
E ainda para a Nely Cunha, Engº Víctor Cunha, Joana Cunha e Norberto Cunha, todos costeletas..
FELIZARDO & GLORINHA
(amigos dos costeletas que muito ajudaram)
"Quando eu cheguei a Faro em 52 o estabelecimento" comercial FELIZARDO & GLORINHA, já lá estava instalado de armas e bagagens na rua da PSP.
O estabelecimento era dividido, se bem me lembro, em duas áreas comerciais, uma de mercearias e outra, digamos assim, de comes e bebes.
Além de toda a clientela do bairro, havíamos nós, os alunos da Escola Comercial e Industrial, que consumíamos da zona dos comes e bebes, as célebres sandes de atum, de cavala e de outros.
Para nós, a designação do estabelecimento era indiferentemente chamado de estabelecimento do Ti Felizardo ou o estabelecimento da Ti Glorinha. Dizer vamos à do Ti Felizardo ou dizer vamos a da Ti Glorinha era a mesma coisa.
Todavia, em termos de carinho recebido da parte do patronato, a D. Glorinha era como se fosse a nossa mãe, sempre atenta à nossa estadia ali, sempre preocupada com o que nos pudesse acontecer na cidade, sendo que, esta atenção, era mais direccionada para os montanheiros, como eu e éramos muitos, que não percebíamos nada do que era a Escola nem o que era a vida na cidade
È claro que faziam lá o seu negócio, como faziam também o senhor Manuel dos bigodes e o Coelhinho, que lá iam vender sorvetes e pinhões e um tipo de Olhão, que ia lá vender ratos, um rebuçado grande feito à base de mel, que a gente gostava muito.
Mas na loja da Ti Glorinha é que era bom e a gente ia lá tratar da nossa saúde. Comíamos umas sandes, bebíamos qualquer coisa e toca a andar.
Ainda hoje, falando com os alunos da Escola do meu tempo, quando nos encontramos, lá vem sempre uma referência de saudade das sandes da TI GLORINHA e do TI FELIZARDO.
Por isso tudo, o que quero realçar nesta crónica é o acolhimento que nós recebíamos dessas pessoas, digo FELIZARDO e GLORINHA, que antes de serem comerciantes eram seres humanos e que igualmente nos tratavam como tal A nossa vida estava mais facilitada com a sua presença no terreno. Em caso de necessidade nós sabíamos que eles estavam lá.
Não é porque nos emprestassem dinheiro a juros, não é porque nos vendessem as sandes fiado, não é porque nos fizessem descontos nas encomendas ... nem por quaisquer outras milhares de razões... Nada disso.... nada
Nós íamos à do Ti FELIZARDO porque dos proprietários deste estabelecimento recebíamos... tão só... um pouco de carinho e amor ou seja, um pouco mais de calor humano... que foi muito importante para todos nós, que nos estávamos a iniciar na complicada caminhada da vida.
Agora que já terminei esse percurso e estou reformado, quero dizer-lhes muito obrigado Ti FELIZARDO e TI GLORINHA.
É a minha opinião e recordo-os com saudade.
Estejam lá onde estiverem, aí vai para eles, um ALABI... ALABÁ... BUM.. BÁ....que era o grito dos costeletas lá da Escola Comercial, onde aprendemos os rudimentos do Comércio ou os rudimento da Indústria.
Mas o outro aspecto da vida, começámos a aprender no TI FELIZARDO.
O que é que queres?
Cinco tostões de cigarros, Ti FELIZARDO.
E lá vinham três Hight Life, ou três Três Vintes, ou três Paris, que eram as marcas de tabaco mais populares desse tempo.
Eram outros tempos.
Agora já não fumo mas o estabelecimento ainda lá está, gerido agora por um neto, a quem peço o favor de honrar a memória dos avós."
Respeitosamente
João Brito Sousa
Boa Noite,
ResponderEliminarSempre que passo na Rua da P.S.P e olho para aquele edifício, todo ele carregado de história, recuo no tempo e, na minha memória, perdura o estabelecimnento do Ti Felizardo e da Ti Glórinha, no qual também eu, nos idos anos 60, comprava as minhas sandes e os meus pimeiros cigarrinhos, avulso, claro.
Hoje, voltei a passar por lá, e como ia prevenido, aqui envio esta imagem que, estou certo, ainda perdura na memória de muitos e muitos "costeletas".
Cumps.
AGabadinho