terça-feira, 10 de novembro de 2009

DO CORREIO

Mão amiga, fez-me chegar esta carta, que considero o reflexo do que penso sobre o assunto.
A autora reside no Canadá e não quiz deixar de se manifestar de forma indignada, mas sem surpresa, uma vez que conheceu bem a personagem principal.

Saudações costeletas
Antonio Viegas Palmeiro

CARTA DO CANADÁ

Fernnanda Leitão
SEM COMPLEXOS NEM PRECONCEITOS
Seguramente, foi em 1959 que assentei arraiais na Brasileira do Chiado, no grupo pontificado por Tomaz de Figueiredo, Jorge Barradas, Abel Manta e Almada-Negreiros, onde fui dar pela mão de artistas plásticos cujo vasto ateliê passou a ser, também, meu poiso habitual. Meu e de muitas outras pessoas.
Em tardes de inverno, com a lareira acesa e tomando chá, por ali passava a dizer poemas Vasco Lima Couto e, a inundar o espaço com a sua voz inesquecível, Eunice Muñoz. Gente do teatro, do cinema, da música, das artes plásticas, do jornalismo, das letras, ali convivia com serenidade e gosto.
A escritora Isabel da Nóbrega começou a ser habitual e depressa se tornou uma amiga dos donos do ateliê. Senhora de bom berço e fino trato, inteligente e culta, bem instalada na vida, caíu numa cilada do demónio. Apaixonou-se por um zé-ninguém, nem sequer bonito, muito menos simpático e bem-educado, que olhava tudo e todos de nariz empinado, numa pseudo-superioridade de quem tem contas a ajustar com a vida, quezilento e muito chato. Falava como um pregador de feira e era intragável. Mas, em atenção à Isabel, lá íamos aturando o José Saramago.
Para mim, que sou péssima, foi ponto assente: aquele não a ia fazer limpa, era um depósito de ódio recalcado. Foi por isso que não me admirei nada quando o vi director do Diário de Notícias, a mando do Partido Comunista, onde, da noite para o dia, lançou ao desemprego 24 jornalistas, dos da velha escola, dos que escrevem com pontos e vírgulas, deixando-os, e às famílias, sem pão. Tambem não fiquei minimamente surpreendida quando soube que abandonou Isabel da Nóbrega, que tanto fez por ele, para alvoroçadamente casar com uma espanhola que foi freira e tem vastos conhecimentos no mundo da política e das letras. Para mim, estava tudo a condizer com a figura.
Cá de longe soube que publicava livros e vendia muito. Não me aqueceu nem arrefeceu, porque nunca li nada escrito por ele nem tenciono perder tempo com isso. Não me apetece, e está tudo dito. Nem o Nobel que lhe deram me impressionou, porque já vi o Nobel ser dado sem critério algumas vezes. Acho mesmo que o prémio está a ficar muito por baixo.
E agora, o homenzinho da Golegã a chamar nomes a Deus, a insultar a Bíblia nuns raciocínios primários de operário em roda de tasca. Dizem que o fez por golpe publicitário. Talvez. Acho que é capaz disso e de muito mais. No entanto, creio que, no meio do aranzel, apenas houve uma pessoa que lhe fez o diagnóstico certo: António Lobo Antunes, numa magistral entrevista dada à RTP, há dias, respondeu a Judite de Sousa, que o interrogava sobre as tiradas de Saramago, que essas vociferações contra Deus lhe tinham feito medo. E adiantou: “tenho medo de chegar à idade dele assim, sem senso crítico”. Está tudo dito. É mais um como há tantos anciãos de tino perdido em Portugal. É deixá-lo andar. A mim tanto se me dá.


