quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

PÉS DE BARRO



O RISO
Um arranjo de Rogério Coelho

Vigiemo-nos, com a atenção em regime de permanência sobre o que nos podem fazer. Porque é que não se há-de ser como a areia da praia? Os grãos estão sempre juntos.
           A nossa escravidão, desde a infância, é definir “posse e poder”. O vazio é o único lugar de encontro quando descobrimos essas circunstâncias – e, nesse lugar, compreender não é concordar, tal como discordar não significa não compreender.
Alguém dizia que devíamos fugir da “superstição e da crendice”.
Tal como a certeza absoluta é um acto de idolatria, mas com pés de barro na areia da praia. É o riso. O riso de todas as maneiras e que devia ser o centro de todos os debates, contra o risco de intelectualizar toda a linguagem, isto é, de lhe criar uma autoridade por vezes sem nexo.
É o caso. Poderemos apontar os debates a que assistimos na nossa Assembleia da República. – Um encanto! Há gente que não ri nem sabe rir. Não é obrigatório rir em nenhuma circunstância, mas o riso é um caminho que não se pode evitar. Tal como a ironia e a piada. Ou, sobretudo, rir de si próprio. É que dá vontade de rir quando alguém quer alterar, o que os outros dizem ou escrevem, a seu “belo prazer”.
Porquê e para quê alguém discordar dos direitos de quem escreve, alterando a seu belo prazer o original do autor? Este não soube redigir, aquele julga-se superior?

É O RISO… que fabriquei com pés do barro (que pedi na Fábrica de Cerâmica do Rocha) pisando a areia da praia.