terça-feira, 31 de março de 2020

CRÓNICAS DO MEU VIVER OLHANENSE

  

                        A PROCISSÃO DA SANTA VERA CRUZ
                    Era na noite de 3 de Maio que em cada ano e muitos foram os anos em que levámos a participar a nossa filha primogênita, Armanda Maria, olhanense de nascimento (16 de Agosto de 1963) nesse cortejo que perante o cântico da petizada percorria as ruas da Fuseta, onde então residiam. A «Procissão da Santa Vera Cruz», então presidida pelo lembrado Pároco Padre Américo Gomes dos Santos, um bom pastor e dedicado amigo que tive a honra de ter, enchia de luz a «Branca Noiva do Mar», pelas centenas de tochas floridas que as crianças empunhavam. Cantavam a plenos pulmões na sua alegria infantil:
                                       «Santa Vera Cruz,
                                        Para todo o sempre,
                                        Amen, Jesus!»
                         Vem esta lembrança a propósito da fotografia, recentemente publicada, no seu excelente blogue com fotografias suas e do saudoso amigo Floriano Andrade («O fotógrafo oficial da Fuseta», que o foi durante décadas), pelo também artista fusetense José de Fátima Rocha Alexandre, tal como sua Esposa, «costeletas« (porque antigos alunos da Escola Tomás Cabreira) sobre a «Procissão da Santa Vera Cruz» e que algumas justificadas interrogações suscitou. Nela, entre as muitas crianças que então incorporaram o cortejo, divisamos o nosso lembrado aluno Osvaldo Picoito (um dos melhores alunos que ensinámos, neto do recordado Cabo do Mar, que sempre o conhecemos em serviço na Delegação Marítima da Fuseta) e que foi um promissor jogador de futebol do Fuseta e do Benfica, havendo deixado a carreira para se juntar a seus extremosos pais em Angola.
                        Não sabemos se em outras terras do Algarve se cumpria esta devoção, mas lembramo-nos de que em Faro, menino e moço que o éramos, saia da Igreja de ao Pé da Cruz, sendo seu Capelão o meu Amigo Cónego Joaquim Jorge de Sousa, naquele mesmo dia de 3 de Maio, a procissão em honra da Senhora de invocação daquele templo, envergando os participantes opas com a «Cruz de Cristo». Quanto a nós trata-se de celebrar a dita «adoração da Santa Vera Cruz», na qual o Senhor Jesus foi crucificado e que teria sido encontrada em 326 (DC) por Santa Helena, mãe do Imperador Romano Constantino, que foi o primeiro a permitir o Cristianismo.

                                                                                                     JOÃO LEAL