sábado, 7 de março de 2020

GRUTAS DO ALGARVE

Cerro da Cabeça

AS GRUTAS DO CERRO DA CABEÇA

São de uma grande referência no património espeleológico, natural e histó­rico do Algarve as «grutas do Cerro da Cabeça», situadas a 249 metros de altitude na ele­vação mais oriental da Serra do Monte Figo, na freguesia de Moncarapacho, do concelho de Olhão. Famosas o são as suas estalactites, estalagmites e outras formações rochosas e um grande abrigo de morcegos que ali têm o seu habitat, constituindo «um monumento natural por via das suas formações cársicas com o maior lapiás do Sul do País».
Recentemente este indiscutível e ímpar património olhanense, tão esquecido como vilipendiado, foi analisado no decurso da meritória iniciativa da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, «De Setembro a Abril, memórias mil» e em reunião científica e cultural que teve lugar no Centro Explicativo e de Acolhímento da Calçadinha e onde o reputado espeleologista Mestre Frederico Tatá Regala (Docente da Universidade do Algar­ve e Técnico Superior da Direção Regional de Cultura) dissertou sobre «Grutas do Algar­ve enquanto património cultural», explanando sobre as cerca de 90 cavidades cársicas da nossa Região, com referências desde os Neandertais às Mouras Encantadas.
Nas grutas do Cerro da Cabeça, a mais de 60 metros de profundidade e até aos 90 metros, pudemos encontrar as da Algar Medusa, Algar Maxila e Algar João como, os quantos já lá o estiveram o descrevem e descritas, incluídas nas cerca de 9 dezenas exis­tentes na região algarvia e de acordo com o excelente «Inventário das Grutas do Cerro da Cabeça», elaborado pelo Centro de Estudos Espeleológicos do Algarve.
A quando da nossa residência no concelho de Olhão (1958 / 1970) e, de modo especial na presidência de Alfredo Timóteo Ferro Galvão na presidência autárquica, traba­lhámos no sentido do aproveitamento desta riqueza natural, sua preservação, valorização e integração na oferta turística como acontece em Portugal (Santo António, Alvelos, Mira de Aire, etc.) e no estrangeiro. Sendo o local propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Moncarapacho devíamos a constituição de uma sociedade envolvendo esta Instituição, o Município e a Comissão Regional de Turismo do Algarve, então a surgir. A ideia aplaudi­da, nunca conheceu, até hoje, qualquer evolução.

JOÃO LEAL