quinta-feira, 1 de outubro de 2009

FEIRA DE FARO

Uma barraca de quinquilharia

A FEIRA DE SANTA IRIA
De Alfredo Mingau
Estamos a poucos dias da Feira de Faro, Feira de Santa Iria., que se realiza, geralmente, com início a 20 de Outubro.
Esta feira teve o seu início em 20 de Outubro de 1596 e, porque o dia 20 de Outubro é o dia de Santa Iria, daí o seu nome de Feira de Santa Iria. Inicialmente era uma feira de “forra e franca” em que os feirantes não pagavam impostos do que vendiam.
Iremos fazer uma retrospectiva, para podermos comparar a actual com a que muitos de nós recordamos dos anos 30/40.
Nestes dias a cidade enchia-se de gente, porque, uma feira na capital do distrito, era um chamariz muito significativo. Vinham de toda a província e do Alentejo. As camionetas faziam desdobramentos, os comboios apinhados, superlotados, despejavam os passageiros no apeadeiro de S. Francisco. 8 a 10 dias era a duração da feira.
O piso do Largo de S. Francisco era de terra, com pedregulhos aqui e acolá e, quando chovia, era um autêntico lamaçal imundo, mas ninguém arredava pé.
Os vendedores vinham de todo o país fazerem o comércio dos seus produtos de barro, alumínio, cobres, porcelanas, vidros, artefactos de madeira, fazendas, sapatos, bordados, ouro e prata.Os feirantes montavam as suas tendas formando ruas, em que a principal, ao centro, era a mais larga; faziam os seus negócios utilizando a “Lei” da “oferta e da procura”, não existia o chamado “preço fixo”.
Viam-se os visitantes e os moradores, saírem da feira carregados com as suas compras.
Havia as “quermesses”, com rifas, os pavilhões de sorteios, os vendedores que apregoavam em altos “berros” a qualidade das mantas e outros artigos com ofertas adicionais, os sabedores de curas milagrosas, elixires, unguentos e chás, num discurso activo para captar o interesse da “massa humana”, em que predominavam os “vendedores da banha de cobra”.
O cheiro da castanha e do polvo assados, impregnava o ar da feira, as farturas, que muitos apelidavam de “charingos” e as filhós; do “aguadeiro” clamando “água fresca regalada, um tostão, uma barrigada”, o torrão de alicante, os “comes e bebes”
E, caminhando na direcção do apeadeiro, chegávamos ao local das diversões. E ali, apreciávamos o “martelo de medir forças” que estoirava quando batia no cimo, as barracas de “tiro ao alvo”, num local mais recatado, “senhor, venha dar um tirinho” convidavam com um sorriso aberto..., as setas e as bolas para derrubar a pirâmide das latas, em que as meninas não vendiam só isto...
O poço da morte, a barraca dos espelhos, o comboio fantasma, os carrosséis, os carrinhos de choque. O circo, com os seus palhaços, trapezistas, malabaristas, ilusionistas, era a principal atracção da feira que, geralmente, depois dela acabar, ainda lá ficavam a dar espectáculos em que a entrada era “dama e cavalheiro” um só bilhete.
O largo D. Afonso III era o comércio dos frutos.
A feira dos animais, do gado, era na Penha, junto ao cemitério dos Judeus.
Um encanto, a nossa feira de Santa Iria, naquele local podíamos galvanizar todo o sentimento.
Era um local obrigatório, e ainda é, para a “malta” da Escola Tomás Cabreira.
Podem fazer a comparação, com a feira descrita, e a actual moderna e cheia de novas tecnologias.
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho