cá alembro-me muito bem das lissões dos confelitos dos impregados com os patrões e cu senhor pressor insinava muito bem à gente . Às vezes o mè Manel precurava-me colquer coisa só pra ver sé cá sabia , porquele tá-me sempre a dizer : se não istudas , não pões lá mais os pége e é cá não quero nim pinsar nisso porqué quer dezer é cã inté murria de desgosto se ele me fizesse uma coisa dessas… Atão é o qué gosto mais de fazer é vir às aulas… Gosto das culegas e dos culegos todinhos e dos senhores pressores … nim se fala !
É pur isso cagente tá oje aqui porque se não fosse o nosso senhor dotor Canal não avia nada disto e os pobres das senhoras da média edade levavam o dia no meio dos tachos e das panelas quer dezer, cada vez mais velhas e mais tristes cu dia intrior… E foi o nosso senhor dotor Canal que teve muita pena dagente e ós despois pediu com lessenssa à sua desposa dele e prontos lá cumessou a inssinar-nos a insinar-nos e nunca mais parou! E não se arrepindeu…nim um pedacinho… (também não ademira ele ganhava uma purradaria de dinhêro…) Intrementes o senhor pediu a reforma quer dezer pediu, porque as alunas e os alunos cumessaram a purtar-se mal (é cá não , e o mê Manel que sóbesse…) e arresolveu intão ficar a guzar da boa reforma com que ficou pelos bons servissos prestados a esta oniverssidade para a qual dita cuja, ele tanto trabalhou…E como o senhor não podia istar im casa sempre a ver só a sua desposa dele, quer dizer, a gente não pode istar a ver sempre a mesma pessoa…Atão ele, o senhor dótor Canal arresolveu a vir também prá sua oniverssidade . Intão o senhor dotor vem às aulas, assanta-se e vá lá, porta-se muito bem ,não vai brincar prá rua , nim bate nos senhores pressores... Tá ali muito sugadinho e às vezes inté passa plas brasas quer dezer, drome um becadinho, mas prontos a gente nã semporta e o senhor não encumoda a gente quando acorda ,porque não fica empertinente nim nada…
E nós a gente istamos todas e todos muito contentes e por isso arresolvemos dar –le o títalo de senhor Riator porque o senhor bem meresse , pois apesar de ganhar muito bem, ele também deu o seu melhor pra que a oniverssidade tivesse bons pressores e umas enstalações endessentes , onde estamos bastante bué de bem,quer dezer grassas ao desforsso do nosso muito istimado senhor Riator ( do nome é qué cá não gosto nada , faz-me alimbrar aquele riator lá do Japão que traz as pissoas todas acagaçadas com medo caquilo vá tudo prós ares)
…Ó Mãezinha e não acha bem qué cá vá dar os parabenge ó senhor Riator ? É cá não sei é sa senhora dele gustará , mas olha ela não me á-de dar purrada purisso, não acha Mãezinha ?
E prontos , ós despois é cá logo le conto o resto tá bem Mãezinha ?
Agora não se desquessa de dar muitas arrecumendassões ó compadre Imbroiso do olho torto e à vezinha Marizinha da quinta das vacas e já agora precure lá ó ti Zé da boca ó lado, se a porca da vezinha Juana, já tá melhor dos presuntos .
E amecê arresseba uma carrada de bêjinhos de mel, desta sua filha que le quer muito

Felicianita
Meu caro DIOGO

Começo com um abraço para ti e felicitar-te pelo teu comentário às minhas afirmações, das quais sou responsável, obviamente,
E recordar aqui a nossa escola primária onde foste parceiro de carteira do nosso comum amigo Bernardo Estanco dos Santos.
Onde começou a nossa amizade… de amigos perdidos e reencontrados de hoje.
Factos.
Se bem li, citaste a Peregrinação de FMP para me dizeres que “pavonear-se em Lisboa” nada consta.
Eu li esse livro há muito tempo e já não me lembro. Mas OK. Acontece que eu li isso do “pavonear-se” algures, não me lembro onde, mas assumo.
Fui procurar.
E reparei que a “Peregrinação” tenha começado a ser escrita entre 1569 e 1578, sendo esta última data referida na própria obra. O texto original foi deixado à Casa Pia dos Penitentes que iria publicá-lo 31 anos após a morte de seu escritor. Tamanha demora em sua publicação é creditada ao temor de Mendes Pinto frente à Inquisição.
E, li em
Navegações portuguesas e os descobrimentos, o seguinte:
“No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do comércio direto com o oriente.
Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.

Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em direcção às Índias.
Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência económica da época.

A Peregrinação é quase de 1600 e eu falei em 1500, onde, “Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitano, como se diz acima.
Logo, não podias ver os lucros na Peregrinação que conta outras histórias.
Falta o pavonear-se… que se deduz.
Os bidons villes para os franceses, não me agride, mas não sabia. É nesta troca de “saberes” que este espaço vale e deve ser cada vez mais participado.
Fica a explicação para a malta de 1500 às voltas em Lisboa, carregados de sedas.
Saudações costeletas.
Alguma coisa, estou por aqui.

João Brito Sousa
PS- Gostava de ler outros comentários.