segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

CANTINHO DOS BRINCALHÕES



Para compreenderes, tens que ler... de-va-ga-riii!
Para alentejanos/as, mas sobretudo para quem não o é…pode ser de alguma utilidade!

Abalei...
Eu - Abalei às 15h…
Ele - Tu o quê??
Eu - Abalei…
Ele - O que é isso?
Eu - Ora, fui-me embora…
Todo o bom alentejano “abala” para um sítio qualquer, que normalmente é já ali. O ser já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer aldeia perto, aqui no Alentejo, está no mínimo a cerca de 30 km. Só um alentejano sabe ser alentejano!
Um alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja...

Um alentejano tem “cargas de fezes”, não tem problemas...
Um alentejano vai “à do ou à da…”, não vai a casa de…
Um alentejano “inteira-se das coisas”, não fica a saber…
No Alentejo não há aldrabões, há “pantomineiros”...
E aqui também não se brinca, “manga-se”.
No Alentejo não se deita nada fora, “aventa-se” qualquer coisa e... comem-se “ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “malacuecos” (farturas).

Os alentejanos não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”…
E quando se “assomam”, muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!
As coisas velhas são “calqueiras” e...
 muitas vezes viaja-se de “furgonete” (carrinha de caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas alvoreadas” (desassossegadas).
Quando algo não corre bem é uma “moideira” (chatice) e... ficamos “derramados” (aborrecidos) com a situação, levando muitas a vezes a que as pessoas acabem por “garrear” (discutir) umas com as outras e...a fazerem grandes “descabeches” (alaridos).
“Ainda-bem-não” (regularmente) as pessoas têm que puxar pela “mona” (cabeça) para se desenrascarem, quando muitas vezes a solução dos seus problemas...está mesmo “escarrapachada” (bem visível) à sua frente.

Não estou  “repesa” (arrependida) de ter escrito esta pequena crónica, com vista a lembrar detalhes do património oral que nos é tão próximo e muitas vezes de “bradar” aos céus.
“Dei fé” (pesquisei) a algumas expressões e tentei não vos criar, a vós, leitores, uma grande “moenga”, apenas quero que guardem algumas destas expressões na vossa “alembradura”  (lembrança)!

Um "arranjo" (escrito com alguma "Severidade", enviado pelo Costeleta Alentejano

Maurício Severo