Recordações e Casos da Vida Real de um
Costeleta Aposentado
Um Apelo e dois casos, um para sorrir, outro para
meditar
Por Paixão Pudim
0 Apelo; para recordar a necessidade, em tempos já
referido, da colaboração dos costeletas
interessados na feitura do nosso Jornal. Queiram partilhar depoimentos
interessantes no âmbito de
experiências vividas quer particulares ou profissionais, viagens ferias,
curiosidades, etc. Façam chegar as
vossas crónicas ao nosso estimado costeleta Rogério Coelho que, muito
reconhecidamente, agradece.
Na sequência do meu apelo e sem notícias recordando a vivência estudantil dos
costeletas nos anos cinquenta, e não só... decidi que a minha participação, a partir de hoje, seja de mencionar casos da minha vida profissional. Muitos dos meus amigos "costeletas do peito" sabem que sempre estive
inserido na construção civil que é
uma fonte inesgotável de situações
hilariantes e curiosas.
Eis o lº Caso... de que fui protagonista directo.
Estive, durante 4 anos, na urbanização "Alta de Lisboa” que fica situada a
Poente do Aeroporto, bairro da Musgueira, zona degradada de barracas cuja demolição
decorreu após construção do bairro social um pouco a Norte.
Em 200l deu-se início,
à grande obra na zona pomposa “Parque das Conchas"... condomínio fechado, 6 Blocos de 15 pisos cada,
residencial de 255 apartamentos. Construção de excelente qualidade e arquitetura
moderna para agradar os futuros proprietários de classe média alta... muitos professores
universitários, médicos, advogados, gestores, pilotos da TAP, comerciantes, etc...
No ultimo ano, na qualidade de fiscal, fiz
perto de duzentas vistorias.
Foi interessante apreciar as reações dos
futuros proprietários.
Aqueles que, pelo seu porte altivo, me pareciam muito rigorosos nas reclamações, aceitavam as anomalias com
serenidade, outros que julgava fáceis de contentar nos acabamentos mostravam-se difíceis de agradar.
Foi nesta circunstância que fiz a centésima oitava vistoria de um apartamento adquirido por um casal de empresários de
restauração naturais de Cascais. O senhor apresentou-se cortês e amável e a
esposa fazia-se notar pela sua altivez... genuinamente uma “Tia de
Cascais” A obra estava
adiantada em fase de acabamentos e na primeira vistoria apenas assina1aram, desfavoravelmente, os veios da madeira dos pavimentos flutuantes com
tons diferentes... para substituir algumas tábuas. Na segunda visita á obra pediram a
substituição dos puxadores das portas. Passados 5 dias, nova visita, desta vez, verificou-se alguns
riscos nos espelhos das casas de banho ... Depois tudo acalmou até que, uma bela manhã, quando cheguei ao parque de estacionamento da
obra...
estava um Mercedes à minha espera. De la saiu a senhora "Tia de Cascais” em voz alta a chamar-me - Sr. Paixão, estou desgostosa e desolada com o que me
aconteceu ontem à tarde. Já disse ao meu marido, se
não tivéssemos assinalado a compra do
apartamento, desistia de o adquirir.
- Imagine o Sr. que estivemos na EDP para assinar o contracto do fornecimento da eletricidade e gás, quando não é o meu espanto ao ter conhecimento do endereço da minha nova residência...
que fica no sítio das galinheiras, bairro
da Musgueira - Lumiar.
O que vou dizer ás minhas amigas?, -
para onde vou morar?... Mas aonde é o "Parque das Conchas" -
Alta de Lisboa - Lumiar?... Isto é uma vergonha!... - O Sr. Paixão vá á camara Municipal de Lisboa, mais depressa possível,
pedir para arranjarem um nome para esta rua ou avenida ou sei lá o que é… Foi difícil acalmar a senhora e
convence-la que, num futuro próximo, será contemplada com o pedido.
Passaram-se mais uns dias e, já
próximo do Natal, voltou a dita senhora com um novo pedido argumentado. – Já
sei que não tenho possibilidades de efetuar a mudança até ao Natal, mas
gostaria de fazer a passagem do Ano na minha nova residência… até porque espero
a visita dos meus cunhados vindos do Canadá. É
necessário concretizar o pedido que fiz dias atrás... que é substituir uma
pedra do nicho da lareira na sala que está diferente das restantes.
Chamei o encarregado que logo esclareceu
– os pedreiros são naturais de Braga... deixam alguns dias das férias de Verão
para juntarem o Natal ao Ano Novo e só aparecem na obra no dia 2 de Janeiro.
Não é possível.
A senhora indignada volta-se para mim
e exclama – Oh, Sr. Paixão, mas este pessoal também tem férias?
Sem comentários!...
NOTA DA REDACÇÃO: Já recebemos o 2º caso. Estamos a editá-lo, publicaremos logo que o tenhamos pronto. A foto do Paixão encontra-se na galeria de fotos, á direita dos textos.
Roger
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