quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO

Transcrevemos a carta recebida da nossa associada Marília Pedrinho Martins:

Olá amigos,
Aproveito a oportunidade para vos desejar um óptimo e feliz Ano 2010.
Hoje efectuei a transferência de 20 euros, através do Multibanco, para pagamento da quota,
Quero agradecer aos membros da Direção, a disponibilidade, simpatia e generosidade , pelo desempenho do cargo. Tambem o meu obrigado aos colegas que colaboram no " O Costeleta" com os deliciosos artigos , que me recordam o tempo de estudante na Escola.
A todos um grande abraço de amizade, saúde e tudo de bom , da "Costeleta".

Marília Pedrinho Martins

Os nossos agradecimentos.
Tomámos nota do pagamento da quota.
Um Bom ano 2010 com muita saúde.
A Direcção


HERÓIS ESQUECIDOS


Caro Diogo

É verdade que o assunto ex-colónias, incomoda muita gente ainda.
Os heróis não foram os que, passe a expressão, “deram o corpo ao manifesto” os que hoje são, designados e tratados como tal, foram aqueles de se sacrificaram e arriscaram a vida em Paris (podiam ser atropelados quando iam para o café ler o jornal e ver a lista de nomes dos trouxas que morriam que nem tordos em África). Em Argel as mordomias não eram tantas, mas também se “estava bem” como hoje se diz.
Mas que mais se pode esperar de um país que já teve como Chefe Supremo das Forças Armadas, um desertor refractário?
Nos almoços anuais em que participo, como é natural, as recordações são o prato forte, as boas e as más, também naturalmente as injustiças, mas acima de tudo as omissões.
Uma geração, hoje na faixa etária (maioritariamente) entre os 55 e os 70 anos, com sequelas graves, principalmente problemas de saúde ao nível psicológico. Noites e noites sem dormir e sem a assistência médica adequada, totalmente abandonados à sua sorte.
Poderá pensar-se que critico no sentido de que eu venha a beneficiar de algo, não é esse o objectivo, uma vez que felizmente para mim e para os que me rodeiam, não apresento qualquer sintoma de stress pós-traumático (o nome é bonito). O objectivo é unicamente o de agitar consciências e alertar para um problema real, quem sabe algum ex-combatente (nem que seja só um) possa vir e beneficiar deste meu grito, esperança é a ultima que morre. não queria concordar com o João, quando num comentário diz que provavelmente ninguém irá ouvir (no caso ler) o meu apelo e tudo continuará na mesma. Sinceramente João acho que tens razão.
O que vai continuar na mesma também, são as noticias, de vez em quando publicadas nos meios de comunicação social de que um ex-combatente cometeu um crime, quase sempre assassinato; só omitem que em 95% dos casos é alguém que se tivesse sido atempadamente tratado, nunca cometeria tal acto.
Meu caro Diogo, muito mais haveria para dizer, mas fico hoje por aqui. Prometo no entanto voltar muito brevemente ao assunto.
Um abraço e muita saúde e sorte por essas terras do tio Sam.
Palmeiro

FALANDO DE...

FIGURAS ALGARVIAS

ANTÓNIO RAMOS ROSA




Na Igualdade da Torrente

Na igualdade da torrente, uma só árvore,
palavras e pedras acolhendo
uma cabeça ao ritmo das vagas,
e uma sombra oval sobre as espáduas,
respirando lentamente o ar redondo,
os reflexos nos ramos, semelhanças
de um sopro, os anéis do dia,
sem fim nem centro a inacabada arca
que sobre o mar, errante, é a permanência.

António Ramos Rosa

O Poeta

António Víctor Ramos Rosa nasceu em Faro, 17 de Outubro de 1924, é um poeta português, ainda reconhecido como desenhador.
Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A Voz de Loulé» o poema "Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu primeiro livro «O Grito Claro», n.º 1 da colecção de poesia «A Palavra», editada em Faro e dirigida pelo seu amigo e também poeta Casimiro de Brito. Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia», que em 1960 encerra a edição por ordem da polícia política.
Fez parte do MUD Juvenil.
O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal de Faro
Esteve ligado às revistas Cadernos do Meio-Dia, Árvore e Cassiopeia. Tradutor, crítico literário, ensaísta e poeta. Além de uma grande depuração da palavra, reflecte sobre o fenómeno poético.
RC.