quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A ENTREVISTA DE A. LOBO ANTUNES

PONTO DE VISTA
O escritor António Lobo Antunes é da minha idade. É um intelectual e pessoa da cultura. Ouvi a entrevista que deu à jornalista Judite de Sousa na RTP 1 e vou deixar aqui a minha opinião sobre ela.
A.L. Antunes tem uma forte presença televisiva. É poderoso. Disse algumas coisas que não entendi, outras com que não estou de acordo e outras fantásticas.
Literariamente não tenho por ele admiração por aí além, aliás, tenho muito pouca, porque não sei ler os seus livros. Talvez porque ele nunca me ensinou a lê-los. É ele que diz: o autor deverá ensinar os seus leitores a ler, porque ler é tão difícil ou mais do que escrever.
Uma vez, estive com ele, numa sessão de autógrafos num Shoping da cidade do Porto e, além do autógrafo no livro que lhe pedi, pedi-lhe também uma entrevista, para um dos jornais do Algarve onde escrevo.
Disse-lhe, António, vc é pessoa para me dar uma entrevista? Sabe, estou a começar no jornalismo e gostava de… E ele, olhando-me fixamente e depois virando a cara para o lado, onde estava um amigo, meio a sorrir, disse-me, já abri a boca de mais.
Nestas respostas curtas o A.L.Antunes é excepcional.
Na entrevista, foi brilhante naquela cena do alentejano, seu colega no Hospital, que, com o colarinho abotoado e sem gravata, quando era chamado para ser visto pelo médico, avançava e, naquela camisa branca, sem gravata, o António via a gravata mais linda do mundo.
Este é o A.L. Antunes da televisão, enquanto entrevistado. Domina o palco por completo, conta histórias dramáticas, aguenta-se e não chora. Reparei nisso. Estamos a falar do homem.
Do escritor, não entendendo muitas coisas do que disse, acho que não esteve bem, apesar de demonstrar uma boa cultura. Escreve 11 horas e tal, folga um pouco aos sábados e recomeça aos domingos.
Não é regra a seguir, penso eu.
Diz que tem um grupo de amigos, que se juntam à quinta feira e não falam de mulheres, política e religião. Não acho bem, porque o escritor tem que estar disponível para falar de tudo, goste ou não.
Beijam-se entre amigos. Diz que é bom beijar um homem. Hum !!!...
Todavia, na sua literatura há um objectivo; estudar o homem, a alma eo coração. Ele não disse isto assim mesmo; disse-o mais ou menos. Mas eu penso que é isso.
Pareceu-me um homem só e não se vive para estar só. É errado. Agora éamigo de Deus, com quem aliás às vezes está em desacordo. Nada a opor.
Ele e Saramago, deu para ver que não se entendem. Não gostei do que disse. E duma maneira geral também não.
Disse-me há dias o Norberto Cunha que o António está a perder leitores. Dá-me essa ideia também. Não sei bem porquê…
Todavia, gosto dele na crónica curta da Visão.
Em resumo, GOSTEI MENOS DO QUE ESPERAVA. E QUAL A OPINIÃO DOS COSTELETAS?
João Brito Sousa

