FALECEU
EDUARDO BRAZÃO GONÇALVES, AUTOR DO «DICIONÁRIO DO FALAR ALGARVIO»
Nascido
nessa típica freguesia louletana, que é Boliqueime, terra -mãe de
uma plêiade de alguns dos mais famosos algarvios do nosso tempo,
caso entre outros do Professor Aníbal Cavaco Silva (que foi
Presidente da República e Primeiro Ministro) e da Dra, Lídia Jorge
(das maiores escritoras de língua portuguesa dos séculos XX e
XXI), Eduardo Brazão Gonçalves veio «menino e moço» para Faro,
por razões de prosseguir, tal como seu irmão Fernando (Secretário
de Estado e Presidente do Sporting Farense) os estudos e da vida
profissional do pai, que era ferroviário. Instalou-se ali para o
mediático Bairro de São Sebastião, paredes meias com a
multissecular Capela e com a sede da GNR.
Sem
olvidar, um instante que o fosse, a então aldeia em que nascera há
oitenta e seis anos, não obstante uma intensa vida quer académica,
no Liceu João de Deus e depois em Lisboa ou profissional, como
quadro qualificado do extinto ICEP (Instituo do Comércio Externo
Português) o mais novo dos «Brazões», a quem nos unia uma sólida
amizade, assumiu-se também, e com que dignidade o fazia, um
verdadeiro farense, para além de um empenhado regionalista.
Á
sua pertinácia, inteligência, invulgar cultura e profundos
conhecimentos de linguística, ficámos a dever o «Dicionário do
Falar Algarvio», constituído por centenas de palavras aqui usadas,
neste falejar que constitui «um dialeto do português europeu falado
no Algarve» e fruto do meticuloso trabalho e recolha, durante
décadas, em fichas que apaixonadamente ia juntando com os produtos
das suas
descobertas
no
diálogo que com todos nós travava. Foi em. 1991
que
numa edição da RT
A
(Região de Turismo do Àlgarve);
então presíillaa.'pelo saudoso algarvio de Montes Novos-{boolé}
Horácio Cavaco Guerreiro, que veio a lume a primeira edição da
obra. Mais tarde, em 1996, editada pela «Algarve em Foco», da
criação e direção do também saudoso intelectual algarvio Prof.
Almeida
Carrapato,
conheceu nova edição, com novos termos.
Reúne
este «Dicionário do Falar Algarvio» particularidades fonéticas,
morfológicas e sintáticas do genuíno falar das gentes do Algarve
com as suas características próprias, das quais destacamos e como
referências deste seu ADN linguístico: a mononlongação dos
ditongos ( casos de leite - lête ou maneira - manêra); a apócope
do o no final das palavras (exemplo de figo - fig ou amigo - amig) e
o acrescente do i a seguir ao r no final das mesmas, o que acontece,
por exemplo
com
dizer - dizêri.
Eduardo
Brazão Gonçalves, o meu amigo Eduardo, autor do «Dicionário do
Falar Algarvio», com quem mantive com formativas para mim,
recordadas conversas repetindo o percurso Rua de Santo António
abaixo e Rua de Santa António acima, faleceu, há semanas, na Grande
Lisboa, onde há décadas residia. O
testemunho
reverente da nossa homenagem!
DESCANSA EM PAZ BRAZÁO GONÇALVES
DESCANSA EM PAZ BRAZÁO GONÇALVES
JOÃO
LEAL
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