sábado, 9 de fevereiro de 2008

QUEM SE LEMBRA DELE ?


(rua de Santo António)
RAFAEL CORREIA

UM COSTELETA BRILHANTE
(A IDEIA VEIO DO COSTELETA JORGE TAVARES)


CAROS COSTELETAS,

Conheço bem o Rafael Correia e conheço o seu programa que oiço com muito agrado. Mas, à semelhança do que aconteceu com o Luís Cunha, também nunca falei com ele e por isso não tenho muita coisa para dizer, porque o que sei, ouvi dizer.

Mas ouvi dizer bem, muito bem mesmo, por isso reconheço-lhe o mérito porque honrou os costeletas. Aliás , como todos os outros que aqui temos lembrado..

Fiz umas consultas, por email, colocando esta redacção,

O COSTELETA RAFAEL CORREIA DE “UM LUGAR AO SUL”
QUEM CONHECEU E TEM UMA HISTÓRIA PARA CONTAR ?

Favor mandar para

jbritosousa@sapo.pt ou rogerio1930@gmail.com

para publicação no blogue

BS

Primeiramente recebi do costeleta JORGE TAVARES, que deu a ideia, o seguinte mail::

Olá João,

“Lembro-te um costeleta brilhante e do chamado nucleo duro 1950/1956.

Rafael das Neves Correia- Familiar dos gemeos, tambem costeletas, filho do sr. Correia, cobrador da Camara Municipal de Faro e depois de reformado, auxiliar no Notário (para testemunhar determinados actos oficiais

O melhor em Inglês, afilhado do Dr Cruz, professor dessa lingua e suponho que seu padrinho.

Dos primeiros funcionários do Banco Pinto & Sotto Mayor em Faro, juntamente com Casimiro de Brito, na Rua do Chiado ( Rua Conselheiro Bivar) .

Esteve emigrado em França, e regressou ingressando na Emissora Nacional, hoje RDP.
Mantem o programa -Lugar ao Sul - que há mais tempo está no ar naquela estação de rádio ( suponho com mais de 25 anos).

Premiado (infelizmente com alguma dificuldade e já "velho")

Costeleta de valor e com um programa delicioso, e excelentemente feito.

Já tive a honra de assistir a uma montagem...maravilha.

Ultimamente o Rafael "ausentou-se" do nosso convívio. É pena...mas vale a pena pesquisar e falar dele e da sua obra.”..
Jorge Tavares
Depois, recebi este comentário do
Prof. Manuel Pinto da Universidade do Minho, que diz:

“Artista no modo de entrevistar, Rafael Correia entra frequentemente num jogo subtil de cumplicidades, a que não falta a argúcia e o humor, conseguindo documentos magistrais de um país que os holofotes da moda mantêm escandalosamente na sombra. E costura, depois, um programa de duas horas, acompanhado do melhor da nossa música, erudita e popular".

E retirei o
artigo que se segue, do Pedro Graça,
do http://adefesadefaro.blogspot.com/, respeitosamente

“Foi numa tarde chuvosa, no já distante Outubro de 79, que, a mando do meu pai, entrei pela primeira na casa de Rafael Correia, de quem era amigo. O objectivo era aprender inglês mas rapidamente me apercebi que naquele apartamento, ali mesmo na pontinha, não morava um qualquer professor de inglês. Os livros que se amontoavam nas estantes eram em francês e ao seu lado mostravam-se diversas bobines de áudio, enormes, toda etiquetadas. Os cigarros consumidos eram muitos mas o método era quase infalível. Avançávamos firmemente através de traduções e retroversões, em frases pautadas de duas linhas, onde o método era quase musical, com a caneta vermelha do maestro a explicar onde tínhamos errado. Afinámos rapidamente o diapasão gramatical e depois veio a descoberta das palavras desconhecidas e todo o mundo de uma nova língua, que foi para mim uma revelação e um extraordinário legado que ainda hoje me acompanha. Mais tarde, apercebi-me que o Rafael Correia falava também um excelente francês e que afinal, a aprendizagem de uma língua tinha muito a ver com um certo ouvido para a música e para a memória dos sons. Rafael Correia não era propriamente um professor de línguas mas alguém que captava com uma agilidade espantosa os sons e os reproduzia com facilidade e de forma organizada.