DO CORREIO

Em 1985 por motivos pessoais, decidi vir para o Brasil! no entanto como as noções que tinha do País eram limitadas ao que praticamente tinha aprendido na Escola, e embora as Novelas Brasileiras já fizessem parte do quotidiano português em que o horário das 20,30 horas era sagrado para grande percentual assistir ás mesmas!
Na generalidade quem viaja para lugares que não conhece, procura colher informações básicas sobre o destino para onde vai viajar, como na época não existia o acesso actual aos meios informativos que permitem entrar na internet e ver as informações sobre qualquer cidade no Planeta, enquanto os noticiários nos apresentam poucas horas depois os acontecimentos de maior destaque , Procurei em muitas Livrarias em Lisboa e a literatura informativa não foi além de um Livro sobre ecologia no Amazonas!
Habituado a Portugal em que de Norte a Sul a distancia pouco passa de setecentos quilometros , quem está em Lisboa qualquer cidade do País fica a poucas horas, ao chegar ao Brasil foi para mim um choque tomar conhecimento das distâncias entre as cidades que conhecia de nome: distância do Rio de Janeiro ás cidades do Norte,Nordeste e Brasilia
Belem = 3250 Km
Manaus 4374 Km
Fortaleza 2805 Km
Recife 2338 Km
Salvador 1649 Km
Brasília 1148 Km
Do Rio de Janeiro para o Sul
S. Paulo 429 Km
Porto Alegra 1553 Km
Num País quase continente com um Litoral de 7.491 Km. entendi que não conhecia nada sobre o Brasil. Morei 3 meses no Rio de Janeiro, Bairro de Copacabana Parte Sul da cidade a 200 metros do calçadão da Praia, tinha amigos na parte Norte da cidade "Pilares" e frequentemente me perdia quando os visitava, numa região metropolitana quase com 12 milhões de habitantes! acontecia ao regressar para Copacabana em que passando o Estádio do Maracanã acabava por ir para o Centro e seguia as Placas. O Rio de Janeiro sempre foi divulgado como cidade de muita violência, e naturalmente que ouvi alguns conselhos básicos sobre segurança, na realidade reparei que num local nobre da cidade tinha pessoas que nasciam, viviam e morriam na Rua. Nunca tive problemas com essa gente que por uns trocados me vigiavam o carro quando precisava estacionar, tive sim com o preço exorbitante nas oficinas auto! Os noticiários da Europa e Estados Unidos têm falado sobre os Incidentes nas Favelas, será que é por causa das Drogas? O consumo no Rio é cerca de metade do de Nova Iorque, e inferior ao da Alemanha! O Problema é mais Territorial nas próprias Favelas onde acabam por ser o endereço de parte dos milhares de migrantes que diáriamente chegam ás cidades, que sem estruturas para receber essa força que procura trabalho na maioria sem qualquer qualificação acabam excluídos e forçados a procurar as mesmas onde por baixo preço encontram abrigo. São os donos desses abrigos (favela) que fazem negócio, de certa forma a Novela duas Caras em que o António fagundos desempenhava esse papel, mostrou um pouco que não pode ser confundido com a realidade, em que as bases são onde existe um Bairro Rico, perto fica a favela onde moram parte das pessoas que trabalham no mesmo. Quase como no passado em que os senhores moravam na casa grande e os escravos nos barracos perto da mesma .
Saudações Costeletas.
António Encarnação
OS COSTELETAS E A SUA ESCOLA - 1
Após interregno de alguns dias sem escrever no blogue, coloquei-me frente ao teclado do computador, pensando qual o tema do próximo texto. O condicionalismo temático a que o blogue está sujeito, particularmente dos temas que podiam dar mais "matéria" para abordar, obrigam-nos a redrobados cuidados e alguma imaginação. Confesso que não tenho muita imaginação para ficcionar e a fazer prosa sobre factos, corro o risco de me tornar repetitivo e consequentemente, de tornar os meus textos menos agradáveis.. Os temas acerca dos COSTELETAS e a ESCOLA, são sempre interessantes, e do agrado dos costeletas leitores.
Vou contar, neste e em próximos textos, algumas situações por que passei enquanto aluno da nossa Escola: Aula de dactilografia e alguns factos introdutórios:
Mestre Carolino, são-brasense de gema, carácter vincado pela sua naturalidade serrenha, pessoa de difícil trato.
Os meus 13 anos acabados de fazer, não permitiam uma saudável relação com os rompantes imprevisíveis do Mestre.
Colocar os dez dedos no teclado da máquina de escrever, que previamente tinha sido separado por uma cartolina, dividindo o "H C E S A R O P Z", e escrever com todos eles, particularmente com o mínimo, não era fácil. O mestre, com os seus quase dois metros de altura, cara sisuda e impenetrável, obrigava-nos a cumprir escrupulosamente os seus ensinamentos. Entrei para a primeira classe e o meu pai entregou-me um fio de ouro com uma cruz, que havia pertencido a minha mãe, já falecida, que sempre usei e ainda hoje uso. Certa dia, em plena aula, usava então a camisa com mais um botão desabotoado, porque estávamos no Verão, o que permitia ver o dito fio e a respectiva cruz, e sentado na carteira, com a Underwood na minha frente, vi que o mestre Carolino descia do estrado e vinha na minha direcção, de dedo espetado e de feições ainda mais carregadas. Imagine-se como tremi de medo, sem saber o que se iria passar. Quando chegou à minha beira, tocando na cruz e com voz de "barítono", disse: Sabes que isso é uma ostentação e por conseguinte, não representa qualquer acto de fé?!
De seguida, desabotoou a sua camisa no peito, e apontando para si próprio, perguntou-me: O que vês?
Atrapalhado, algo engasgado e a medo, respondi: Mestre, não vejo nada. De pronto contrapôs: Pois tenho aqui uma cruz, muito maior que a tua e de verdadeira fé.
Com o seu regresso ao estrado, finalmente acalmei e, garanto-vos que nunca mais levei a camisa desabotoada, para a aula de dactilografia.
Hoje, louvo este mestre. Muito embora nos tenha ensinado de forma austera, todos lhe reconhecemos as suas virtudes, quando ao tempo teclavamos a máquina de escrever e hoje, teclamos o computador. Não é fácil teclar com todos os dedos, especialmente o mínimo. Nós aprendemos! Obrigado Mestre Carolino.
Jorge Tavares (ver foto na galeria)
costeleta 1950/56

AGENDA


Efemérides

Outubro – 22 – Quinta Feira

1721 - Pedro, o Grande, assume o título de Czar de todas as Russias;
1811 – N. o pianista e compositor Húngaro Franz Liszt (M. 1886);
1945 – Criada em Portugal, a Polícia Internacional e Defesa do Estado (PIDE);
1954 – Início da guerra da independência da Argélia;
1964 – O escritor e filósofo francês Jean-Paul Sarte recusa o Nobel da Literatura;
1969 – Inaugurado, em Lisboa, o Teatro Maria Matos.