Ass.Fernanda Leitão

CASIMIRO DE BRITO

Mais uma informação sobre a apresentação da edição bilingue
Na Via do Mestre / En la Vía del Maestro
A ver em:

http://comlivros-teresa.blogspot.com/

RELEMRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS

JOÃO DE DEUS

Crónica “historial Biográfica” de
Alfredo Mingau

JOÃO DE DEUS de Nogueira Ramos, natural de São Bartolomeu de Messines, onde nasceu no dia 8 de Março de 1830. Os pais Isabel de Gertrudes Martins e Pedro José dos Ramos, era uma família modesta e natural de São Bartolomeu de Messines. O pai era conhecido pelo “Pedro Malgovernado”, porque gastava com os filhos mais do que podia.
João de Deus fez o estudo de latim e ingressou no Seminário de Coimbra. Os Seminários eram, então, o caminho aberto aos mais necessitados e de parcos recursos para prosseguir os estudos.
Em 1850, porque, não sentia vocação para seguir a vida eclesiástica, ingressou na Universidade de Coimbra, matriculando-se em Direito.
A vida académica foi, para ele, uma vida de boémia, tendo-se formado passados 10 anos do seu ingresso, o que aconteceu a 13 de Julho de 1859.
Desde sempre revelou os seus dotes líricos, com versos que circularam no mundo académico e obtinha, com eles, parcos rendimentos para a sua subsistência. Alguns condiscípulos e amigos chegaram a fazer, para o ajudar, colectâneas das suas poesias que eram publicadas na imprensa de Coimbra. A sua reputação cresceu com estas publicações.
No final do curso fixou-se em Coimbra, dando pouca atenção à advocacia e continuando a escrever poesia, enveredando pelo carácter “satírico”.
Em 1862, aceitou o convite do periódico “O Bejense”, jornal de maior expansão do Alentejo. E aqui ficou até 1864, regressando à sua terra natal, onde exerceu, sem sucesso, a advocacia.
Em 1868 concorre, como candidato independente, às Cortes e, a 18 de Maio de 1868 presta juramento e inicia a sua actividade parlamentar.
Em 1869, em declarações ao Jornal “Correio da Noite”, “Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos? Deve ser (…) gaiola que talvez sirva para dormir lá dentro a ouvir a música dos outros pássaros. Dormirei com certeza!”
Pouco depois da sua eleição casou com Guilhermina das Mercês Battaglia, senhora de boas famílias. Nasceram dois filhos Maria Isabel Battaglia Ramos e José do Espirito Santo Battaglia Ramos que viria a ser Visconde de São Bartolomeu de Messines.
Trabalhando na sua obra poética publicou a colectânea “Flores do Campo” e escreveu outras consideradas de “Ultra-romantismo”. Teófilo Braga reuniu, organizou e compilou os seus textos líricos, satíricos e epigramáticos que foram editadoa com o título de “Campo de Flores”, na qual foi incluído o “Poema Lascivo” “Criptinal” que provocou escândalo.
Em 1876 envolve-se em campanhas de alfabetização, escrevendo a obra que haveria de o tornar Pedagogo “A Cartilha Maternal”. Alexandre Herculano e Adolfo Coelho, consideraram-na uma obra genial e de grande utilidade, Esta obra foi aprovada oficialmente como método nacional de aprendizagem da escrita da língua portuguesa.
Em 1895 foi organizada uma grande homenagem ao poeta, por iniciativa dos estudantes de Coimbra. O Rei D. Carlos impôs-lhe a “Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada”, com comemorações em todo o país.
Pouco tempo depois, O Ministério do Reino, por iniciativa de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, decidiu retirar das salas de aula os quadros da “Cartilha”.
João de Deus fica doente com uma enfermidade cardíaca e viria a falecer, em Lisboa, no dia 11 de Janeiro de 1896. Está sepultado no Panteão Nacional.
Em São Bartolomeu de Messines, a casa onde o poeta nasceu tem, na sua fachada, uma lápide alusiva ao poeta.
É considerado “O Poeta do Amor”.

JORNAL "o COSTELETA"

O nosso Jornal o Costeleta, foi hoje entregue para impressão, prevendo-se o seu envio, a todos os Associados, na próxima semana.

Rogério Coelho

AGENDA

Efemérides

Novembro - 10 - Terça Feira

1729 - Árabes conquistam definitivamente Mombaça a Portugal;
1849 - Criado o Tribunal de Contas em Portugal;
1875 - Fundada a Sociedade de Geografia de Lisboa;
1910 - A Inglaterra reconhece a República Portuguesa;
1913 - N. em Coimbra o político Álvaro Cunhal, secretário geral do partido comunista português, entre 1961 e 1992;
1961 - No decurso da operação Vagô, o grupo de Henrique Galvão (1895-1970) desvia um avião da TAP (carreira Casa Blanca-Lisboa), e lança panfletos contra o regime salazarista.
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