“Fui obrigado…”
As palavras são do atual
presidente do município farense, dr. Rogério Bacalhau, que com o seu voto
isolado, qualitativo e a favor, conseguiu a aprovação do Orçamento (“real e
transparente”, no seu dizer) e do Plano de Actividades para o ano em curso da autarquia
de Faro. E que os restantes membros da vereação (3 do PSD, 4 do PS e 1 da CDU)
abstiveram-se e assim o responsável primeiro teve que o fazer, para como
declarou: “Fui obrigado a votar favoravelmente o documento, com alterações
introduzidas pelos eleitos do Partido Socialista, sob pena de não haver
orçamento…”. E uma atitude positiva, que não obstante as críticas já aqui
realizadas e a despeito da inequívoca amizade que nos une, traduz um sentido
realista e de interesse para o concelho capital da região sulina, nos apraz
registar.
Anote-se também e desde já, o
que não acontecia há uma década que a Câmara Municipal de Faro, encerrou no ano
fiscal, civil e económico de 2015, sem dívidas a fornecedores ou pagamentos em
atraso, o que de certo modo nos alegra, como farenses que somos há mais de 78
anos e a situação que desde há anos se vinha vivendo em torno das finanças
municipais, causava-nos também uma notória vergonha.
Não queremos desconhecer as
situações vividas que em muito para tal contribuíram nem o actual momento que,
de há algum modo, o concelho vive, em muitas e variadas áreas, mas esta
situação de “bom pagador” é sintomática e já levou a que, segundo aquele
responsável autárquico, os preços base de certas empreitadas descessem até 40%,
já que os empreiteiros ou fornecedores, ante o atraso dos pagamentos e a
situação que ora se vive tivessem de deixar de recorrer à banca para satisfazer
os seus próprios compromissos quer para com as entidades bancárias como para o
terminar das empreitadas.
Nesta onde que não é, nem de
louvaminhas ou de “bota abaixo”, atitudes ambas a que eu sou adverso, mas sim
com uma análise correta sobre a vida financeira da autarquia, queremos ainda
registar duas obras imediatas, que o são a requalificação da Avenida da República,
com a pedonalização da rua da Alfândega “criar uma nova centralidade na baixa”,
quer na Avenida Calouste Gulbenkian (54 mil euros a investir em 3 zonas de
semaforização – cruzamentos com a Estrada da Senhora da Saúde, Rua Heróis da
Pátria – Centro de Saúde e Escola Dr. José Neves Jr e Hospital, para controlo
da velocidade e prevenção dos muitos acidentes que ali ocorrem, bem como da
criação de passadeiras de travessia desta importante artéria que vai das
rotundas da Penha à do Teatro das Figuras.
Mas apraz-nos salientar que no
ano passado a dívida total do Município baixou de 52 milhões, quando em 2010 a
mesma era de mais de 72 milhões. E que o “Faro, 2016” e por aí adiante no
retorno do concelho ao progresso, crescimento e valorização de décadas idas, tem
em grande parte a ver com esta questão dos “tostões e dos milhões…”.
João Leal
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