Compreende-se assim, facilmente, porque é que alguém que ama os sons da humanidade e percebe a sua mais valia tenha receio de os perder…e se ponha a gravá-los para que a voragem dos tempos não os engula. Depois vem a catalogação, a organização e a sua difusão, própria de quem tem um espírito elevado, uma cultura cosmopolita e percebe a importância social e cultural da sabedoria popular. Foi assim com Michel Giacometti, que sendo natural da Córsega, (também ele um lugar ao sul), andou a estudar pela Suécia, doutorou-se na Sorbonne e acabou os seus dias a percorrer o nosso país, ao longo de 30 anos gravando centenas de cantares e músicas tradicionais, dando origem àquele que é, até hoje, o mais exaustivo levantamento da cultura musical portuguesa. Neste sentido e a par de Giacometti, Rafael Correia é também um etnógrafo de excelência, recolhendo a memória algarvia e alentejana que desaparece dia para dia, arquivando-a para que um dia possamos ser melhores cidadãos. É este o trabalho que ele vem a realizar de forma competente, meticulosa e apaixonada, ao longo dos últimos anos, no seu “Um lugar ao Sul” que se pode ouvir na Antena 1, todas as manhãs de sábado. Álvaro Ferreira escreveu recentemente que: “tal como o Prof. Manuel Pinto, o jornalista Adelino Gomes e outros distintos ouvintes, tenho a honra e o prazer de pertencer ao número daqueles para quem o “Lugar ao Sul” se tornou um programa de culto. Ouvir o “Lugar ao Sul”, sábado após sábado, constitui para mim uma experiência litúrgica, quase xamânica, que me alimenta a alma.” A nós farenses, alimenta-nos duplamente, pelo facto de sabermos que este Homem ímpar mas simples, sobe e desce a
Rua de Santo António diariamente.

e

diz JOÃO BRITO SOUSA, nos comentários ao artigo do Pedro no http://adefesadefaro.blogspot.com

PORTO, 2006.10.02BOM DIA FARO. Parabéns ao Pedro Graça pelo excelente texto acerca de um farense ilustre como é o Rafael Correia, que foi meu colega na Escola Comercial e Industrial. Nunca falei com ele porque andava à minha frente (talvez do tempo do Zeca Bastos, o Pepe, o pensador ou o camisa dez da equipa de futebol da Escola), mas sei bem quem é a pessoa, não só por causa do inglês, onde era realmente fera, mas também por ser tio dos gémeos Mário Octávio, estes sim mais do meu tempo.
Com a devida permissão do responsável por este espaço, uma vez que um dos gémeos faleceu, queria lembrar que esses gémeos ganharam um prémio não sei de quanto, a propósito de uma iniciativa do Dr. Amílcar de Estói, professor de Técnica de Vendas lá na Escola, que preparou os alunos para a criação de um slogan publicitário destinado a um concurso da CIDLA que os gémeos ganharam com esta frase "GAZ CIDLA, um sucesso no progresso".
e, um
Anónimo disse...

O Rafael Correia é uma lenda viva no mundo da rádio. Faro já devia há muito tentar adquirir o arquivo dele que se vai perder não sei onde nas mãos não sei de quem. Em vez de andarem a gastar dinheiro em macaquices e performances da treta por certos artistas. Gostei do texto, sim senhor.

E o Victor Venâncio Jesus disse...

Parabéns Pedro Graça, um comentário magnifico á genialidade do nosso companheiro e amigo Rafael Correia, uma figura ímpar no cenário da nossa cultura. Bem haja.Não há duvida que tudo deve ser feito, para que o seu magnifico espólio seja preservado para a posteridade.


E do PROF. Franklin MARQUES, recebi

Meu caro João

Eu conheci o Rafael Correia nos tempos de Escola. Mas, quanto a uma história... isso é que é pior. Nada feito, portanto.
Sucede que eu nunca fui seu companheiro de turma, pois o Rafael era, salvo erro, um ano mais novo do que eu.
Sei, no entanto, que foi um aluno excepcional em Inglês. Um dos poucos que alcançou a média final de 16, a mínima que, na altura permitia a dispensa do exame final da disciplina. Não sei se foi o único do seu ano a consegui-lo. Mas, certamente, se o não foi, muito poucos o teriam acompanhado. (No ano anterior, 1952/53, o meu ano de finalista, houve, se não erro, apenas 3).
Tratava-se, efectivamente, de uma proeza...
Sei, também, que, como profissional da rádio, se iniciou no então, Emissor Regional do Sul, limitando-se à leitura do Noticiário Algarvio, época durante a qual foi, na cidade um disputado explicador de Inglês, já que os seus explicandos, normalmente alunos externos do Liceu (mas não só) conseguiam sempre elevadas classificações nos exames a que se sujeitavam.
Depois, andou "lá por fora", pricipalmente pela França.
Regressou. E mantém aquele programa há umas dezenas de anos. Franklin

Parabéns de mérito ao Rafael Correia.

Saudações costeletas.

João Brito de Sousa