quarta-feira, 27 de agosto de 2014

CANTINHO DOS MARAFADOS



CRONICA DE TEMPOS IDOS

AUTO DA GINJINHA

“Reza-te a Sina”, cantava a grande fadista Hermínia.

Não há sina, vou começar assim

 “Reza-te a lenda”, que numa longínqua semana, vários cavaleiros da “Ordem do Garfo e Faca” se sentaram á mesa, para um frugal repasto. Gratos pelo cair da noite na feira da ladra, o ar quente tornou-se suportável. Longas foram as conversas dos nobres cavaleiros, onde um porco preto bravo assado no espeto e acompanhado com castanhas deliciava os convivas.

Correu célere o delicioso vinho tinto da região demarcada do Alentejo, servido em canecas de barro, escorrendo pelas gargantas sempre secas dos convivas. Serenos e alegres, com vivas a El-Rei D. Afonso III, pela tomada do castelo de Faro aos mouros, deliciaram-se e alegraram-se na noite com mais umas pataniscas de bacalhau. Terminada a farta refeição, logo os cavaleiros partiram em demanda. Buscavam no meio da multidão, algum artigo por entre as tendas dos artífices que pudessem levar para os seus solares.
Mas eis que esta pequena aventura, rapidamente se tornou numa epopeia digna de ser cantada por todas as series de jograis por este reino fora. Os quatro cavaleiros mais bravos deparam-se inesperadamente numa tenda com um precioso tesouro escondido para maravilhar os seus olhos e gargantas. Tratava-se de um néctar, uma ambrósia divina servida em pequenos copos esculpidos em madeira chamada Ginjinha.
Tratava-se da saborosa Ginjinha fabricada em Óbidos, com um maravilhoso paladar a canela, como que irresistível ao palato mais exigente. E com elas! Depois as lendas começam a divergir. Conta-se que dois cavaleiros se entusiasmaram tanto que montaram, a linda burra Manuela, com a qual o almocreve Eduardo fazia o transporte da ginjinha e ia a Évora buscar o belo vinho alentejano e transportava em odres de coiro. Conta-se também que os escudeiros graciosamente ajudaram a que a deliciosa ginjinha começasse lentamente a desaparecer dos odres. E que os mesmos cavaleiros ao se verem confrontados por uma câmara de reportagem e ao saberem que se tratava da TV? se recusaram determinantemente a serem entrevistados por tão medíocre meio de informação, não fosse o diabo tece-las pelos grandes senhores da Corte, agastados com as reportagens mal intencionadas feitas por uma provocadora Moura de alta linhagem daquela estação.
Longa foi a noite e ainda amanhecia, quando exaustos, os cavaleiros prometeram não esquecer aqueles momentos medievais, o bom vinho alentejano, as pataniscas de bacalhau e a maravilhosa ginjinha de Óbidos.

Aldrabice do Ano da graça de 1249

Reportagem gravada/escrita pelo escriba Montinho  - que vai de férias para o Castelo de Paderne, Castelo do Reino dos Algarves que se encontra numa das sete quinas da bandeira.

(Qualquer semelhança com pessoas e coisas da actualidade é mera coincidência)



Castelo de Paderne