sábado, 8 de novembro de 2008

SIMÕES JÚNIOR NÃO É COSTELETA


MAS É UM GRANDE POETA ! ...

Para além de tudo isto...
A alameda neste penumbrático cair de tarde parece estar impregnada dum subtil mistério.
E os repuxos do lago, como gotas de orvalho, choram a agonia do Sol crepusculando-se...

Uma sensação de morte penetra o arvoredo;
caem folhas em meu redor...

Mas a vida não acaba aqui ou ali,neste mar doce de tristeza, onde minha alma se banha.- A vida continua lá fora,fora dos muros do jardim.

Aqui,em redor do lago, sem cisnes de lenda,meninas bonitas, com feias à mistura, passeiam, passeiam,sonhando a vida(como se a vida fosse feita para sonhar!)No coreto, iluminado de matizadas cores,a banda da vila, de farda amarela,estrídula música.E então!tudo fica suspenso do som, das notas, do ritmo,das estrelas...

Nascem muralhas de ilusões a interceptar o que para além do recinto do romântico jardim,possa subsistir.

Mas mesmo assim...a paisagem do meu beco é inescurecível.

De qualquer maneira será inútil este cartaz de tintas baratasque quase não chega a ter coloração.Amanhã choverá,e este cenário reles de cartãos e desbotará e a tinta humedecida em faces de mulher,dissolver-se-á aos poucos e gotear-se-á no chão.- Sim, amanhã choverá,será um dia sensacional,algo de anormal se dará,desfraldar-se-ão mil bandeiras.Sim, porque na minha alma ergue-se-me ao hiper da sensibilidade,um posto de T. S. F.que emite alucinadamente S. O. S., S. O. S.,na escuridão, que a luz fosca desta ilusão com música e meninas no jardim,não consegue iluminar.

0 jardim está povoado de árvores frondosas,e os gradeamentos emaranhadas de trepadeiras floridas,mas mesmo assim,o clamor das gentes das casas do meu beco chega até mim.

Para além de tudo isto que é fútil,que é fútil,e meus olhos vêem e a música insinua a vida tumultuosa continua,continua.
Publicação de
JBS

QUEM SABE DO ZARALHO


LARGO DA SÉ, 1930
o Ruivo é que contava esta....

A Escola também foi aí.

Nesse tempo, os polícias queriam apanhar a malta que jogava `a bola no Largo. As equipas estavam em grande forma, chegavam cedo para as aulas e lá vai disto... uma jogatana para animar a coisa....

Às tantas o polícia veio e terá dito lá para com ele: Hoje vai haver caçada.... Arruma a cesta a um canto e vai direito ao que estava mais próximo, que era o guarda redes da equipa que atacava para baixo e arreia umas punhadas no amigo Zaralho.

É lógico que o Zaralho desapareceu.. qual aulas qual quê... Mas o Zaralho jurou a si mesmo... se um dia te apanho a jeito, vais ver...

Bom, a malta não desanimou.

Um dia o Zaralho ficou a suplente, não estava a jogar Mas o polícia veio e colocou a cesta ao canto do Largo e veio dar caça à malta, descendo enquanto o Zaralho subia até ao local da cesta.

E uma vez aí, lá vai disto, aplica uma biqueirada na cesta, `a Eusébio e os pratos foram para o galheiro.

O polícia ouviu e disse lá para com ele.... ah ... ladrão que me partiste a loiça toda....

Isto é verdade ó Zaralho?

Onde é que andas. Vem contar isto á malta, pá...

publicação de
João Brito Sousa