domingo, 14 de novembro de 2010

NÂO ABANDONEM O BLOGUE


Esta chamada de atenção no blogue costeleta, para não abandonarem o blogue, fez algum distúrbio no baú dos meus conceitos quando li o apelo “poético” do JB.
Paciência, João, o mundo não vai acabar amanhã, e se acabar, teremos vivido inutilmente.
Se tu, João, que és escritor bem reconhecido e bem publicado, dizes isto, a quantos eu terei vivido e lido até então para o dizer?
Convém explicar que o apelo deste amigo está ligado ao poema que ele publicou aqui no blogue.
Pois bem, ele está certo. Depois, diz o dito popular que durante a vida todos devem plantar uma árvore, escrever um livro e… Ele já fez isso tudo. A árvore cresceu, o livro (vários) até editados foram. A árvore, por certo, já espalhou muitas sementes e deve ter uma prole significativa. Os livros, perguntando aos passeantes deste blogue quem os não leu? E… fica no pensamento dos curiosos em que podemos incluir este “apelo”
Será que houve algum vazio neste blogue? Quase todos os dias vejo, com satisfação, publicada uma nova crónica
Diz, meu caro amigo, conterrâneo e escritor, que adivinhão tu não és (que eu saiba) nem sensitivo para descodificar caraminholas numa tela fria de computador, no outro lado afastado neste Portugal, entre Faro e o Porto mas centralizado na Internet?
Caraminhola de quem age, conscientemente, como se o mundo fosse uma incógnita e que se satisfaz na plenitude dos seus direitos em subscrever com pseudónimo os seus textos neste blogue, mas que, também, se satisfaz com muita admiração verificando o teu contributo “desinteressado” mas interessado na continuidade e existência deste órgão de informação Costeleta; um “ponto de encontro” como escreve o Ferreira Borges.
E o “Mingau” não abandonou o Blogue Costeleta apesar de várias “injustiças”.
“Ainda havemos de viver todos até à morte”
E, como escrevia o Zé Elias Moreno:
A-LÁ-Bi! A-LÁ-BÁ!...
Um abraço e inté.

Alfredo Mingau


FIGURAS DA CIDADE

ALMEIDA CARRAPATO, Dr


Júlio Felipe de Almeida Carrapato, foi uma figura de grande prestígio na cidade de Faro. Impunha-se ao passar, pela forma irrepreensível como vestia, pela sua altivez, talvez resultado da sua competência profissional.

Advogado e publicista, foi dos autores que em Portugal mais se debruçaram sobre o poder local e regionalização, entendendo que esta última matéria, se deveria materializar pela devolução ou transferência de poderes a efectuar pelo poder central..

Homem possuidor de vasta cultura e de uma inteligência clara e actuante, desempenhou dos mais altos cargos públicos na cidade e no Distrito.

Nasceu em Faro em 1919 e foi aí que cresceu e estudou, tendo sido na sua cidade natal, que concluiu o curso dos liceus de 1931/ 38 como aluno de quadro de honra.

Homem do jornalismo e da ciência política, colaborou na revista Pensamento, no Diabo, Sol Nascente e República. Em 1942, publicou o seu primeiro livro, a que deu o título de "Aurora e Crepúsculo de Uma Idade", altura em que cursava Direito na Universidade de Lisboa.

Uma vez licenciado e em condições de exercer a actividade profissional iniciou-se como assessor de José de Sousa Cachola, advogado com escritório no Largo de S. Pedro, ocupando esse mesmo espaço por conta própria, após falecimento do patrono.

Além do Direito e outras matérias, interessou-se igualmente pela poesia, estudando Camões em profundidade, também Bocage e Antero de Quental. Diz que Camões foi um mestre, mas nem por isso deixou de ter mestres. A todos compreendeu e como génio que foi, a todos se excedeu.

Este é o carácter dos génios; o facto de aprenderem não os diminui, mas o de ultrapassarem os que lhes ensinaram, caracterizam-nos.

Júlio Carrapato, um senhor.

Retirado de Obras (Quase) Completas de J.C.



jbritosousa@sapo.pt