“A arte é dom emanante…”
Maria Armanda Vargues surpreende-nos a
cada instante na pleutórica e fraterna oferta dos seus trabalhos criativos de
pintura em porcelana. A esta senhora, farense pelo nascimento e pelo viver, o
que muito nos honra, se aplica em plena realidade e com íntegra justeza a
quadra (pedindo desde já perdão por qualquer alteração textual), do genial
poeta vilarrealense/louletano António Aleixo: “A arte é dom emanante/não se
compra, não se vende/ nasce e morre/ com a gente”. Nossa vizinha, porque também
foi moradora na Rua Infante Dom Henrique, para todo o sempre desta e de outras
gerações, conhecida por Rua da Carreira, a distinta artista estudou no Liceu João
de Deus, ao invés se seu dedicado marido, um casal cuja união é um testemunho
da fidelidade partilhada, da colaboração recíproca e do entendimento mútuo e
vivido, o “servidor da cidade”, que é Florêncio Vargues, um “costeleta
assumido”, por que ex-aluno da Escola Tomás Cabreira.
Ora Maria Armanda Vargues, na sequência
de presenças em exposições individuais e colectivas, voltou a brindar-nos com a
mostra da excelência dos seus artísticos e criativos trabalhos em certame
ocorrido na sede da ex-junta de freguesia de São Pedro (atual União de
Freguesias da Sé/S. Pedro), onde, uma vez mais e sempre, patenteou o seu
admirável sentido criativo seja-o na decoração de peças de porcelana, seja-o
nos painéis/azulejos reproduzindo com rara verdade aspeto antigos da capital
sulina e transportando-os nas asas esplendorosas de uma conceção brilhante a
saudosa lembrança da Faro de tempos idos.
Ocorreu esta inauguração da “Exposição
de Pintura em Porcelana”, uma arte que por esta “Terra do Sul e do Sol” reúne
no mesmo propósito largas dezenas de cultores agrupados na Associação dos
Artistas de Pintura em Porcelana, atualmente sediada na histórica cidade de
Lagos, numa efeméride de duplo significado. Como recordou e sempre com aquele
sentido de saber dizer e saber viver a mensagem o também “servidor da cidade” e
presidente da União de Freguesias, Joaquim Teixeira, no dia em que, se vivo
fosse (e tão bom seria que tal acontecesse…), o professor Joaquim Magalhães,
lendo um poema do prolífero artista da palavra e dos pincéis que é Henrique
Dentinho e do “Dia Nacional do Azulejo”, dois factos que nas múltiplas unidades
em que se convergem conferiu um sentido próprio ao ato.
Para além destes “históricos painéis
citadinos” Maria Armanda Vargues sabe criar com um raro sentido de mensagem e
de vida os pássaros e a sua liberdade esvoaçante, os gatos e a sua felinez
conversa e olhar, o encanto inigualável das flores e das folhas, nesse todo
mundo de encanto, magia e sedução, que povoavam o universo desta exposição.
João Leal
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