quarta-feira, 31 de outubro de 2018

FALANDO DE


RAFAEL CORREIA

O LIVRO                
                a palavra     O traço      a imagem
                       antologia de artes e letras da scala


O "Costeleta" Moreno trouxe o livro para a Isabel entregar ao Rafael, e escreveu:

 "Caro Rafael
Tal como tive a oportunidade de te dizer. Aqui está a prova de que Almada não te esqueceu. Tens a sua gratidão e uma Rua na Vila Nova de Caparica."
Abraço - J. Moreno

E a dedicatória no Livro para o Rafael:

Diamantino Lourenço dedicou:

"A Rafael Correia
De um fiel ouvinte do seu programa “Lugar ao Sul” que ouvia religiosamente no último terço do passado século.
Um dos colaboradores deste volume"
Diamantino Lourenço
(ver pág. 176)

Transcrição da pág. 176:

O algarvio Rafael Correia é ao nível nacional uma verdadeira lenda no mun­do da rádio. Sozinho, tinha o condão de, com a sua velha aparelhagem de gravação de som - a era digital ainda vinha longe - de percorrer os locais mais recônditos das serras algarvias, montes alentejanos e algumas regiões rurais do norte do país induzindo-se junto de gentes, na sua maioria introver­tidas e analfabetas, tendo a arte de conseguir sacar autênticos clássicos do melhor da memória e do património cultural do povo português.
Durante 29 anos fez uma enorme recolha no campo poético, instrumental. com tocadores, alguns exímios, de instrumentos de corda, acordeão, voz. harmónica bocal, concertina. As cantilenas, rimances, adágios, estórias adv-

Transcrição da pág. 177:

vindas de lendas, e os usos e costumes da vida rural assim como dos pescadores.
Gravou milhares de horas com a sua característica maneira de conseguir belas histórias de vidas, algumas com um percurso assaz difícil. Infelizmente só existe uma pequena parte desses registos na R.D.P. dadas as dificuldades técnicas de armazenamento.
Dessas horas programava duas para o "Lugar ao Sul", programa que era reli­giosamente ouvido por milhares de portugueses todos os sábados.
Ganhou tudo o que havia que ganhar em prémios e galardões na rádio. Neste verão (2009) com 72 anos, ao fim de 29 anos de programas e milhares de quilómetros percorridos, mas ainda na plenitude das suas faculdades, foi convidado pela RTP-RDP a sair, terminando desta forma um dos melhores programas de profunda raiz popular da rádio portuguesa.
Poderia aventar-se ao avançar da idade e cansaço do programa, todavia, na mesma empresa lá continua, e bem, José Hermano Saraiva com os seus 90 anos nos atalhos da grande história pátria. Pode vir a talhe de foice o adágio popular, "Vale mais cair em graça, que ser engraçado".
O professor Manuel Pinho, da universidade do Minho, define deste modo as características humanas do etnólogo: " Artista no modo de entrevistar, Rafael Correia entra frequentemente no jogo subtil de cumplicidades a que não faltam a argúcia e o humano, conseguindo documentos magistrais de um país, que os holofotes da moda mantêm escandalosamente na sombra. Cos­tura depois um programa de duas horas acompanhado do melhor da nossa música erudita e popular".
No sítio da RTP, em áudios multimédia, suscitando o "Lugar ao Sul", poder­se-ão ouvir uma dezena dos seus últimos programas.
Almada atribuiu-lhe uma artéria em Vila Nova de Caparica.
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Um arranjo de Roger