sexta-feira, 26 de setembro de 2008

DEBATE ENTRE COSTELETAS E CONVIDADOS

(Daimantino Piloto foi um grande professor)
O CASTIGO FÍSICO NA ESCOLA. ( não há restrições, poderá participar quem estiver disponível e interessado)
Por João Brito Sousa

As palavras que a seguir escrevo, são apenas resultado da minha experiência como professor do ensino primário, secundário e superior. Não fiz qualquer leitura especial para escrever este texto. Escrevi ao correr da pena.

È evidente que o castigo físico que todos nós fomos vítimas desde o ensino primário é de excluir. Mas ele está aí e todos nós o sofremos. Porquê? Da resposta a esta pergunta, talvez que consigamos vislumbrar a razão de ser ou não da aplicação do castigo.

Nunca encontrei nenhum professor que castigasse por prazer mas sim por necessidade de assegurar o bom funcionamento das aulas. E quando não se consegue isso, o professor socorre-se do castigo físico. Se aplicado em último recurso, o castigo físico poderá, até, eventualmente, ser benéfico..

Todos sabem do castigo que foi vítima o costeleta Aníbal, que hoje é o Senhor Presidente da República Portuguesa. Aqui o castigo funcionou e bem.. A educação em casa funcionou.

Ora, atendendo que a Escola e a Família, em matéria de educação se devem situar lado a lado, se o castigo ao nosso Presidente funcionou no âmbito familiar, também esse modelo pode ser transportado para a Escola. Com uma ressalva; apenas quando necessário..

Eu levei quatro ou cinco vezes com a régua na primária; outros levaram cinquenta. Porquê? Bem, á primeira vista, porque eu era um aluno que estudava as lições e comportava-me dentro da razoabilidade. Os outro não e daí o castigo.

Na sala de aula há regras a cumprir. E direitos e obrigações das partes envolvidas, também. Ao aluno compete não perturbar o ambiente na sala e permitir que o professor ensine. Se o Professor for competente, em princípio domina a turma e não necessita de utilizar métodos repressivos.

Todavia, se da parte contrária houver excessos, um castigo aplicado com oportunidade tem pleno cabimento.

Sou pelo castigo na hora certa .

UMA FIGURA NEXENSE


O PROFESSOR LEITÃO
Por JOÃO BRITO SOUSA

(Texto comentado por Arnaldo Silva, costeleta felizmente reformado.)

O Professor Leitão era o professor primário de SANTA BÁRBARA DE NEXE, aí por volta dos anos cinquenta. Naquele tempo, um professor tinha aulas o dia inteiro e tinha as quatro classes e um bocado de trabalho com aquilo, porque tinha que leccionar leitura e divisão de orações, aritmética (com aquele problema das torneiras, muito complicado, que perguntava assim: Em quantas horas encheu o tanque?).

A coisa não era fácil, pois na quarta classe desse tempo, não se ensinava a regra de três simples, era tudo raciocínio lógico. Ensinava-se também História, com os reis todos e mais as dinastias e sobretudo a revolta de 1820 entre os Miguelistas e os Liberais, que era uma matéria difícil para uma criança de dez anos perceber. Havia ainda as Ciências Naturais, onde se estudava o corpo humano, com os ventrículos e as aurículas e, ainda, os batráquios, mais não sei quê, mais não sei quanto.

A sala de aula, que ficava ao pé da Torre da Igreja, era um armazém asseado. O professor morava ali também e a sala estava cheia de rapaziada (rapazes e raparigas) e havia um cântaro de água, com um copo para os alunos beberem. Um dia o Elias, que era um “Choninhas” e que se queixava muito dos outros ao professor, foi beber água ao cântaro. Escorregou, caiu, levou o cântaro atrás e o cântaro lá se foi...

Ao ouvir tal sarrabulho, o Leitão veio e... perante tal situação, virou a cara para o lado, respirou fundo e disse: “Elias, dá cá a mão! Agora são vinte, menino Elias, ouviu?”.

Nesse tempo, o grande auxiliar, do professor primário em geral e do professor Leitão em particular, era a régua que fazia milagres, como dizia o Mestre-Escola dos “Meus Amores”, do Trindade Coelho. E nisso o Professor Leitão era Mestre. Era cada dose de .... de tal maneira e força que quase se ouvia na venda do Amadeu. Apesar de tudo, é importante dizer que havia cooperação entre a Escola e a Família, resultando a (boa) educação do aluno do esforço das duas partes.

O melhor cliente que o professor Leitão tinha era o Bárbara, um rapaz destemido que não tinha medo de nada, tanto dormia em casa como na rua ou dentro do forno e a mãe não dava conta dele. Então, levava-o à Escola e recomendava ao Professor que lhe desse uma tareia das fortes. Só que o Professor Leitão nunca teve muita sorte com isso, porque o Bárbara fugia da Escola, fugia da Guarda Nacional Republicana, fugia de todo o lado. Uma vez quiseram metê-lo na cadeia e os Guardas não conseguiram, porque ele punha os pés à parede e daqui ninguém me tira.

