quinta-feira, 9 de julho de 2015

RECORDANDO ANOS 50

FOTO NO QUINTAL DA INDÚSTRIA

Alguma das meninas se recorda nesta foto?

DEIXA QUE ESSA EU CONTO
     
Um dia, destes encontrava-me meio enfadado na frente do computador.
A tela em branco e um branco na mente.
Não me vinha uma ideiazinha sequer para começar uma nova crónica, mesmo daquelas sem pés nem cabeça. Por mais que me esforçasse, acabava achando que não iria conseguir escrever nada. Achei que fosse porque vivia estes últimos tempos escrevendo crónicas sem ninguém para compartilhá-las ou comentá-las por me ter afastado do blog, era, realmente, uma coisa um pouco triste para compartilhar uma ideia, por mais maluca que fosse.
“Afinal, existem  tantas crónicas pelo avesso sendo publicadas hoje em dia em que, uma a mais, ou a menos, não faria diferença!”. Pensei nada escrever porque não estava nem um pouco inspirado. Se não estava inspirado, não tinha nada para escrever; se começasse a escrever sem inspiração, algumas linhas após o início, já não teria mais nada para contar, ou então, ficaria maçante e chato, sem pés nem cabeça, meio pelo avesso.
Mas não era dessa forma que eu costumava escrever. Meio pelo avesso e sem pés nem cabeça?. deixa prá lá!. Vá lá entender esses escritores malucos!
Pensei em todas essas possibilidades. Não é fácil escrever quando a gente não está inspirado, “principalmente histórias atrapalhadas para confundir o leitor”. E que até alguns gostam, mas não comentam.
Quem inventa regras é inventor e não escritor. Como é que um crítico pode achar-se o tal com suas opiniões se, não foi ele quem sentiu a história quando ela estava sendo concebida? Aí é que está a discrepância toda! O crítico da história é o próprio escritor. Além da história, é claro. Mesmo porque, o escritor vive discutindo com sua própria história. e a história discutindo com o escritor. Isto não quer dizer que todos sejam da mesma opinião. E aqui abro um parêntesis para afirmar que gosto de ler os comentários que me fazem.
“A liberdade de expressão existe para que cada um possa expor seu ponto de vista”.
Dentro do meu subconsciente ouvi uma voz a interpelar-me:
“Deixa que essa eu conto, eu sou a história”.
Achei que a voz estava tomando o meu lugar e impondo.
Como me encontrava sem inspiração deixei que a “história” contasse a sua própria história, afinal ela tinha seus direitos
E a “história” começou com o seu “blá-blá-blá” e coisa e tal, toda atrapalhada e perdida; começou enrolando; foi chegando na metade ainda mais enrolada. Fiquei desconfiado que a “história” não sabia o que fazer, e o que contar, ia chegar ao final daquele jeito, contando sem contar coisa alguma, mais enrolada que novelo de lã.
Então disse-lhe: “tás querendo me enganar?!”.
E a “história” nem se calou, continuou no seu “blablablá” que parecia não ter fim, enquanto eu começava a perder a paciência com tanta lengalenga.
              Então, além de enfadado, passei a ficar impaciente com aquela história mais estranha do que as que costumo escrever. “Para contar uma coisa dessas, mesmo sem inspiração, muita gente conta”. Pensei e disse, cortando o blá-blá-blá da “história”.
“Basta!”! Ordenei peremptório.
A “história” deu um sorriso amarelo, sem graça e foi saindo de mansinho, sem pedir licença, da mesma forma que chegara, desapareceu.
“Mas que droga! Nem uma ideia maluca me ocorre neste momento”.
Foi por isso que, naquele dia, nada escrevi. Estava cansado de histórias malucas que, na falta de inspiração, apareciam-me sem pés nem cabeça.
 “Histórias sem pés nem cabeça, bolas!”, disse desligando o computador, guardando papel e caneta e desistindo das histórias. Achara por bem não insistir, já que, não tinha a mínima ideia do que poderia ocorrer depois de ouvir novamente aquela voz insistindo:
“Deixa que essa eu conto!”.


d