quinta-feira, 9 de novembro de 2017

NECROLOGIA


D. MARIA ISABEL LEIRIA EUSÉBIO CORREIA

Mais uma veterana costeleta nos deixou e com esta partida a saudade, a estima e a veneração de quem foi uma verdadeira senhora e uma dedicada colega, que sempre estava presente nas jornadas promovidas pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira.
A Maria Isabel Leiria Eusébio Correia, contava 87 anos, era viúva do saudoso Júlio Correia, natural e residente em Faro (Largo Dr. Francisco Sá Carneiro), e foi aluna (Curso de Formação Feminina e Professora da nossa Escola).
O funeral da sempre lembrada colega realizou-se da Capela Mortuária da Igreja de São Luís, onde o corpo esteve em câmara ardente coberto com a bandeira da nossa Associação para o Cemitério de Elvas, onde foi cremado.
Presente em representação da Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira o seu Diretor, Florêncio Vargues.
À Família enlutada a expressão do mais profundo pesar. 

João Leal

NOTA DA REDACÇÃO: O Blogue deu a notícia a 16 de Maio - Roger
===============================================================
DEIXOU-NOS O REINALDO BARÃO DA SILVA
 
Durante muitos anos exerceu as funções de «Auxiliar de Ação Educativa», denominação a que, nos tempos idos, se chamava de «contínuo»  (quantas lembranças, entre outras e outros, das «meninas» Libânia e Lourdes e dos srs. Bonifácio, Vítor Tavares, Castro, Arnaldo, etc.) o sempre lembrado e muito estimado, por sucessivas gerações de professores e alunos, assim como pela generalidade da população de Faro, sua terra natal, Reinaldo Barão da Silva. Contava 82 anos e esteve internado no Hospital Distrital da capital algarvia e na Unidade de Cuidados Continuados de Olhão, onde faleceu. Era, afetuosamente, tratado pelo título de «Professor», dadas as suas ligações profissionais à Escola Tomás Cabreira, onde sempre exerceu o mister. O seu funeral, em que participaram alguns antigos diretores e professores da «nossa Escola», bem como muitos «costeletas», realizou-se da Igreja de ao Pé da Cruz, onde a uma estava coberta com a bandeira do Sporting Clube Farense, grande entusiasmo da sua vida, para o Cemitério da Esperança, em Faro.

João Leal
 
 


   

 





CIRCULO DE LEITURA



ESTRANHA NORMA DE MORRER!