O melhor aluno desse tempo era um dos filhos do Pai da Malta, o hoje Eng.º João Pinto Faria, grande aluno quer na primária, quer na Escola Comercial e Industrial, quer no IST, onde se licenciou em Engenharia. Quando eu cheguei à Escola Comercial em Faro, em 52, estava ele de saída, mas era um rapaz muito popular lá, jogava muito bem à bola, era defesa central, e nos jogos com o Liceu brilhava porque fisicamente era muito poderoso.

Isto foi nos anos 40.

Comentário Arnaldo Silva

Ei!! Miracolo!!!
O amigo Brito 'tá de volta! Como se diria, em boa evocação da anedota, transviou-se por uns tempos e agora voltou "aos caminhos do senhor". Faço votos para que tenha regressado para ficar.
Mas eu gostei da evocação que hoje aqui é feita porque me transportou a tempos longínquos, que marcaram uma geração. A Escola Primária, de muito boa memória, era o princípio da formação de personalidades, do despertar de interesses e capacidades, da integração na vida social para que o Homem se encontra vocacionado desde a sua vinda ao mundo. Eu, por via da profissão do meu pai, passei pelas mãos de vários Leitões (salvo seja!) e por um armazém transformado em sala de aulas, por uma verdadeira Escola (a dos Centenários) e por salas de um velho convento, em Tavira. Mas ficou, para sempre, em marca gravada bem profundamente, a recordação e os efeitos desses quatro anos. Um dia destes abordarei a diferença do tipo de ensino e discutirei a importância de se ficar a saber, naquela idade, os afluentes dos rios portugueses, as linhas férreas e seus ramais, os sistemas montanhosos, os cognomes de todos os nossos reis, as operações com "quebrados", o esqueleto humano, os... Bem! Toda essa pipa de informação que nos foi debitada pela eclétitica sabedoria dos Leitões daquele tempo e que os de hoje ridicularizam e menosprezam.
Mas não quero ir por aí, como já disse. Também não vou pela via da diferença da rigidez disciplinar de então e a flexidade - não queria dizer ausência - da de hoje.
Permitam-me que lembre apenas a sequência de jogos que se desenrolavam no decorrer de cada ano lectivo, como o do berlinde, o do botão, o do pião, o da macaca, o... E lembro este aspecto da Primária para deixar uma pergunta, para a qual ainda não encontrei resposta e que ainda hoje me intriga: quem, o quê, como se determinava a sequência desses jogos?! Venham aí, a terreiro, as cabeças conhecedoras e digam "de sua justiça"!Aquele abraço do

Arnaldo santos silva
Felizmente reformado

COMPORTAMENTOS


NOÇÕES DE ÉTICA, a propósito de alguns comentários direccionados a pessoas. Aqui discutem-se ideias.

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social. Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas acções para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas.

Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a óptica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.
A ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis. Via de regra está fundamentada nas ideias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.
A ética não é algo superposto à conduta humana, pois todas as nossas actividades envolvem uma carga moral. Ideias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido definem a nossa realidade.

Em nossas relações quotidianas estamos sempre diante de problemas do tipo: “Devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso mentir? Será que é correcto tomar tal atitude? Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? Existe alguma ocasião em que seria correcto atravessar um sinal de trânsito vermelho?”

Os soldados que matam numa guerra, podem ser moralmente condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo ordens?

Essas perguntas nos colocam diante de problemas práticos, que aparecem nas relações reais, efectivas entre indivíduos. São problemas cujas soluções, via de regra, não envolvem apenas a pessoa que os propõe, mas também a outra ou outras pessoas que poderão sofrer as consequências das decisões e acções, consequências que poderão muitas vezes afectar uma comunidade inteira.

O homem é um ser-no-mundo, que só realiza sua existência no encontro com outros homens, sendo que, todas as suas acções e decisões afectam as outras pessoas. Nesta convivência, nesta coexistência, naturalmente têm que existir regras que coordenem e harmonizem esta relação.

Estas regras, dentro de um grupo qualquer, indicam os limites em relação aos quais podemos medir as nossas possibilidades e as limitações a que devemos nos submeter. São os códigos culturais que nos obrigam, mas ao mesmo tempo nos protegem.

Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir nossas acções de forma quase que instintiva, automática, fazendo uso de alguma "fórmula" ou "receita" presente em nosso meio social, de normas que julgamos mais adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e reconhecidas como válidas e obrigatórias. Fazemos uso de normas, praticamos determinados actos e, muitas vezes, nos servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas acções e nos sentirmos dentro da normalidade.

