domingo, 23 de novembro de 2008

MÊS DE POESIA

Casimiro de Brito


No dia 19 do corrente, o Costeleta, Poeta e Escritor Casimiro de Brito, fez o lançamento, em Faro, do seu último livro, "69 Poemas de Amor".

Ao acaso, trancrevemos do seu livro este poema:

INTENSIDADES

1
Cuidado. O amor
é um pequeno animal
desprevenido, uma teia
que se desfia
pouco a pouco. Guardo
silêncio
para que possam ouvi-lo
desfazer-se.

19
Já que não posso mudar o mundo
deixa-me sacudir a areia
das tuas sandálias.

26
Entraste na casa do meu corpo,
desarrumaste as salas todas
e já não sei quem sou, onde estou.
O amor sabe. O amor é um pássaro cego
que nunca se perde no seu voo.



Colocado por Rogério Coelho

MÊS DA POESIA

"Costeleta" Maria Romana Rosa


" Mutação"

Pulsava no meu peito, em harmonia,
Um porvir radioso de criança
E toda a alacridade se envolvia
Na minha mente alada de esperança!

Os meus sonhos, repletos de magia,
Eram hinos de amor e de bonança,
Em cenários de luz e fantasia,
Como estrelas cadentes numa dança!


Mas o tempo passou... e a realidade
Fez de mim ·0 retrato da saudade,
A nostalgia plena... e a emoção!


Agora, o meu "Outono" ... tão dolente,
Vê e sente o real noutra vertente,
A trilha que norteia a mutação!.,.


Maria Romana Rosa
1º Prémio - Faro - Coobital
Colocado por Rogério Coelho

HISTÓRIA DE LISBOA, IMPRENSA/ JN


POR DEBAIXO DA EXPO
JN

Admirável mundo desconhecido no subsolo do Parque das Nações abriu-se ao público e
São 6,5 quilómetros de uma outra cidade desconhecida no subsolo do Parque das Nações, em Lisboa, sem a qual a que existe à superfície não poderia funcionar. Trata-se de um verdadeiro complexo logístico, único em todo o país.

Desde o abastecimento de água quente até à recolha de lixo, que tanto pode ser o orgânico como o reciclável, vários são os serviços de manutenção urbana que existem na, que se pode denominar, 'cidade sombra' da zona oriental de Lisboa. Ao longo da Avenida D.João II e Alameda dos Oceanos, a Galeria Técnica do Parque das Nações conta já com uma década de existência - nasceu com a Exposição Mundial dos Oceanos (Expo'98) -, sendo um dos ex-libris da área e dos equipamentos mais visitados por técnicos internacionais nas áreas da engenharia e arquitectura de espaços urbanos.

Concebida quando ainda o Parque das Nações não passava de uma zona industrial, especializada no sector dos combustíveis, a cidade subterrânea permite gerir de uma forma muito mais eficaz qualquer problema que surja relativamente ao fornecimento de um dos serviços que ali estão concentrados. Ou seja, em casos de ruptura nas condutas de água ou de problemas no abastecimento de electricidade não há necessidade de destruir o pavimento para os resolver e facilmente um técnico os pode detectar.

"O projecto foi desenvolvido com um objectivo de servir uma população de 25 mil habitantes e estamos longe de atingir esse limite", explicou, ontem, ao JN, Carlos Barbosa, administrador da Parque Expo - Gestão Urbana do Parque das Nações. "A maioria das famílias não é composta por uma média de três pessoas mas por menos. Depois, muita da habitação que estava prevista deu lugar a serviços. Não há por isso necessidade de readaptação", frisou, durante uma visita técnica às galerias subterrâneas.

Segundo o dirigente, esta foi a primeira vez que o complexo, com 3,05 metros de altura por 4,25 de largura, se abriu ao público em geral. A organização da iniciativa coube à secção regional da Ordem dos Arquitectos, no âmbito das comemorações dos 10 anos sobre a Expo'98.

Para uma família residente no Parque das Nações, viver sobre esta galeria significa contar com alguns privilégios - que para outros poderiam significar uma dor de cabeça - como, por exemplo, não ter um simples caixote do lixo ou um esquentador.

No primeiro caso, todos os resíduos são simplesmente aspirados por um sistema centralizado. A matéria orgânica é colocada num alçapão, existente em cada fogo. Dali só sairá após accionado o sistema central de sucção, que ocorre duas vezes ao dia. Já os restantes resíduos reclicáveis são colocados em idênticos alçapões na entrada de cada edifício, sofrendo o mesmo processo de sucção.

Monitorizado ao longo de 24 horas, o complexo fornece ainda água quente (não há perigo de ninguém ficar com o banho a meio), água fria para refrigeração e água para consumo e para rega. Contam-se ainda entre as várias condutas redes eléctricas e de telecomunicações em fibra óptica.
De fora desta cidade ficaram os esgotos, tendo em conta que uma ruptura poderia colocar em risco o funcionamento. "Com a simples subida das marés poderia ocorrer um congestionamento das condutas e provocar um extravase para dentro do túnel", sustentou Carlos Barbosa.

Neste universo um único senão. A força de sucção do lixo é tão grande que destrói o vidro colocado nas condutas pelos habitantes. Depois de percorrer os vários quilómetros de condutas, aquele material está reduzido a pó e pouco interessa às empresas de transformação de vidro.

publicação de
JBS

MÊS DA POESIA







2008. 11. 23

Boa Noite !

Aí vai mais um soneto do António Machado.
com Dedicatória ao Saudoso Franklin Marques
IMPLORAÇÃO

Camões, grande Camões, um mausoléu
Teu corpo em Belém tem por morada,
Mas tu e Dinamene estais no Céu,
E eu cá na Terra aturando esta cambada

De néscios a quem se lhes tira o chapéu,
E jumentos de orelha arrebitada
Que conspurcam este Portugal que é meu,
E foi ditosa Pátria tua amada !

Se lá desse "Olimpo" imaginário
Onde estás, entre guerreiros e poetas.
Deste nobre e Luso Povo temerário,

Te é dado enviar a tais patetas
Um pouco de pudor e escrúpulo vário,
Imploro-te Luís Vaz... que lho remetas !

.Mais um trabalho do António Machado

À memória do Dr. José de Campos Coroa O Homem, o Professor, o Amigo.

Nascido no Alentejo,
Em Coimbra se formou,
O Algarve foi desejo
De amar o que tanto amou.

De Faro a Vila Real
Vão vinte anos de amor,
Vão espinhos do roseiral
Da vida dum professor.

Vão léguas de pensamento,
Vai o tempo e o Destino,
Vai o Homem e o talento
Que dedicou ao ensino.

E eis que tudo é acabado
Num Novembro p?ra esquecer,
Triste sina, triste Fado,
Triste forma de morrer !

Mas, poder não teve a morte
Sobre o Homem que viveu,
Pois seu viver foi tão forte,
Que a própria morte venceu !

Deixou-nos amor, ternura,
Teatro, arte e saber;
Deu-nos tudo o que a Cultura
Faz dos Homens, Homens ser.

JOSÉ DE CAMPOS COROA
Foi talento, foi bondade;
Foi o exemplo, a pessoa
Por quem nos chora a Saudade.

Cumprimentos daLídia Machado V

publicação de
JBS