Quando Osvaldo, o coveiro daquele cemitério, viu o sujeito entrando com uma pá e uma picareta nas costas, não teve dúvida. O sujeito estava tramando alguma coisa de ruim. Afinal, eram quase seis horas da tarde, o cemitério ia fechar, e nenhum enterro estava sendo realizado naquela hora. E se estivesse, ele não poderia estar ali, encostado no balcão daquele bar, tomando a sua cachacinha diária. Ninguém entraria no cemitério naquela hora, ainda mais portando uma pá e uma picareta. A não ser, que fosse para roubar. Isso não era uma coisa incomum. Ele já vira isso acontecer várias vezes. Saqueadores de túmulos era coisa normal, dissera urna vez o delegado, desde os tempos dos faraós egípcios. É que o tempo passa, mas as pessoas continuam as mesmas. Idiotas, vaidosas, imbecis. Ás vezes enterram seus mortos com seus pertences. Joías, relógios, anéis, o ouro dos dentes, roupas caras, etc. Ele já vira muito defunto ser desenterrado para ser despojado do ouro dos dentes. Coisa feia era ver defunto depois de alguns dias enterrado, e então ...
O bar ficava em frente ao portão do cemitério. E ele, depois da jornada diária, em que despachava os defuntos para sua última morada, ia ali para relaxar um pouco, fazer o "descarrego" daquelas "zinquiziras" infaustas que ele acumulava durante o dia, manipulando cadáveres e guardando-os nos escaninhos, ou então simplesmente depositando-os no fundo de uma vala húmida e rnal cheirosa. cuja terra, contaminada pela decomposição dos vizinhos, aderia no seu corpo como os vermes que consumiam aqueles defuntos que ele enterrava.
Ele viu o sujeito desaparecer por trás das turnbas. Seguiu-o até que ele parou junto a uma cova fresca, de um corpo que fora enterrado no dia anterior. Então não teve dúvidas. O sujeito era mesmo um ladrão de cemiitério. De certo sabia que aquele defunto tinha sido enterrado com algo de valor. Saiu correndo em direção á portaria, avisar Geraldo, o administrador. Tinha que chamar a polícia.
Mas já hav!a passado das seis horas. Geraldo já fora embora. Só o porteiro, Fabrício, estava lá. E agora? A portaria não tinha telefone. O telefone do cemitério ficava trancado dentro da sala de Geraldo.
- Corra até à delegacia, Osvaldo! Foi a ordem do porteiro.
- Anda, chama a polícia, homem!
A delegacia ficava perto do cemitério, mas nem tanto. Correndo, daria uns dez minutos. Osvaldo correu que nem urn rmaratonista. Chegou suado, ofegando e espavorido na recepção da delegacia, onde um soldado fardado estava de plantão.
_ Estão roubando o cemitério!, disse ele, de repelão. sem se anunciar nem fazer pausa para explicar nada.
- Vim chamar seu delegado.
- Ei, calma! Pediu o soldado.
- Fique calmo e explique isso direito.
- Tem um sujeito desenterrando um defunto que eu enterrei ontem, para o roubar.
- Roubar o corpo? Perguntou o soldado.
- O corpo não. Alguma coisa que o defunto tem.
- E defunto tem alguma coisa? Perguntou, com algum sarcasmo, o soldado.
- Tem gente que enterra defunto com coisas de valor. Relógio, anel, ouro nos dentes, e sapatos caros ...
- Ah? Agora entendi - disse o soldado. Espera que vou chamar o sargento.
- Depressa, senão o cara foge.
Em menos de dez minutos estavam no cemitério. Osvaldo, o sargento e um soldado. De armas empunhadas. apontadas para o sujeito. Ele estava em pé, em cima do monte de terra que havia tirado da cova que abrira. Osvaldo ficara longe, escondido atrás de uma lápide, pois tinha medo que houvesse briga e alguma bala perdida o atingisse. Assim, não pode ver que o sujeito não havia aberto uma cova já ocupada, mas sim uma cova nova, ao lado do defunto que ele havia enterrado no dia anterior.
- Você está preso! Gritou o sargento.
- Levante as mãos e fique de joelhos.
O sujeito olhou para os policiais e viu o brilho mecânico das armas. Estava escuro, mas o sargento ainda pode perceber, no rosto do individuo, uma fileira de dentes brancos se abrir em um sorriso sinistro e assustador. E foi graças ao seu treinamento e a sua intuição de policial que pode perceber, também, que a mão direita dele empunhava uma arma. E ele o viu levantar o braço, como se fosse dispará-la.
Foram dois estampidos que se ouviram dentro do cemitério. Um do sargento, outro do soldado que o acompanhara. O ladrão não fora rápido o suficiente, ou vacilou no momento de atirar. Caiu morto dentro da cova que ele mesmo abrira.
Ao pegar a arma do ladrão o sargento viu que ela estava descarregada. Ao procurar nos bolsos do morto por alguma identificação, os policias encontraram a carteira de identidade. O nome do sujeito era Carlos  Batista. Tinha cinqüenta e dois anos. Junto com O documento encontraram também um bilhete que dizia: "A minha vida deixou de ter sentido depois que você morreu, minha querida Elza. Quero morrer também e ser enterrado ao seu lado. Só que não tenho coragem de me suicidar. Mas vou achar um jeito de ir ao seu encontro. Me espere, meu amor."

Na cova ao lado,  uma lápide que havia sido recentemente colocada havia um nome, com uma data de nascimento e o dia da morte. Elza Dias Batista era o nome do defunto. Ela falecera ha tres dias atrás e fora enterrada ali no dia anterior.

Autor: Desconhecido

Roger