As normas de que estamos falando têm relação como o que chamamos de valores morais. São os meios pelos quais os valores morais de um grupo social são manifestos e acabam adquirindo um carácter normativo e obrigatório. A palavra moral tem sua origem no latim "mos"/"mores", que significa "costumes", no sentido de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito. Notar que a expressão "bons costumes" é usada como sendo sinónimo de moral ou moralidade.
A moral pode então ser entendida como o conjunto das práticas cristalizadas pelos costumes e convenções histórico-sociais. Cada sociedade tem sido caracterizada por seus conjuntos de normas, valores e regras. São as prescrições e proibições do tipo "não matarás", "não roubarás", de cumprimento obrigatório. Muitas vezes essas práticas são até mesmo incompatíveis com os avanços e conhecimentos das ciências naturais e sociais.

A moral tem um forte caráter social, estando apoiada na tríade cultura, história e natureza humana. É algo adquirido como herança e preservado pela comunidade.

Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada sociedade são bem aceites, não há muita necessidade de reflexão sobre eles. Mas, quando surgem questionamentos sobre a validade de certos costumes ou valores consolidados pela prática, surge a necessidade de fundamentá-los teoricamente, ou, para os que discordam deles, criticá-los.

(Texto retirado da net, adaptado)
Publicação de João Brito Sousa

QUEM NÃO SE LEMBRA DELE?


BERNARDINO MARTINS
por JOÃO BRITO SOUSA


Um bom homem e um bom amigo Estou a vê-lo a jogar a bola, de cabeça, `a parede, no átrio da Escola. E era capaz de estar lá o dia inteiro. Sempre com um sorriso nos lábios. Aliás, todo ele era sorriso. Bom dia Bernardino e ele respondia sorrindo...

Andava na Escola à minha frente mas tivemos sempre uma boa relação. Dava-me devaia. Levantava os braços e sorria. Viu-o uma vez a medir um tanque em cima de um camião e, ao ver-me, levantou os braços, sorrindo e contente. Éh Bernardino, dizia-lhe eu

Mais tarde, encontrei-o em TORRES VEDRAS, quando o Farense foi lá jogar. Escrevia para os jornais, agora. O QUEIXINHO era jornalista.

BERNARDINO MARTINS ou o QUEIXINHO, tanto faz, é um amigo.

O que ele fazia bem era jogar à bola. Tinha a impressão que o BERNARDINO discutia o lugar de ponta esquerda com o JÚLIO PILOTO. O JÚLIO diz que não, que era médio e o QUEIXINHO jogava na ponta. Era uma jogador valente, dos melhores que a Escola tinha nesse tempo.

Os médios que serviam a linha da frente eram o ZECA BASTOS e o FAUSTO XAVIER, ambos do BNU.O ZECA jogava do lado direito, era cerebral e por isso tinha a alcunha de PEPE, do BELENENSES, Ao lado do PEPE, jogava o JULIÃO, para ajudar o CARONHO que era o central..

O losango era assim, CARONHO a central, JULIÃO a quarto de defesa, ZECA BASTOS a médio de ataque do lado direito e FAUSTO XAVIER, o pensador e camisa dez, que fazia muitos golos e era o armador de jogo.

À frente à direita jogava o NUNO da Fuzeta e internacional júnior, o JACINTO FERREIRA era o avançado centro, o JOÃO PARRA de Olhão e internacional júnior jogava a segundo ponta de lança e na esquerda, na ponta jogava o BERNARDINO MARTINS.

A linha era assim; Malaia, Júlio Piloto, Caronho, Julião e Pinto Faria, Nuno, Zeca Bastos, Xavier e Queixinho, Jacinto Ferreira e João Parra. Técnico Professor Américo.

Melhor que isto só a linha atacante da selecção da Argentina de 1946, que ganhava tudo e a quem chamavam “La Máquina” e que era constituída por,

MUNOZ, MORENO, ADOLFO PEDERNERA, LABRUNA E LOSTAU

O Queixinho era o LOSTAU argentino. Sempre agarrado à linha, levantava o braço esquerdo e dizia para os médios, Manda Pepe. Manda Xavier..

E uma vez com a bola nos pés era um misto de Garrincha e de Chalana. Simulava que ia a sair por fora e saía por dentro, chegava à linha e centrava para o Parra que já lá estava á espera. E o João ou o Jacinto Ferreira não perdoavam.

Fazia todo o corredor do lado esquerdo e parecia o LATO da selecção da POLÓNIA. O coronel do Exército polaco e jogador de futebol, senhor LATO e o BERNARDINO MARTINS QUEIXINHO eram os únicos que faziam isso.

Viva o BERNARDINO MARINS, o QUEIXINHO.

Se isto não foi assim, desculpa lá ó Bernardino; faz de conta que foi...

Aí vai um abraço